Relatório de fundação francesa
analisa o fenômeno em 24 países
PARIS - Mais de 40 milhões de
pessoas no mundo se prostituem atualmente, segundo um estudo da fundação
francesa Scelles, que luta contra a exploração sexual. A grande maioria (75%)
são mulheres com idades entre 13 e 25 anos.
BBC Brasil
Maior número de vítimas está
concentrado na Ásia, que representa 56% dos casos
O relatório analisa o fenômeno
em 24 países, entre eles França, Estados Unidos, Índia, China e México e diz
que o número de pessoas que se prostituem pode chegar a 42 milhões no mundo. O
estudo revela ainda que 90% delas estão ligadas a cafetões. O documento também
analisa a questão da exploração sexual por redes de tráfico de seres humanos.
De acordo com o relatório, o maior número de vítimas está concentrado na Ásia,
que representa 56% dos casos.
Exploração de crianças
A América Latina e os países
ricos registram, respectivamente, 10% e 10,8% do tráfico de pessoas para
atividades ligadas ao sexo, afirma o "Relatório Mundial sobre a Exploração
Sexual - A prostituição no coração do crime organizado", publicado em um
livro. E quase a metade das vítimas de redes de tráfico humano são crianças e
jovens com menos de 18 anos. "Essa é uma das características da
prostituição nos dias de hoje: um grande número de crianças é explorada
sexualmente", diz o documento. Estima-se que 2 milhões de crianças se
prostituam no mundo.
Tráfico de mulheres brasileiras
O juiz Yves Charpenel,
presidente da Fundação Scelles, diz que não há dados suficientes para avaliar o
aumento da prostituição no mundo. "O elemento marcante, na Europa, é a
multiplicação de prostitutas vindas de países diversos, normalmente controladas
por quadrilhas que as fazem circular por todo o continente", afirma. O
estudo da fundação francesa afirma, com base em dados da agência da ONU contra
as drogas e o crime, que o tráfico de mulheres brasileiras na Europa estaria
aumentando. O documento não revela, no entanto, números em relação a esse
crescimento. "Essas vítimas são originárias de comunidades pobres do norte
do Brasil, como Amazonas, Pará, Roraima e Amapá." "Se a maioria das
prostitutas na Europa são de países do leste europeu e de ex-repúblicas
soviéticas, a predominância desses grupos parece estar diminuindo no
continente", diz o relatório, acrescentando que paralelamente a isso o
número de brasileiras estaria aumentando. Em dezembro passado, a polícia
espanhola desmantelou uma quadrilha internacional de prostituição que mantinha
dezenas de menores brasileiras sob cárcere privado.
Eventos esportivos e
prostituição
O estudo também afirma que
grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos
Olímpicos, contribuem para agravar o fenômeno da prostituição. "Futebol e
Olimpíadas são identificados como os cenários mais comuns da exploração
sexual", afirma o relatório. Segundo o texto, essas grandes competições
internacionais permitem que as redes criminosas "aumentem a oferta"
de prostitutas. Na África do Sul, por exemplo, 1 bilhão de camisinhas foram
encomendadas pelas autoridades para enfrentar eventuais riscos sanitários durante
a Copa do Mundo em 2010. O número de prostitutas no país, estimado em 100 mil,
aumentou em 40 mil pessoas durante o evento.
Internet
Segundo a Fundação Scelles, a
internet também contribui para ampliar a prostituição no mundo. "As redes
de cafetões agora recrutam pessoas em redes sociais como Facebook e
Twitter", diz o estudo, citando um caso na Indonésia em que as autoridades
prenderam suspeitos de aliciar jovens estudantes no Facebook e no Yahoo
Messenger. Nos Estados Unidos, a maioria das menores prostitutas são recrutadas
por cafetões no site Craiglist, de anúncios, diz o estudo. "Os cafetões
fazem falsas propostas de trabalho como manequim e utilizam as vítimas para
recrutar outras jovens."
Informações de O ESTADO DE SÃO
PAULO.