Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo, informa reportagem de Matheus Leitão, Cátia Seabra, Dimmi Amora, Breno Costa e Maria Clara Cabral, publicada na Folha deste sábado.
Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que "quando o dinheiro é público não pesa no bolso" e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: "Mandou para Brasília, ficou fácil", diz uma investigada.
Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz a um interlocutor que no Brasil "o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno." Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido da PF.
INVESTIGAÇÃO
A Operação Voucher, deflagrada no último dia 9 pela Polícia Federal, investiga um suposto esquema de desvios relacionados a convênio firmado entre a ONG Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) e o Ministério do Turismo para capacitação profissional no Amapá.
Ao todo, 36 pessoas foram presas na operação em Brasília, São Paulo e no Amapá, incluindo o atual secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, que está na pasta desde 2003. Dezoito delas foram liberadas na quarta-feira (10), após prestarem depoimento.
As investigações, que começaram em abril deste ano, apontam que os R$ 4 milhões do Ministério do Turismo que deveriam treinar pessoas no Amapá foram desviados por meio de todo o tipo de fraude, incluindo ONG de fachada, notas fiscais falsas e a conivência de funcionários públicos.
Na sexta-feira, o juiz federal do TRF-1 (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, Guilherme Mendonça, concedeu liminar para soltar 16 dos 18 que ainda continuavam presos, incluindo Costa.
Informações da Folha de São Paulo.