O jornalista Fernando Rodrigues,
do jornal Folha de São Paulo, analisou dados da mais recente pesquisa do
Datafolha sobre a corrida eleitoral desta ano. Segundo o colunista, os
candidatos a cargos públicos costumam repetir que agora ainda é cedo para
analisar o cenário eleitoral, pois a maioria dos brasileiros ainda não está
conectada à disputa de outubro e poucos eleitores conhecem neste momento todos
os principais nomes na corrida pelo Palácio do Planalto. Para ele, é tudo
verdade. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, realizada nos dias 2 e 3
deste mês, apenas 17% dos eleitores afirmam conhecer bem ou um pouco os três
principais pré-candidatos a presidente: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB)
e Eduardo Campos (PSB).
Nesse universo, embora a margem
de erro do levantamento se torne bem maior por causa do número pequeno de
entrevistados, o resultado final é muito diferente daquele apurado quando é
considerado o total da amostra do instituto. No cenário testado apenas com
eleitores que conhecem os três principais candidatos, Campos fica com 28%. É
seguido por Dilma, com 26%. Aécio pontua 24%. Os três estão tecnicamente
empatados. É que a margem de erro sobe para cinco pontos percentuais, para mais
ou para menos. No âmbito geral da pesquisa, essa margem chega a apenas dois
pontos percentuais.
Ainda segundo Fernando Rodrigues,
o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, faz um alerta: Os eleitores que
conhecem os três candidatos são os que mais acessam o noticiário, ou seja, são
os mais escolarizados, de renda mais alta etc. Nada indica que o eleitor típico
de Dilma, ao conhecer Aécio e Campos, deixará de votar nela. Ou seja, a
oposição não terá certeza de sucesso se garimpar apoio apenas entre os que já
conhecem e votam em Dilma sem saber direito quem são Aécio e Campos. A jazida
inexplorada de votos à disposição de adversários do PT, e também aberta para a
própria presidente Dilma, está no vasto grupo de eleitores que não vota na
candidata governista e ainda não conhece muito bem as opções em jogo para
pensar em fazer uma mudança.
Em todos os cenários pesquisados
pelo Datafolha, no levantamento completo, a petista pontua de 38% a 43% e
aparece à frente dos demais candidatos. O restante dos eleitores prefere outros
nomes, está indefinido ou vota em branco, nulo ou em nenhum candidato. Ainda
dentro do universo dos que dizem conhecer bem Dilma, Aécio e Campos, desaparece
o amplo favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, registrado em
todas as pesquisas até agora. Quando é ele, e não Dilma, o candidato, seu
percentual chega a 32%. Aécio e Campos pontuam 23% cada um.
Se Campos é substituído pela
ex-ministra e ex-senadora Marina Silva como candidata do PSB a presidente, ela
fica com 34% e lidera numericamente a pesquisa contra 23% de Dilma e 25% de
Aécio, tudo no universo dos que dizem conhecer os três principais nomes na
disputa. Marina Silva também permanece competitiva se disputar nesse nicho
eleitoral contra Lula e Aécio. Nesse cenário, a ex-senadora pontua 32%. O
ex-presidente registra 29% e o tucano tem 24%. Nessa semana, no entanto, o PSB
confirmou que a chapa da legenda terá Campos como candidato e Marina na vaga de
vice.
Nas simulações de segundo turno
feitas pelo Datafolha com esse grupo de 17% dos eleitores que conhece Dilma,
Aécio e Campos, os vitoriosos são sempre de oposição, com uma vantagem fora da
margem de erro. Numa eventual disputa entre Dilma e Aécio, a petista seria
derrotada porque sua marca é de 31% contra 47% do tucano. Na hipótese de embate
com Campos, o socialista registra 48% contra 31% da atual ocupante do Palácio
do Planalto. A pesquisa mostra que conhecimento é tudo, mas há uma margem
considerável de eleitores que vão às urnas movidos por outros elementos e,
quase sempre, a última coisa que interessa é o perfil real do candidato. É a
democracia ainda em formação. Temos que ter paciência.
Fontes: Fernando Rodrigues,
Datafolha, Folha de São Paulo.