O discurso político está longe de ser solução para acabar com a pobreza. O pobre virou moeda forte. (Foto: Jornal CGN) |
Jesus é a marca que mais gera riqueza no mundo, só perdendo em dimensão para o Todo Poderoso. Em nome de Jesus, oportunistas espertos viram donos de uma enormidade de empresas de comunicação, para ficar apenas em um fato. O Filho do nosso Senhor também é responsável por coisas boas que ajudam a melhorar a nossa condição de vida, é certo. Ouso até dizer que a maioria das coisas nascidas no rastro do nome de Jesus são benéficas à sociedade, mas é inegável o número cada vez maior de espertalhões que usam o nome do Filho de Deus em vão e para construção de maldades. Temos até partido político elegendo bancadas para isentar os templos que arrecadam o tostão da caridade, em nome de Deus. De uns tempos para cá, Jesus sofre grande ameaça e pode perder o trono de maior gerador de riquezas no mundo, depois de Deus, para uma figura já quase mítica: o pobre.
Lula em Angola - repetição do discurso virá com antigas práticas? (Foto: G1) |
O presidente da República brasileira, Luís Inácio Lula da Silva, repete sua pregação pelo mundo. Virou discurso único e prática de uma relativa verdade: dê comida aos pobres e preserve o seu poder. Desta feita o cenário é a África, e o país é Angola. Em visita oficial ao irmão que fala a língua de Camões, como nós, Lula disse que “pessoas brasileiras acham que fazer negócio com países ricos é muito melhor”. A aposta em países do continente historicamente mais explorado do planeta não está relacionada apenas à sua fama de bom pagador, mas ao fato da existência de altos índices de pobreza. Parece que a miséria dá um enorme lucro! Ou seria a ignorância?
O diabo é que alguns fatos insistem em acender luzes na nossa memória. Não foi em Angola que a Odebrecht fechou grande quantidade de contratos com o governo do ditador José Eduardo dos Santos, morto aos 79 anos, em julho do ano passado, recheados com o dinheiro do BNDES? Pode ser apenas suposição, mas não é coincidência saber que a filha do ditador, a belíssima Isabel dos Santos, que quando criança vendia frutas com sua avó nas feiras de Luanda, transformou-se na mulher mais rica do país? Recentemente houve uma sentença contra Isabel e seus mais próximos colaboradores, condenados por gestão danosa e falsificação de documentos, que lhes permitiram desviar quase 53 milhões de euros da Sonangol, empresa petrolífera estatal angolana. Tudo isso na mesma época das denúncias aqui que envolveram a Operação Lava Jato. Hoje, Isabel mora em Dubai e já há contra ela um mandado de prisão expedido pela Interpol, sem haver perspectiva de anulação da sentença por falha processual.
Isabel dos Santos (Foto: Paulo Duarte) |
José Eduardo dos Santos (Foto: Jornal de Angola) |
Tanto em Angola como no Brasil, o combustível do discurso é a pobreza. Combater a pobreza, alimentar o estômago, acabar com a miséria! É um apelo fantástico que a classe média adora, espremida entre pobres e ricos, desejando o andar de cima e lutando para não cair para o andar de baixo. A receita é simples e só precisa dar um toque especial: encontrar os responsáveis pela miséria. Como é muito complexa a coisa, basta apontar para um “eles” ou “a elite” ou “os ricos” e está criada a irmandade, a luta, a causa comum.
Claro que há outros elementos geradores de riquezas no mundo. Há grupos lutando contra o fantasma do comunismo, contra aqueles que nos tiram a liberdade, contra a corrupção, contra a tirania, o sistema, o imperialismo americano, a expansão chinesa, o capitalismo selvagem etc. Mas são os governos da Europa, Ásia, América, África e Oceania, em sua maioria, que elegeram a luta contra a pobreza como ponto central de suas pregações. Sim, são pregações, discursos, falatório, blábláblá! Todas as fronteiras estão fechadas, todas as fortunas do mundo preservadas e vários governantes são sempre descobertos com a mão na botija estatal ou em situações nada republicanas. Enquanto isso, os grandes líderes mundiais gritam aos quatro cantos a necessidade de se debelar a fome. Tudo isso sempre funcionará, desde que nunca acabem definitivamente com a pobreza.
Landisvalth Lima