Quem foi que disse que a vida na
prisão é uma desgraça? Quem acha que todos os prisioneiros estão pagando sua
dívida com a sociedade?
O diretor do CPP (Centro de
Progressão Penitenciária) do Distrito Federal, Afonso Emilio Alvares Dourado,
presídio do regime do semiaberto onde três condenados do mensalão cumprem pena,
pediu demissão do cargo. A demissão acontece um mês após a chegada do
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do ex-tesoureiro do PL (hoje PR) Jacinto
Lamas e do ex-deputado Carlos Rodrigues (PR-RJ) na penitenciária. Todavia, no
pedido de exoneração de Dourado, que foi publicado hoje no "Diário
Oficial" da União, consta que a saída foi a pedido. Ele foi transferido
para o depósito de veículos apreendidos pela polícia do Distrito Federal, onde
receberá um salário maior.
É a segunda baixa na direção do
CPP nos últimos dias. O vice-diretor da unidade, Emerson Antonio Bernardes,
também saiu do presídio. Segundo reportagem do jornal "O Globo", ele
teria sido demitido após coibir regalias de Delúbio, como ordenar a retirada da
barba. Representantes da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal fizeram
na semana passada uma inspeção e, segundo a revista "Veja", ouviram
depoimentos que reforçaram as denúncias de que Delúbio desfruta de regalias.
Além de visitas fora do horário determinado, Delúbio contaria com um cardápio
exclusivo. Depois da chegada dele, o Centro de Progressão Penitenciária passou
a ter feijoada aos sábados. A Folha não encontrou Bernardes ou Dourado até a
conclusão desta reportagem. Isso quer dizer que a turma do mensalão está presa,
curtindo numa boa, além de ter sua pena em dinheiro paga pelos colaboradores.
Isso é mesmo uma condenação? A secretaria de segurança pública do DF negou a
existência de regalias aos presos do mensalão ou que eles deixaram o cargo por
isso. Segundo a Folha apurou, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz,
está procurando substitutos para gerenciar o presídio.
FIM DOS PRIVILÉGIOS
Ontem o Ministério Público do DF
pediu que o governo local tome medidas para sanar privilégios noticiados na
mídia em relação aos presos do mensalão que estão em Brasília. Caso o problema
não possa ser resolvido, os promotores requisitam, no documento, que os presos
do mensalão sejam "transferidos para presídios federais". Produzida
pela promotoria de Justiça de Execuções Penais, o pedido afirma que reportagens
na imprensa relataram irregularidades "no horário de visitas, vestimentas
e alimentação".
Em janeiro, reportagem Folha
informou que os demais detentos do Complexo Penitenciário da Papuda, em
Brasília, apelidaram os condenados do mensalão de os colegas ilustres de
"petistas", apesar de apenas dois dos oito condenados do esquema que
estão na Papuda serem do PT. Na época, os comentários foram relatados à Folha
por uma apenado que obteve liberdade condicional. Segundo ele, que pediu
anonimato, os presos do mensalão comem melhor e não se misturam com os demais
apenados, além de tomar banho de sol o dia inteiro e serem mais bem tratados
pelos carcereiros. Deve também rolar uma cervejinha, um uísque envelhecido por
24 anos, champanha e caviar. É o Brasil!
Informações e texto básico da
Folha de São Paulo, via UOL.