Líbia anuncia prisão do filho de Gaddafi


     O ministério da Justiça da Líbia anunciou neste sábado a prisão de Saif al Islam (foto), um dos filhos do ex-ditador Muammar Gaddafi, que morreu em 20 de outubro em Sirte. De acordo com a rede de TV Al Arabiya --que cita o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos do CNT (Conselho Nacional de Transição), Mohammed al Alag-- Al Islam foi detido no sul da Líbia. "Saif al Islam, procurado pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), foi detido no sul da Líbia", declarou o ministro, que não revelou detalhes da operação. Ainda segundo o ministro, o filho de Gaddafi está em "boas condições de saúde". O comandante líbio Bashir al Tlayeb, das brigadas de Zintan, disse em coletiva de imprensa que Al Islam foi preso ao lado de dois assessores que tentavam ajudá-lo a fugir para o Níger. Segundo o comandante, o filho do ditador foi levado para a cidade de Zintan. No início deste mês, o TPI disse ter recebido informações de que Al Islam poderia tentar fugir da Líbia com a ajuda de mercenários. O jornal francês "Le Figaro" havia divulgado que o filho primogênito de Gaddafi estaria no Níger graças à proteção de um chefe tuaregue rebelde. Segundo fontes não-identificadas pela publicação, o filho do ditador líbio havia se escondido no sul da Líbia antes de atravessar a fronteira com o Níger graças à ajuda de Agaly Alambo, chefe do Movimento Nigerino para a Justiça.
     JULGAMENTO
     O CNT, que está no comando interino da Líbia, havia dito que gostaria de investigar Al Islam e o ex-chefe de inteligência Abdullah al Senussi na Líbia. Ambos foram indiciados pelo tribunal por crimes contra a humanidade e outros crimes de guerra. Também neste mês, o TPI informou que mantinha "contatos informais" com Al Islam sobre sua possível rendição ao tribunal. "Estamos em contato informal com Saif através de intermediários", declarou o promotor-chefe, Luis Moreno Ocampo, citado em um comunicado. "O gabinete do promotor disse claramente que, se ele se render ao TPI, terá direito de ser ouvido ante ao tribunal e será inocente até que se prove o contrário". Segundo Ocampo, os contatos foram feitos por intermediários, e o filho de Gaddafi tenta entender o que aconteceria se fosse inocentado das acusações. "Ele se diz inocente, ele quer provar que é inocente, e está interessado em saber as consequências disso". O promotor disse ainda que não estaria fazendo acordo algum com Al Islam, mas apenas explicando que ele deveria ser julgado pelos crimes de guerra de que é acusado.
     SUCESSOR
     Saif al Islam ("Espada do Islã" em árabe), que era considerado o sucessor do pai, é o primeiro filho de Gaddafi com a segunda mulher, Safiya Farkash. Ele prometeu "banhos de sangue" no início das revoltas contra o regime líbio. Ele estava sendo procurado desde que as forças do governo interino líbio tomaram controle da cidade de Sirte, terra natal de seu pai, em uma operação em 20 de outubro na qual Gaddafi foi capturado e morto.
     Informações da FOLHA DE SÃO PAULO.