Nordeste: a preocupação de Dilma
Campanha petista tenta
consolidar hegemonia em seu histórico reduto eleitoral, mas esbarra no
crescimento da oposição e na insatisfação da população com promessas não
cumpridas
Izabelle Torres – da revista ISTOÉ
– edição 2331.
A CONTA - Produtores rurais e moradores que perderam plantações durante a seca amargaram prejuízos financeiros estimados em R$ 15 bilhões (foto: Eraldo Peres) |
Depois de perder força no
Sudeste, a campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT) preocupa-se agora em não
abrir espaço para a oposição na região onde o PT historicamente registra seus
maiores índices de aprovação. A presidenta lidera as pesquisas na região
Nordeste, mas se vê diante de um cenário bem diferente de 2010, quando a então
candidata conseguiu a adesão de quase 90% dos nordestinos na disputa contra o
tucano José Serra. Agora, quatro anos depois, além de perder eleitores para a
chapa encabeçada pelo pernambucano Eduardo Campos (PSB), Dilma sofre com a
migração de integrantes da sua base aliada para campanhas dos opositores e vê o
senador Aécio Neves (PSDB) celebrar alianças com puxadores de votos em Estados
estratégicos como Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.
No domingo 20, ao participar da
missa pelos 80 anos da morte de Padre Cícero, na cidade de Juazeiro do Norte
(CE), Aécio Neves deu o tom da ofensiva do PSDB na região e anunciou que vai
apresentar este mês um plano estratégico para o Nordeste, incluindo o aumento
de repasses financeiros para municípios de menor Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH). Na prática, atendeu a um pleito dos prefeitos nordestinos, que
reclamam que são tratados de maneira desigual em relação às cidades mais ricas.
“Será um conjunto de ideias que vai permitir o desenvolvimento do Nordeste”,
disse ele. Já Eduardo Campos planeja intensificar a campanha na região na reta
final das eleições. Ele acredita que a divulgação de suas realizações em
Pernambuco, Estado que governou por oito anos, pode gerar uma identificação dos
nordestinos com a candidatura socialista. “A campanha no Nordeste começa mais
tarde. Temos certeza de que, à medida que ela avançar, nós teremos um cenário
semelhante ao que ocorre no Sudeste: a migração de antigos aliados para candidaturas
de oposição”, aposta.
Outra preocupação no PT é com a lista de
pendências do atual governo com a região. O Nordeste viveu a pior seca dos
últimos 50 anos durante o mandato de Dilma Rousseff e o Executivo não conseguiu
cumprir nem metade das promessas que fez a produtores rurais e aos moradores
que perderam plantações, ficaram sem água e amargaram prejuízos financeiros
estimados, por um estudo da Organização Mundial de Meteorologia, em R$ 15
bilhões. O governo do PT também não concluiu obras consideradas essenciais,
como a transposição do rio São Francisco e a ferrovia Transnordestina. A conta
já começou a ser cobrada pelo eleitor