Assembleia Legislativa da Bahia tem mais problemas que Roberto Carlos


A Alba está com problemas (foto: Max Haack)

A Operação Detalhes da Polícia Federal, que acusou o corregedor da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Roberto Carlos (PDT), de manter oito funcionários fantasmas, formação de quadrilha, peculato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, seria apenas a ponta do iceberg de uma série de irregularidades que haveria na Casa. Além de correr a boca miúda que quase todos os parlamentares manteriam servidores que jamais pisaram os pés nos corredores da AL-BA, a exemplo de cerca de 100 ex-prefeitos. Da nossa região, falam de um ex-prefeito de Heliópolis e um de Cícero Dantas, que apoiaram o presidente da Assembleia, dep. Marcelo Nilo, que nunca foram trabalhar e recebem mais de oito mil reais cada um. Segundo informações, um “acordo de cavalheiros” teria sido firmado para repartir o bolo da verba extra de gabinete para contratação de assessores. O recurso é destinado aos integrantes da Mesa Diretora, aos presidentes de comissões e aos líderes e vice-líderes de legendas, bancadas ou blocos partidários. Segundo a denúncia, o valor para cada um seria de R$ 29,7 mil, além dos R$ 60 mil a que cada um tem direito, e beneficiaria quase todos os legisladores. O Bahia Notícias apurou, no próprio site da Assembleia, que, conforme a regra, nada menos que 55 parlamentares preencheriam os requisitos, oito só na vice-liderança do governo. Cuidadosamente, um por um foi encaixado sem se repetir em nenhum outro cargo. Veja:
Mesa Diretora:
Marcelo Nilo (PDT) – presidente da Casa;
Leur Lomanto (PMDB) – 1º vice-presidente;
Aderbal Caldas (PP) – 2º vice-presidente;
Carlos Ubaldino (PSD) – 3º vice-presidente;
J. Carlos (PT) – 1º secretário;
Elmar Nascimento (PR) – 2º secretário;
Álvaro Gomes (PCdoB) – 3º secretário
Maria Luiza Laudano (PSD) – 4ª secretária
Presidentes de Comissões:
Luiz Augusto (PP) – Agricultura e Política Rural;
Paulo Rangel (PT) – Constituição e Justiça;
Pedro Tavares (PMDB) – Defesa do Consumidor e Relações de Trabalho;
Luiza Maia (PT) – Defesa da Mulher;
Temóteo Brito (PSD) – Direitos Humanos;
Kelly Magalhães (PCdoB) – Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público;
Adolfo Menezes (PSD) – Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle;
Tom Araújo (DEM) – Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo;
Adolfo Viana (PSDB) – Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos;
José de Arimateia (PRB) – Saúde e Saneamento;
Luizinho Sobral (PTN) – Especial da Copa de 2014;
Ivana Bastos (PSD) – Especial da Ferrovia de Integração Oeste-Leste;
Bira Corôa (PT) – Especial da Promoção da Igualdade;
João Bonfim (PDT) – Assuntos Territoriais e Emancipação;
Coronel Gilberto Santana (PTN) – Especial do Porto Sul;
Reinaldo Braga (PR) – Extraordinária da Reforma Política
Bancadas:
Maioria
Líder – Zé Neto (PT);
Vice-líderes – Ângela Sousa (PSD), Cacá Leão (PP), Cláudia Oliveira (PSD), Fabrício Falcão (PCdoB), Fátima Nunes (PT), Marcelino Galo (PT), Sargento Isidório (PSB) e Sidelvan Nóbrega (PRB).
Minoria
Líder – Paulo Azi (DEM)
Vice-líderes – Bruno Reis (PRP), Carlos Geilson (PTN) e Graça Pimenta (PR)
Partidos
PT
Líder – Yulo Oiticica;
Vice-líderes – Joseildo Ramos, Neusa Cadore e Zé Raimundo.
PSD
Líder – Gildásio Penedo;
Vice-líderes – Alan Sanches e Rogério Andrade.
Blocos parlamentares
PSDB/PR
Líder – Sandro Régis (PR);
Vice-líder – Augusto Castro (PSDB).
PDT/PCdoB
Líder – Euclides Fernandes (PDT);
PSC/PTN/PRP
Líder – Targino Machado (PSC);
Vice-líder – Vando (PSC).
PSL/PRB/PP
Líder – Ronaldo Carletto (PP);
Vice-líderes – Mário Negromonte Jr. (PP) e Nelson Leal (PSL).
PMDB/DEM
Líder – Luciano Simões (PMDB);
Vice-líder – Herbert Barbosa (DEM).
PV
Representante – Eures Ribeiro.  
Dep. Marcelo Nilo
Embora a adequação deixe de fora apenas oito deputados – Ângelo Coronel (PSD), Capitão Tadeu (PSB), Deraldo Damasceno (PSL), Joacy Dourado (PT), Maria Del Carmen (PT), Maria Luiza Barradas (PSD), Roberto Carlos (PDT) e Rosemberg Pinto (PT) – a informação é a de que haveria partilha das somas recebidas pelos abrigados para os que não conseguiram o acolhimento sob o guarda-chuva. “Por isso que a composição das comissões varia tanto de uma legislatura para outra. Para dar garantia de que todo mundo vai poder nomear mais assessores, como se as comissões tivessem assessores. Todas as comissões técnicas contam com o pessoal permanente da Casa para dar apoio. É imoral”, acusou o deputado. Consultado pelo BN, o presidente da AL-BA justificou que o pagamento extra acontece em qualquer “parlamento do mundo” e, sem precisar os números, rebateu a denúncia sobre os valores. “Não são todos os deputados que recebem. Só quem é de comissão, de blocos e quem é de Mesa. O valor varia de R$ 19 a R$ 20 mil nas comissões e de R$ 20 a R$ 25 mil na Mesa Diretora”, disse Nilo, ao contestar também haver qualquer acordo entre os parlamentares para repartir o dinheiro. Entretanto, em anonimato, outro deputado negou participar do acerto, mas confirmou a existência do procedimento. Segundo ele, “nem todos aceitaram participar”.
Informações Evilásio Júnior, do Bahia Notícias.