Bento Albuquerque foi demitido porque ainda há muito a saquear no Brasil. (Foto: Focus)
Não, caro leitor, não acredite em nada que venha como oficial sobre a demissão do ministro de Minas e Energia. Foi o próprio almirante Bento Albuquerque quem disse, em nota à imprensa, que deixou o Ministério de Minas e Energia por questões pessoais. Essa é a versão oficial do governo mais mentiroso da história da República. Antes da demissão, houve uma tensa conversa de Ciro Nogueira com Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto. O comunicado também não aborda a pressão do Centrão, segundo o portal O Antagonista, sobre o agora ex-ministro, que virou entrave à aprovação do Brasduto, projeto de uma rede de gasodutos para abastecer termoelétricas. Isso mesmo: gasoduto para ajudar a poluir mais o país!
Vamos então entender o que está ocorrendo. Na verdade, trata-se de um projeto bilionário de interesse do empresário Carlos Suarez — um dos fundadores da OAS — e de seus sócios, que atualmente são os únicos donos de autorizações para distribuir gás em oito estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A inclusão de uma emenda de plenário, articulada por Arthur Lira e Fernando Coelho Filho (mais uma vez o Centrão!), pode tirar R$ 100 bilhões do lucro com a exploração do pré-sal que teriam como destino o Tesouro Nacional e direcionar a verba para quitar o custo das obras. Para ficar claro, tirar dinheiro público para engordar empresa privada.
O Antagonista informou que, em 2019, numa audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara, Bento se posicionou contra o Brasduto e a proposta de manter a ANP no papel central da definição do mercado. Seu secretário executivo, Bruno Eustáquio, também criticou os contratos das distribuidoras estaduais. “Temos contratos de 20 a 50 anos com taxa de retorno de 20%. Isso é o melhor negócio do mundo.”
À Suarez também é atribuída a tentativa de Bolsonaro para emplacar Rodolfo Landim e Adriano Pires na Petrobras, no mês passado. Ambos prestaram serviços ao empresário baiano como consultores, o que foi apontado como conflito de interesses pelo ex-ministro e integrantes do conselho de administração da companhia. Landim e Pires acabaram desistindo, o que enfureceu Lira e a turma do Centrão.
Ou seja, para de acreditar que as demissões são para baixar o preço da gasolina ou por motivo de foro íntimo. A questão é que ninguém pode ficar contra nada que fira os interesses de Arthur Lira, Ciro Nogueira e outros do Centrão. Também não acreditem que Bolsonaro está nas mãos destes nobres engravatados e que luta para consertar o país. Ficará um dia provado que ele também está sendo beneficiado, de uma forma ou de outra.