MÔNICA BERGAMO – da Folha de
São Paulo. Foto: Ricardo Lima
A corregedora nacional de
Justiça, ministra Eliana Calmon (foto), afirmou nesta quarta-feira (28) à Folha que
não recuará das declarações que fez sobre a magistratura brasileira.
"Eu não tenho que me
desculpar. Estão dizendo que ofendi a magistratura, que ofendi todos os juízes
do país. Eu não fiz isso de maneira nenhuma. Eu quero é proteger a magistratura
dos bandidos infiltrados", disse. Corregedora mantém críticas e diz que
imagem do Judiciário é a pior possível. "A quase totalidade dos 16 mil
juízes do país é honesta, os bandidos são minoria. Uma coisa mínima, de 1%, mas
que fazem um estrago absurdo no Judiciário", reiterou.
Segundo a ministra, todos
precisam perceber que "a imagem do Judiciário é a pior possível, junto ao
jurisdicionado" --público que recorre aos tribunais. "Eu quero
justamente mostrar que o próprio Judiciário entende e tenta corrigir seus
problemas." Sobre o julgamento de hoje do Supremo, que poderá limitar os
poderes da corregedoria, ela disse que está muito triste. "As portas estão
se fechando. Parece haver um complô para que não se puna ninguém no Brasil.
Em recente entrevista, Calmon
fez duros ataques a seus pares ao criticar a iniciativa de uma entidade de
juízes de tentar reduzir, no STF (Supremo Tribunal Federal), o poder de
investigação do CNJ. "Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da
magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de
bandidos que estão escondidos atrás da toga", declarou em entrevista à APJ
(Associação Paulista de Jornais).