Gabriel
Manzano, de O Estado de S.Paulo
A ex-senadora Marina Silva disse nesta
quinta-feira, 27, em São Paulo, que o País precisa de “um novo pacto político
para devolver o Estado à sociedade”, porque atualmente “o Estado pertence aos
partidos, cada um tem seu pedaço”.
De volta à cena, com fortes críticas
aos seguidos escândalos da política nacional, a ex-candidata presidencial do
PV, hoje sem partido, participou do evento “Política 2.0: uma nova forma de
fazer política?”. No encontro, ao qual compareceram cerca de 150 pessoas em um
auditório na Vila Madalena, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS)
lançou novo site na internet e divulgou uma pesquisa sobre jovens e a política
marcada por adjetivos como “nojo” ou “vergonha”. Entre os presentes estavam o
empresário “verde” Ricardo Young, o cientista político Giuseppe Cocco, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Ricardo Abramovay, da Faculdade de
Economia da USP.
A nova cruzada – da qual participa
Marina, enquanto não se dedica a formar um novo partido – inspira-se em
movimentos de protesto surgidos em muitos outros países, e nas rebeliões do
mundo árabe. Para seus integrantes, o “Política 2.0″ é o eixo para entender que
“a nova forma de fazer política ainda não tem uma fórmula; o que se tem é um
processo em curso no mundo inteiro”.
No Twitter. Em outros
trechos de sua fala, Marina criticou “o poder pelo poder” – que, segundo ela,
“virou o fim da política, ao contrário da política como fim para transformar a
sociedade”. Depois de suas cobranças, que passaram a circular no Twitter assim
que ela terminou sua fala, a ex-candidata defendeu a ideia de “liderar pelo
exemplo” para se chegar “à desconstrução da política da forma como ela está”.
A pesquisa sobre os jovens, que ouviu
cerca de 100 adolescentes de São Paulo, mostrou uma forte rejeição desse
universo à política tradicional, que muitos pintaram com adjetivos como “nojo”,
“raiva” e “vergonha”. Segundo os autores da consulta, os pesquisados não
percebem grandes diferenças entre os partidos. Entre seus ídolos, mencionaram
Jesus Cristo, Lula, Marina, Mandela e Gandhi. Por fim, questionaram a
capacidade de mobilização das redes sociais: a ação política concreta, disseram
eles, precisaria de “outra plataforma de relacionamento”.