Gaddafi com Berlusconi em Roma, Italia, 2009. |
Uma jovem de 22 anos que diz
ter sido escrava sexual de Muammar Gaddafi --morto em outubro por
revolucionários líbios-- conta ao jornal francês "Le Monde" que foi
estuprada, ferida e maltratada durante cinco anos pelo ex-ditador. Segundo o
relato dado ao jornal francês, Gaddafi a sequestrou quando ela tinha apenas 15
anos, no colégio em Sirte onde ela estudava. Ela teria sido escolhida entre os
alunos para entregar um ramo de flores ao então ditador. "Ele estava
constantemente sob os efeitos de alguma substância e nunca dormia",
contou. Safia, nome usado no "Le Monde" para preservar a identidade
da jovem, disse ao jornal que o ex-ditador visitava oficialmente a instituição
quando colocou as mãos em suas costas e acariciou os seus cabelos --era o sinal
que informava aos seguranças que ele a desejava, como ela teria descoberto mais
tarde. No dia seguinte, três mulheres uniformizadas --Salma, Mabruka e Feiza--
foram buscá-la na loja de sua mãe e lhe disseram que Gaddafi queria vê-la e
"dar-lhe alguns presentes". Conta que, na época, não poderia duvidar
do ditador, considerado o "príncipe de Sirte" e o "herói"
do país, então com 62 anos. De acordo com a jovem, ela foi levada até uma
caravana no deserto onde se encontrou Gaddafi, que lhe perguntou sobre as
origens de seus pais e suas condições financeiras. Safia disse que gostaria de
permanecer com a família e terminar os estudos, mesmo depois de lhe oferecerem
casas, carros e segurança.
SEQUESTRO E DROGA
No entanto, sua súplica de nada
adiantou e ela foi levada para compartilhar um quarto com outra jovem, também
sequestrada. Segundo ela, outras 20 mulheres -- em sua maioria entre 18 e 19
anos-- viviam igualmente à disposição do ditador. Ela recebeu lenços e roupas
sensuais e lhe ensinaram a dançar e a fazer striptease, assim como "outros
deveres". A jovem contou ainda que Gaddafi a obrigava a fumar, tomar
uísque e usar cocaína. Safia também relatou festas regularmente organizadas com
a presença de modelos italianas, belgas, africanas e estrelas do cinema
egípcio, que seriam "especialmente apreciadas" pelos filhos do
coronel e outros. "Para Muammar, [as jovens] eram simples objetos sexuais
que poderiam passar para outros, depois de tê-los provado", diz a jovem em
seu relato. A ex-escrava revela ainda que o coronel também manteria relações
sexuais com homens.
FAMÍLIA E FUGA
Segundo a jovem, a esposa e
outros membros da família que viviam em outros edifícios de Bab al Azizia
sabiam dos hábitos do ditador. "Mas suas filhas não queriam vê-lo com
outras mulheres. Ele, então, se reunia com a família às sextas-feiras em outra
casa, perto do aeroporto."Ela contou que, cansado de vê-la deprimida,
Gaddafi autorizou por três vezes que fizesse breves visita à sua família usando
um carro do palácio. Na quarta ocasião, em 2009, ela teria se disfarçado como uma velha mulher e
conseguido fugir da casa, indo ao aeroporto e tomando um voo para a França. Ela
ficou um ano fora do país antes de retornar para a Líbia, de forma clandestina.
VÍCIO EM SEXO E VIAGRA
Segundo informações do tabloide
britânico "Daily Mail", Gaddafi tinha um apetite sexual voraz e era
tão viciado em pílulas de Viagra que recebeu recomendações médicas para suspender
o uso do medicamento. As informações divulgadas pelo veículo no domingo (13)
teriam sido reveladas por um funcionário que trabalhou com o ditador por sete anos
conhecido como Faisal. "Eram quatro, às vezes cinco mulheres diariamente.
Elas se tornaram um hábito de Gaddafi", afirmou, citado pelo "Daily
Mail". "Elas entravam no quarto dele, ele fazia o que queria com elas
e depois saía do cômodo como se tivesse acabado de assoar o nariz". Faisal
contou ao tabloide que se tornou amigo de algumas mulheres usadas por Gaddafi,
que ficaram conhecidas como "freiras da revolução". "Todas elas
faziam sexo com Gaddafi. As mais inteligentes se tornaram mais ricas com seus
presentes e seu dinheiro". Algumas, de acordo com o chef, não tinham tanta
sorte e saíam dos aposentos do ex-ditador direto para o hospital para receberem
atendimento médico. As vítimas eram escolhidas na Universidade de Trípoli, onde
dava palestras e, em seguida, levava as jovens a uma sala com uma cama de
casal. O vício de Gaddafi em sexo fez com que médicos pedissem que ele
reduzisse a dose que tomava diariamente de pílulas de Viagra. Além disso, um
funcionário do regime líbio foi enviado a Paris uma vez para comprar um
equipamento que prometia aumentar o tamanho do órgão sexual masculino.
Informações da FOLHA DE SÃO
PAULO. Foto: Max Rossi/Reuters.