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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Está na hora de prender Sérgio Moro!

Sérgio Moro atacado pelos que querem a continuação de tudo que ele combateu (foto: Unisul Hoje)

Que há algo de podre neste país, a Lava Jato já provou. Entretanto, parece que ela ainda não conseguiu chegar aos que lideram o sistema de corrupção endêmica neste país. É incrível como estão visivelmente desesperados, tramando artimanhas todos os dias para desarmar os homens que lideram o maior e mais bem montado processo de investigação da nossa história. O problema é que estão indo muito bem e isso está fazendo com que os contrários ao processo, defensores de comportamentos nada republicanos, planejem contra-ataques sórdidos. Não demorará muito tempo para pedirem, com vantajosa carga midiática, a prisão do ministro Sérgio Moro.
É preciso deixar claro que não quero aqui cometer a idiotice de dizer que os procuradores da Lava Jato, ao longo da investigação, não cometeram erros. Impossível acontecer isso numa operação de tamanha monta, mas pregar que uma conversa de um procurador com um juiz, tornada pública mediante ação de um hacker, seria suficiente para anular uma sentença que passou por três instâncias da justiça, além de provocada em inúmeros recursos nas cortes superiores, é gritar a todos que este país é constituído esmagadoramente de inocentes úteis.
Quero ver qual será a repercussão do que está dito sobre o ministro Gilmar Mendes na Revista Época desta semana. Em reportagem de Guilherme Amado, Thiago Herdy e Carolina Brígido, o título já nos leva a um disparate: GILMAR MENDES: MORO ERA ‘CHEFE DA LAVA JATO’, E DALLAGNOL ‘UM BOBINHO’. No subtítulo há o verdadeiro fantasma de ópera bufa: Para ministro do STF, conversas entre procurador e ex-juiz podem resultar em anulação da condenação de Lula. Meu Deus! Isto foi dito por um ministro do Supremo Tribunal Federal, a corte que defende a constitucionalidade ou não de decisões jurídicas. Pior, ele está se baseando numa conversa raqueada, que nem mesmo está provada como verdadeira. Ou seja, antecipou juízo de valor usando como prova um crime.
Curioso é como Mendes, na reportagem, de forma até apaixonada, já se mostrava plenamente crente no conteúdo do The Intercept Brasil. Ele nem mesmo se deu ao luxo de imaginar que o dono do portal é o mesmo que insistiu nos Estados Unidos em dizer que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe. No mínimo, deveria Gilmar Mendes suspeitar que há interesses escusos na divulgação dos diálogos. A ação de Glen Greenwald foi tão suspeita que chegou a oferecer a informação à Rede Globo. Como a emissora não aceitou o suposto furo, o marido do deputado do Psol David Miranda vive a falar mal da emissora da família Marinho. Não custa lembrar que o jornalista americano foi o mesmo que publicou artigo no The Guardian afirmando que a Rede Globo apoiou o “golpe” contra Dilma Rousseff.
Tudo parece orquestrado como um grande esquema para livrar Lula da cadeia. Além dessa entrevista de Gilmar Mendes, as emissoras companheiras do PT estão difundindo as entrevistas do ex-presidente, e agora presidiário. O portal O Antagonista publicou agora pela noite dois posts afirmando que Lula duvidava da facada recebida por Bolsonaro, chama Sérgio Moro de mentiroso e afirma que Deltan Dallagnol deveria ter sido preso. Do mesmo jeito continua afirmando que é tão inocente quanto Jesus Cristo. Parece insistir na cantilena da mentira dita mil vezes para virar uma verdade tardia.
O que mais me apavora é que há um público pronto para receber tais falsas informações e difundi-las. Não adiantará repetir duas mil vezes a verdade, nem dizer que Lula está preso, nem chamar de babaca quem acredita na sua inocência. Eles não aceitam a verdade, mas aquilo que eles pregam como verdade. E há muita gente que se aproveita para amplificar toda essa parafernália, e não é por ideologia ou porque são seguidores do Lula. Querem que o país continue como estava. O cofre que guardava o dinheiro da corrupção está ficando cada vez mais vazio. Está na hora de colocar o Sérgio Moro na cadeia.