Lideranças sindicais dizem que
vão aguardar até março por sinalização de reajuste salarial; planos de
paralisação já envolvem ações em aeroportos e portos do País
Anne Warth, de O ESTADO DE SÃO
PAULO
Pedro Delarue |
BRASÍLIA - Depois de um ano de
muita negociação com o governo Dilma e nenhum reajuste salarial, o
funcionalismo público federal decidiu se unir já no início deste ano e ameaça o
governo com uma greve geral, caso as conversas nesse sentido não avancem.
Reunião entre lideranças sindicais nesta quinta-feira, 19, pode definir como as
reivindicações serão feitas e quais categorias devem aderir. Com a perspectiva
de que 2012 seja mais um ano de orçamento apertado, sem aumentos para a
categoria, os servidores vão aguardar até março para receber alguma sinalização
positiva por parte do governo. Caso contrário, o funcionalismo, dessa vez,
promete jogar duro.
"Dessa vez, não vamos
esperar o fim do prazo legal para o envio de reajustes ao Congresso, em agosto.
Não seremos enrolados de novo", afirmou o presidente do Sindicato Nacional
dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), Pedro
Delarue, que reuniu nessa quarta-feira, 18, em Brasília, analistas de todo o
País para discutir a estratégia de mobilização. Segundo ele, a defasagem
salarial da categoria é de 15%. "Se sentirmos que o governo quer protelar
a negociação, fingir que ela não aconteceu, vamos entrar em greve. Nosso
deadline é fim de abril, começo de maio", disse. Embora ainda seja uma
possibilidade, o Sindifisco Nacional pretende começar a recolher verba extra já
em fevereiro para o fundo de greve.
Nesta quinta-feira, 19, a
reunião será mais ampla e incluirá representantes dos auditores fiscais do
trabalho, delegados da Polícia Federal (PF) e advogados e procuradores da
Advocacia-Geral da União (AGU). A intenção é que o movimento inclua também
servidores de carreiras típicas do Estado, como do Banco Central (BC), Tesouro
Nacional e agências reguladoras. "Os delegados da Polícia Federal estão
juntos nesse embate", afirmou o presidente do Sindicato dos Delegados de
Polícia Federal no Estado de São Paulo, Amaury Portugal. De acordo com ele, a
defasagem salarial da categoria, até 2011, era de 14,7%, mas se ampliou neste
ano e gira em torno de 20% a 22%. Para chamar atenção, os delegados ameaçam com
greve nos aeroportos e portos do País. Os analistas da Receita se preparam para
parar alfândegas em Santos e Manaus. "Faremos tudo que for
necessário", afirmou Portugal. "Espero que essa greve não seja
necessária", afirmou Delarue.