O brilho da luz no fim do túnel

                               Landisvalth Lima
Reunião para discussão do PAMEH, em Heliópolis (Foto: Jorge Souza)
Quando falamos na situação caótica do Brasil sempre aparece alguém para nos lembrar de que a saída para a resolução dos nossos inúmeros problemas está na educação. Esta semana, nossa presidenta, embora com significativo atraso, reconheceu que há um débito histórico com a educação e com os seus professores. Disse que não pode haver educação de qualidade sem pagar bons salários aos professores. É pena que é ano eleitoral e não dá para acreditar muito, principalmente num governo que vai completar 12 anos de um projeto de 20!
Mas é a educação aquela luz do fim do túnel. Fraca, tênue, frágil, amarela, quase sem vida, mas uma luz. E ela voltou a brilhar. Não, não! Sei que não é a primeira vez e pode não ser a última. Não sou ingênuo de acreditar que tudo possa ser resolvido num passe de mágica. Roma não foi feita num dia e toda gestação humana dura normalmente nove meses. Não há soluções repentinas para questões sociais num país cheio de vícios como o nosso. Com Anísio Teixeira, Paulo Freire, a Constituição de 1988, a criação do Piso Nacional para o professor e outros, a educação brasileira teve sua luz vivendo em plena abundância. O que temos hoje é fruto das melhorias de fatos, programas ou leis destas épocas.
Profª Ina Valéria - Diretora do CEPJO
Da nossa região, citaremos dois fatos importantes que fazem esta luz brilhar intensamente. O primeiro deles vem de Poço Verde. Um dos nossos melhores colégios, o João de Oliveira, está tomando medidas administrativas para tornar a escola bem melhor do que possa ser. A atual diretora da instituição, prof. Ina Valéria, conseguiu reunir o maior número de pais e responsáveis para nortear o planejamento da escola. Porque não adianta ter boa vontade apenas um segmento. Educação é sistema eficiente, administração, vontade do professor em ensinar, vontade do aluno em aprender e cobrança dos pais em casa. Mas aí é que está, a escola sofre sérios problemas de falta de professores e funcionários e se não houver agilidade do Estado na questão, que já perdura, todo o esforço da comunidade do Colégio professor João de Oliveira irá por água baixo. Na reunião, os pais disseram que vão ao Ministério Público. O secretário de Educação de Poço Verde, professor Caduda, presente no encontro, tentará uma solução numa audiência com o Secretário Estadual, Belivaldo Chagas, mas os pais prometem uma grande manifestação, após o Carnaval, para resolver definitivamente o problema. A luz que brilha é o trabalho planejado pela administração da escola e a resolução tomada pelos pais, a partir de provocação na fala da professora Iranilde, de ajudar na construção de uma educação de qualidade.
Diretores, coordenadores e professores na construção do PAMEH, em Heliópolis
(Foto: Jorge Souza)
O segundo fato é de Heliópolis. O principal motivo de aceitar a pacificação com o prefeito de Heliópolis, o Ildefonso Andrade Fonseca, foi ele abraçar a causa da implantação de um programa de educação para melhorar o sistema.  Criamos o PAMEH – Programa de Ações e Metas da Educação de Heliópolis, depois de várias rodadas de reuniões com o prefeito Ildinho, com os secretários Beto Fonseca e José Quelton, Diretores e Coordenadores. Todo esse programa será a base da Jornada Pedagógica Municipal de 2014, nos dias 6, 7 e 8 próximos, e vai ser detalhado para os profissionais da educação, que também poderão contribuir para melhorá-lo. As bases do PAMEH passam pela criação do Currículo Único, Avaliação Bimestral Simultânea e outras intervenções, com o objetivo de dar um novo rumo à combalida educação do município. O projeto também apresenta ações concretas de melhoria da estrutura das escolas e da implantação gradual do chamado Turno Único, ou Escolas em Tempo Integral, isso num espaço temporal que vai deste ano até 2016.
Pais e mães de alunos presentes no CEPJO
Os dois fatos só resolverão os seus respectivos problemas a médio e longo prazo. O fato de já fazerem parte da discussão é um grande avanço, mas ninguém espere os resultados para amanhã. O João de Oliveira terá resultados mais imediatos e Heliópolis é coisa para os próximos três anos. Poderemos ter resultados nos próximos dez meses se houver uma aceitação de todo o corpo da Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, da Prefeitura Municipal de Heliópolis e, principalmente da comunidade. Não adianta lançar o programa e ele ficar apenas no papel. A eficiência está na sua confiabilidade e aplicabilidade, exatamente nesta ordem.
Mas já temos motivos para comemorar. A luz voltou a brilhar. Ela é regional, interiorana, encravada nas duas margens do Rio Real criança. Esperamos que seja uma luz de um brilho tão intenso que possa clarear as mentes de outros dirigentes e agentes públicos e iniciar a recuperação da nossa educação. É inaceitável saber que podemos fazer alguma coisa e tudo o mais caminha para impedir que algo seja feito. Temos um mundo de programas que servem apenas para queimar dinheiro da educação e temos outros viáveis que se perdem na burocracia ou na má vontade. Que esta luz brilhante no fim do túnel seja eficiente a ponto de fazer o João de Oliveira superar os seus melhores anos e que ela ajude a fazer a educação de Heliópolis superar todas as dificuldades e alcançar níveis positivos jamais imagináveis. (Dê um clique nas fotos para ampliá-las.)