Mulheres de todo o país se unem a Marina Silva para mudar uma realidade (foto: Rede) |
Mais de 120 mulheres estiveram
reunidas no 2º Encontro Nacional do Elo Mulheres da REDE Sustentabilidade, no
Minas Hall, em Brasília (DF). Da ocupação dos espaços à construção de políticas
públicas para as mulheres, os debates trouxeram informação, formação e
incentivo para a ampliação do protagonismo feminino nas próximas eleições.
Mediado por Muriel Saragoussi, a
mesa de abertura Mulheres na política e política para mulheres, contou com a
participação da porta-voz nacional da REDE e pré-candidata à presidência da
República, Marina Silva, e a psicóloga Mafoane Odara. Nossa região estava
representada pelas vereadoras da Rede de Irecê, Meirinha, e da Rede de
Heliópolis, Ana Dalva.
Partindo do conceito de empatia,
Odara trouxe reflexões para que fossem pensadas estratégias para que as
mulheres possam ocupar cada vez mais espaços de poder. Ela defende que o
protagonismo das mulheres na política não deve estar limitado a uma questão
partidária. “É preciso entender o lugar que se ocupa na sociedade e vislumbrar
a transformação a partir dalí. Enquanto não ocuparmos metade dos cargos de
representação, não seremos capazes de transformar o país”, disse.
Para Marina, diante da profunda
crise civilizatória em que o país se encontra, é fundamental reconhecer que não
há democracia sem a participação das mulheres na política. “De 513 deputados,
somos apenas 8%. Durante mais de cinco mil anos, fomos tuteladas, tratadas como
incapazes e isso tem um peso. Mas, em menos de cem anos, aprendemos a fazer
tudo e muito mais que aqueles, que nos julgavam incapazes, são capazes de
fazer”, destacou.
Segundo ranking da organização
global Inter-Parliamentary Union, divulgado em 2017, de 193 países, o Brasil
ocupa o 154º lugar, quanto à representatividade das mulheres na câmara dos
deputados. Apesar das mulheres corresponderem a 52% da população brasileira,
apenas 10% do Congresso é ocupado por elas, enquanto a média global da
representação feminina no parlamento é de 23%.
Além da tímida representatividade
feminina no Congresso brasileiro, Marina também lamentou a dicotomia vivida
pela sociedade. Em tempos em que são exigidas expansões, a pré candidata
acredita ser um retrocesso limitar o pensamento político a duas opções, sem ao
menos considerar a possibilidade de não optar e sem estimular que sejam
pensadas outras possibilidades. “Se você não fica protegido pelo guarda-chuva
vermelho, nem pelo azul, é como se você não tivesse um lugar para poder ser
você mesmo. E quando você ousa ser aquilo que é, eles dizem que você não
existe, que você sumiu”, pontuou.
Ainda assim, a pré-candidata não
se abate e segue com a proposta de um novo jeito de se fazer política. “Porque
a política também é arte. A arte de entender as coisas como um processo vivo e
não como fórmulas a serem repetidas. E a arte fala para além de seu tempo. Se
Duchamp foi capaz de transformar um mictório na obra de arte mais celebrada do
mundo, é possível transformarmos essa política suja, que está aí, em algo bom”,
finalizou.
A programação seguiu até o final
do dia, com debates sobre os avanços na legislação e a diversidade na
construção de políticas públicas para mulheres, além da construção de grupos de
trabalho do Elo e de apoio às mulheres que desejarem se candidatar este ano.
(Portal Rede Sustentabilidade)