Antes de chegar ao cerne da questão, um aviso: este artigo
não é para políticos comuns. Outro aviso: o eleitor, leitor deste artigo, não
poderá jamais se sentir culpado de alguma coisa. Não estou aqui julgando
eleitores. O objetivo é alertá-los a não cair em armadilhas. Mais um aviso:
caso você desista de ler este artigo, eu compreenderei e espero que seu
comportamento seja de uma minoria. Vamos, pois!
Dia 15 de novembro deste ano, mais uma vez, o destino de
muitas cidades será decidido no apertar ou não de uma tecla verde nas diversas
urnas eletrônicas que comporão as seções eleitorais por este imenso país. Antes
de escolher seu candidato, faça uma reflexão e pergunte a si mesmo em que time
você joga. Apesar de considerar suas várias divisões, temos dois times básicos:
homens e mulheres da política do bem e seres da política do mal. Os políticos
do bem colocam as pessoas em primeiro lugar; os políticos do mal também, desde
que estas pessoas sejam seus parentes ou seres que possa controlar. São poucos
os que olham primeiro para as pessoas, depois para o município e, em último
caso, para si e para os seus.
Olhar para pessoas é entender que precisamos de saneamento
básico. Cada grana investida no tratamento e destinação de esgotos, por
exemplo, representa economia de gastos em saúde pública. O político que faz
planejamento para melhoria da educação, está literalmente apaixonado por seu
povo. Nenhuma sociedade vai a lugar algum com a educação que oferecemos hoje ao
nosso povo. E a questão do tratamento do lixo? Implementar uma política pública
para cuidar disso, livrará nossas cidades de problemas futuros, sem falar no
bem à natureza. Correr a busca de recursos e técnicas para a melhoria e
desenvolvimento da nossa agricultura é estar fissurado de amor por nosso povo. Os
políticos do bem são aqueles que querem o sucesso e o desenvolvimento de sua
gente.
No nosso sertão, é comum a chamada compra de votos. O povo é
carente de quase tudo, mas são poucos os que se colocam na condição de estar vendendo
seu voto. A maioria do nosso povo quer saúde, educação e emprego. Muitos vibram
quando veem o desenvolvimento de sua terra e chegam a bater no peito com orgulho
do seu lugar. Uns poucos são imediatistas, o que gira em torno de 10% do
eleitorado. O diabo é que, numa eleição disputada por políticos comuns, esta
fatia do eleitorado é uma mina de ouro. Há sempre um empresário que banca o
crime da compra de votos debaixo das velhas barbas da justiça. Muitos destes
ainda alardeiam: “Quem chegar primeiro leva!”. Se o político se submeter a este
jogo é porque não está pensando no futuro das pessoas.
A primeira coisa fundamental a verificar num candidato,
então, é saber se ele tem um plano elaborado de governo. E não pensem que é
aquele que será entregue à Justiça Eleitoral, apenas um documento feito para
cumprir uma exigência legal. Veja se houve discussão com a comunidade e se o
candidato está antenado com o que está ocorrendo no país. Por exemplo, saber em
que pé está o FUNDEB. Para quem não sabe, em 2021 haverá um acréscimo de 2% na
parte que governo federal aplica no fundo, o que eleva o investimento anual por
aluno para mais de 4 mil reais. O que se pode fazer já no ano que vem para
melhorar a nossa educação? Há possibilidades da implantação do ensino integral?
Se o seu candidato não domina temas como esse ou não demonstrar querer saber
como a coisa está, é porque ele não gosta de pessoas.
Desconfie do candidato que oferece dinheiro em troca de
voto, ou saia por aí a dizer que vai empregar todo mundo. Desconfie do
candidato que diga que vai mudar tudo. Um prefeito, por mais ruim que ele seja,
pode ter deixado algo de bom como política da municipalidade. Deve-se
aproveitar aquilo que é bom, venha de quem vier, desde que seja para o bem comum.
Desconfie do candidato que mudou de lado, de ideia ou de ideologia sem um
motivo justificável. Ficar pulando para lá e para cá é indício de que está
negociando seu mandato. Não se trata de um político, mas de um comerciante. O
objetivo dele não é a melhora do município, é a sua melhora; pouco ou nada se importará
com o que pensa o eleitor que depositou o voto nele.
Quando vejo grupos na internet discutindo que político A ou
B vai ganhar a eleição porque tem o apoio de fulano, cicrano e beltrano, vejo
que ainda estamos longe do ideal. Bom seria dizer que candidato A vai ganhar porque
tem as melhores propostas, seu currículo é limpo e sua disposição para o trabalho
é extraordinária. E isso só ocorrerá quando o eleitor colocar em primeiro plano
a melhoria de sua comunidade. Antigamente era o rei quem mandava. Não adiantava
discutir a vontade do rei. Hoje, o futuro de uma comunidade está determinado
pelas nossas escolhas. Chamar o prefeito e agradecer pela rua calçada, pelo
posto médico inaugurado, pelo sucesso da educação é tão legítimo como chamar um
candidato e perguntar para ele quais são suas ideias para melhorar as condições
da comunidade. O eleitor é o senhor da política democrática!
A última coisa que devemos fazer é endeusar políticos. Quem
gosta de gente vê o político do bem como uma ferramenta para melhorar a vida
das pessoas. É a ferramenta que vai administrar o dinheiro que você colocou no
caixa do município para que todos possam crescer. Apaixonar-se por grupos
políticos ou políticos é estar a serviço de uma máquina de desprogresso.
Coloque-se no lugar de um torcedor que vai ao estádio torcer para que seu time
seja campeão. O torcedor do bem quer a alegria sua, mas não quer a desgraça dos
torcedores do outro time. O fanático vai para brigar, matar, fazer arruaça,
quase sempre dominado por paixões desconstrutivas. Não desejam o bem da
coletividade por estarem dominados por paixões inapropriadas. Se eles gostassem
de pessoas, jamais fariam a violência que estamos acostumados a ver nos
estádios.
Tenha paixão pelo seu povo, por sua comunidade e coloque os
bons políticos a serviço deste povo e não o contrário. O eleitor deve se
apaixonar pela sua gente, pelo progresso de sua comunidade, pelo sucesso da
coletividade. Assim haverá mais cobrança dos políticos e administradores da
coisa pública. O político, por sua vez, deve ter paixão pelo seu povo, sempre
em primeiro lugar. Se tudo isso for colocado em prática, haverá progresso e
desenvolvimento. Todos farão sucesso, inclusive os políticos do bem.
Aviso final: este artigo não é um exercício de
cartomancia. É um fato e pode ser comprovado em diversos lugares do mundo:
Japão, Coreia do Sul, Austrália, Alemanha, Islândia, dentre tantos. Não é
pecado seguir os bons exemplos.
Endeusar políticos é uma das formas de prejudicar uma sociedade (foto: Carta Capital) |