Despesas das famílias e do
governo passaram de 8,3% para 8,8% do PIB
CLARICE SPITZ – do jornal O
GLOBO
Despesas com saúde pela hora da morte! |
RIO — No ano em que a economia
brasileira encolheu 0,3%, os gastos de famílias e da administração pública com
saúde subiram. A parcela de despesas com medicamentos, exames, consultas e os
custos da administração pública com salários e serviços subiram de 8,3% do PIB,
em 2008, para 8,8% produto, em 2009, revela Pesquisa das Contas Satélites do
IBGE. Como nos anos anteriores, o brasileiro gastou mais do que o governo para
ter acesso a bens e serviços de saúde. Enquanto o Estado teve um dispêndio de
R$ 645,27 por pessoa, o gasto per capita ficou em R$ 835,65. No país, 55,4% das
despesas foram arcadas pelas famílias enquanto 43,6% foram cobertas pela
administração pública. Do total consumido pelas famílias, 8,1% corresponderam a
gastos com saúde.
Em países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no mesmo ano, o Estado respondeu
por 72% das despesas com saúde, percentual que não varia muito nos últimos 20
anos. As exceções ficaram com Chile, México e Estados Unidos. Diferentemente do
Brasil, na conta dos países da OCDE a administração pública contabiliza também
gastos com investimento (construção de hospitais e compra de equipamentos). Para
explicar o aumento de gastos com saúde apesar da retração da economia, o
gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Ricardo Montes Moraes,
afirma que os gastos com consumo tendem a variar menos que a economia em geral
e que o movimento é comum em países que enfrentam recessões.
— Mas isso (o fato de as
famílias gastarem mais que o governo) é algo que não é comum e se deve ao fato
de a saúde no Brasil ser tão privatizada — afirma o gerente da Coordenação de
Contas Nacionais do IBGE, Ricardo Montes Moraes.
Em valores, a renda das
atividades econômicas relacionadas à saúde somaram R$ 173,3 bilhões, um
crescimento de 2,7% frente ao ano anterior e uma desaceleração em relação a
2008, quando ela havia crescido 5,9%. Apesar de as famílias gastarem mais, foi
o governo que experimentou o maior crescimento de participação entre 2008 e
2009 ocorreu com as despesas da administração pública os serviços de saúde,
sobretudo, aquelas ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) que chegaram a 5,6%
ante 5,4%, da pesquisa anterior. Os gastos da administração pública passaram de
3,5% para 3,8% do produto, enquanto as das famílias subiram de 4,7% para 4,9%.
As despesas com medicamentos
pelas famílias corresponderam a 1,9% do PIB, um pequeno crescimento frente a
2008, quando correspondiam a 1,8%. Os medicamentos foram responsáveis por cerca
de 22% do total de gastos com saúde. Os serviços de saúde foram responsáveis
por 64,8%. A participação dos postos de trabalho das atividades de saúde no
total de postos de trabalho no país passou de 4,4%, em 2007, para 4,5%, em
2009, o que significou um acréscimo de 115 mil novas vagas criadas pelas atividades
da saúde, segundo o IBGE.