Subserviência |
Não me surpreendeu a decisão da Comissão Seletiva Escolar
quando julgou improcedente a minha impugnação contra a chapa única que
concorreu a mais um engodo educacional na Bahia: as eleições para dirigentes
escolares. É um engodo porque as regras não estão claras e são determinadas ao
bel prazer dos secretários e governadores de plantão. Além disso, não permitiu a inscrição de chapa
avulsa. O que ninguém pode afirmar é que não havia regras. Pode-se questionar a
ineficiência e a falta de praticidade destas regras, mas elas estavam lá e não
foram cumpridas, no caso do Colégio Estadual José Dantas de Souza. A decisão da
Comissão Escolar foi um jogo, portanto, de cartas marcadas. E vou aqui citar os
nomes de todos os membros para que a sociedade heliopolitana entenda o que aqui
escrevo: Adilson Nobre do Nascimento, Fábio Alves Rodrigues (professores),
Marilda Almeida Santos (funcionária), Maria do Rosário Santos (mãe de aluno) e
Roseni dos Anjos Sales (aluna). Precisa afirmar que eles assinariam qualquer
coisa que a diretora do CEJDS mandasse?
Mandonismo |
Quero ser justo, caro leitor. Afirmo que houve um processo
explicativo para justificar a tomada de decisão. A comissão apresentou três
argumentos: 1 – disse que eu não procurei a Comissão Seletiva Escolar para
realizar a inscrição. Ou seja, se procurasse a minha candidatura avulsa não
poderia ser feita: ou seis ou meia dúzia! 2 – Não manifestei vontade de participação no processo eleitoral
e 3 – Eu coloquei em postagem neste blog a negativa da possibilidade de uma
composição com a atual diretora. Ou seja, a postagem do blog serviu para a
candidatura do professor Bruno César, mas não serviu para indicar o meu desejo
de participar do pleito. A postagem só serviu quando era conveniente para a Comissão
Seletiva! A dita comissão ainda teve a coragem de dizer que a questão passa
pela “simpatia pessoal ou não entre os
agentes envolvidos”. Carimbou a ideia de que tudo não passa de questões
pessoais. Escondeu a falta de prestação explícita de contas, a transformação do
CEJDS em palco de promoção dos que estão no poder municipal. Nem mesmo foram
capazes de enxergar os ventiladores quebrados, os computadores sem conserto, a
merenda escolar pobre e a baixa qualidade do ensino na escola. Nem mesmo se
deram ao desplante de perceber a avacalhação que estão fazendo com a
distribuição gratuita de pontos. Qualquer festa ou apresentação é motivo para
uma saraivada de pontos. Os alunos, é claro, não querem e não vão reclamar. A
dor de barriga virá depois, afinal ainda estamos no 16º entre os colégios da
região. Não estamos na última colocação! Também a comissão não consegue revelar
que os funcionários (professores e servidores) participantes do grupo político
da diretora têm suas vidas facilitadas no cumprimento de suas funções na
instituição. Faltas são justificadas e até o horário de trabalho para alguns
praticamente inexiste. Só para se ter uma ideia, há professores que não ministram
aulas com conteúdo há 45 dias, mesmo em fim de ano e com os vestibulares
acontecendo em todo o país. Uma funcionária “adversária” trabalha oito horas
sob forte fiscalização e uma outra aparece quando quer. Seria ainda uma questão
de simpatia ou antipatia?
Conformismo |
Agora, raro leitor, desgraça pouca é bobagem! Se uma luz no
fim do túnel da educação pública em Heliópolis está difícil de se ver, coisa é
quando recorremos às instâncias superiores na esperança de melhorar alguma
coisa. Só não é perda de tempo porque hoje tenho uma lista de coisas exóticas,
raras e que só acontecem na nossa santa Bahia. O relatório da decisão da
Comissão Regional Eleitoral da DIREC-11, de Ribeira do Pombal, é coisa para
deixar qualquer em estado de perplexidade! A emenda saiu pior, mas muito pior
mesmo, que o soneto. Veja o que diz o relatório:
Preguiça |
“Relatório sobre
denúncia e pedido de impugnação para dirigentes, no Colégio Estadual José
Dantas de Souza
A Comissão Regional
ratifica a decisão da Comissão Seletiva Escolar, do Colégio Estadual José
Dantas de Souza, que indeferiu o pedido de impugnação da única chapa
concorrente, formulado pelo professor Landisvalth dos Santos Lima, uma vez que
a formulação das chapas pleiteantes é de livre vontade de seus componentes.
Medo |
Forçar alguém a compor
chapa com quem não é do seu interesse, é o mesmo que retroagir as velhas
práticas, quando as moçoilas eram forçadas a casar-se a contragosto.” (transcrito
integralmente, inclusive com os erros). Assinam este documento precioso, em 21
de Novembro de 2011, Maria Aparecida Santos Pereira (Secretária
Administrativa), Simone Figuerêdo Souza (Coordenadora de Desenvolvimento da
Educação Básica) e José Henrique Viana (Gestor de RH).
Falta de compromisso |
Não acredito que isto tenha saído das ideias de uma pessoa
encantadora como Cida, nem do coração bom de Simone. Não posso falar que tenha
sido coisa de Henrique Viana porque ainda não o conheço bem. Cometeria uma
injustiça. Mas sei que três pessoas não podem se reunir para produzir tal
fortuna sem um propósito. É inadmissível que estejamos na lama do processo
educacional e tomemos decisões como esta. Primeiro, é preciso dizer que a
formação de chapas não é de livre vontade de seus pleiteantes. Eles precisão
estar legalmente aptos. Estamos num Estado de Direito! Não são as vontades que
imperam. São as Leis! Se o que a comissão disse fosse verdade, eu estaria
arrependido de não ter chamado o Lula e a Marina Silva para formarem chapa
comigo! Quem sabe o Brad Pitt e a Angelina Jolie? Pior foi a última parte do
dito relatório. Quem foi que disse que eu estava forçando composição de chapa
com a atual diretora? Acho que a Comissão Regional não leu sequer a sentença da
Comissão Seletiva Escolar. Uso o próprio trecho da postagem para enfatizar que
eu precisaria nascer de novo, e nascer torto, deformado, aleijado para aceitar
uma composição com a chapa irregular. A mentalidade deles é o que existe de
mais negativo para a educação pública. Jamais faria uma composição, a não ser
que mudassem, o que acho difícil. Na verdade a Comissão Regional desviou o foco
da discussão. Eu impugnei uma chapa que está irregular. O professor Bruno César
não era do CEJDS e não poderia se candidatar porque há professores na
instituição com o perfil adequado. Se não houve possibilidade de composição,
anula-se o pleito. Fica então o governador Jacques Wagner com a prerrogativa de
nomear a nova diretoria. A responsabilidade seria dele. Amanhã cobraríamos os
resultados dele. Do jeito que ficou, o governador e o secretário vão dizer que
a diretora foi escolhida pela comunidade e não por ele. O problema passará a
ser nosso!
Como sei que melhoria em Heliópolis é sonho, torço para,
pelo menos, continuar do jeito que está. Mas sei que vai piorar e muito! E não
me venham com essa de que o povo é culpado. O povo é quem menos culpa tem. A
piora da nossa educação pública tem causas já conhecidas. Chamo-as de
patologias educacionais: mandonismo, subserviência, medo, conformismo, preguiça
e falta de compromisso.
(por Landisvalth Lima)