Senadores pedem socorro ao mundo, mas não querem saída de Bolsonaro

Não se sabe o que impede o impeachment de Bolsonaro. (Foto: Senado)

O jornalista Diego Amorim publicou postagem no portal O Antagonista revelando que 65 senadores decidiram se mexer para pedir socorro ao mundo em meio ao agravamento da pandemia da Covid no Brasil. Entretanto, o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, continua dizendo que a CPI da Covid-19, para apurar crimes cometidos pelo governo federal, está “pendente de análise”. Parece que os senadores estão jogando para a pleteia, quando a solução definitiva é o impeachment de Jair Bolsonaro.

Esta é mais uma tentativa de solucionar o problema com paliativos. Na semana passada, o presidente do Senado pediu à vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, autorização para que o Brasil compre vacinas contra a Covid estocadas e sem previsão de uso em solo americano. A iniciativa é da senadora Kátia Abreu (PP), que preside a Comissão de Relações Exteriores, assumindo funções que são do Ministério da Saúde.

Os senadores escreveram uma “moção de apelo à comunidade internacional”, que, segundo apurou O Antagonista, será entregue a países do G-20, à ONU e à OMS, à OCDE, ao Parlamento Europeu, ao Congresso dos Estados Unidos, a embaixadores do Brasil no mundo e embaixadores estrangeiros no Brasil, ao Parlamento do Reino Unido, a empresas estrangeiras produtoras da vacina contra a Covid, às Comissões de Relações Exteriores dos principais países e à imprensa internacional. Com 65 senadores, não seria mais fácil cassar o presidente?

Veja a Moção na íntegra:

“MOÇÃO DE APELO À COMUNIDADE INTERNACIONAL

No momento em que a sombra nefasta da morte paira sobre milhões de brasileiros, e que novas formas do vírus da Covid 19 se tornam uma assustadora ameaça global, apelamos à comunidade internacional.

O Brasil se tornou o epicentro mundial da pandemia. Dados confirmados pela OMS mostram que superamos nesta semana a alarmante média móvel de 72 mil novos casos e mais de 2 mil óbitos por dia.

O país reclama atenção emergencial do mundo. Nosso ritmo de imunização é insuficiente para conter a propagação da doença. Até o momento, menos de 5% dos 210 milhões de brasileiros foram vacinados. Dependemos de vacinas e insumos farmacêuticos ativos (IFA) importados, que chegam em ritmo lento, se comparado ao desafio posto pela segunda e devastadora onda da pandemia no Brasil.

Nesta crise sanitária sem precedentes que atinge o mundo, barreiras fronteiriças não nos podem proteger da propagação do vírus e do surgimento de possíveis variantes. A única defesa é a cooperação internacional, com a vacinação urgente de nossa população.

Semelhante situação impõe ao Senado Federal a tarefa de fazer aos demais países um doloroso alerta: o avanço da pandemia no Brasil representa risco real para o mundo.

Deixar que o povo brasileiro continue a morrer sem vacinas significa uma agressão a todas as tradições humanas. É o oposto de tudo o que a civilização representa. Destrói os princípios de convivência humana. Impõe o medo e compromete a tranquilidade e segurança de todos os países.

Em todos os momentos dramáticos da história do mundo o Brasil deu sua contribuição. Agora, precisamos contar com a comunidade internacional, em especial dos países produtores de vacinas, bem como dos detentores de estoques estratégicos.

A ordem internacional pode mostrar que é capaz de enfrentar os desafios com uma visão grandiosa, baseada na paz, na solidariedade, na tolerância, e na razão que é a matriz de todo o direito. Só assim vamos seguir adiante com o fortalecimento de uma consciência de cidadania planetária, alicerçada em valores universais.

Assinaram o documento até aqui os senadores Mecias de Jesus, Simone Tebet, Izalci Lucas, Kátia Abreu, Davi Alcolumbre, Carlos Viana, Randolfe Rodrigues, Carlos Fávaro, Eliziane Gama, Fabiano Contarato, Veneziano Vital do Rêgo, Jayme Campos, Nelsinho Trad, Alessandro Vieira, Renan Calheiros, Angelo Coronel, Nilda Gondim, Flávio Arns, Zenaide Maia, Alvaro Dias, Omar Aziz, Soraya Thronicke, Marcos do Val, Sérgio Petecão, Chico Rodrigues, Otto Alencar, Confúcio Moura, Oriovisto Guimarães, Weverton Rocha, Tasso Jereissati, Mailza Gomes, Paulo Paim, Eduardo Girão, Paulo Rocha, Rose de Freitas, Eduardo Braga, Styvenson Valentim, Acir Gurgacz, Humberto Costa, Jaques Wagner, Rogério Carvalho, Jean Paul Prates, Jorginho Mello, Leila Barros, Antonio Anastasia, Lucas Barreto, Luiz do Carmo, Marcelo Castro, Vanderlan Cardoso, Roberto Rocha, Marcos Rogério, Carlos Portinho, Rodrigo Cunha, Jorge Kajuru, Telmário Mota, Plínio Valério, Zequinha Marinho, Wellington Fagundes, Romário, Mara Gabrilli, Ciro Nogueira, Jader Barbalho, Reguffe, Lasier Martins.