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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Os fantasmas de Sergipe e da Bahia

ACM Neto, Rui Costa e o abraço de Edivaldo Nogueira e Jackson Barreto. E os fantasmas?
O fim do ano de 2017 foi um dos mais reveladores da nossa história. As velhas raposas políticas, tanto de direita, esquerda, meio-de-campo e indefiníveis, tiveram suas estruturas políticas seriamente abaladas. O ano vindouro, de eleições, será o ano das oportunidades. Chegou a hora de o eleitor, de fato, usar com maestria a arma do voto. Caso continuem tão conservadores como os nossos políticos, de todas as cores, continuaremos a ver estados como Rio de janeiro, Sergipe, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte sem base financeira para absolutamente nada.
E, é bom dizer, não pensem que não citei outros para se pensar que neles há eficiência administrativa. Se nada mudar, vão quebrar também. Alguns já não apresentam mais capacidade de endividamento e vão ter que fechar as torneiras dos esbanjamentos. A Bahia, por exemplo, que tem uma estrutura administrativa minimamente mudada desde o malvado ACM, luta para tomar um empréstimo de 600 milhões do Banco do Brasil. Este dinheiro daria para solucionar inúmeros problemas? Claro, se aplicado devidamente. Só que 2018 é o ano da tentativa de reeleição do governador Rui Costa, sem o poder central de Brasília, sem a grana da Petrobrás, BNDES e outras e, principalmente, sem o amparo solidário e desinteressado de OAS, Odebrecht e outras construtoras amigas.
Por outro lado, na falsa dicotômica política baiana, o neto de ACM já não terá o aliado problemático com os seus 51 milhões, mas também não fez nenhum movimento para transformar a Prefeitura de Salvador numa administração moderna. Ninguém fala, por exemplo, em demitir os inúmeros servidores fantasmas. Continuam na mesma lengalenga das grandes obras revelando grandes gestores. Eles não querem evoluir e não permitem, ou não querem, a evolução do eleitor. Há mil formas de desviar dinheiro público com as obras. Fundamental para isso é estar com a Justiça nas mãos, com conselheiros subservientes e, acima de tudo, ter bons índices de popularidade.
Em Sergipe é que pode haver uma transformação total. O estado está quebrado. O décimo terceiro do servidor não foi pago e o salário de dezembro só Deus sabe quando virá. O governador Jackson Barreto nunca esteve tão impopular. Quem também não está bem é o prefeito de Aracaju, Edvaldo Barreto, do PCdoB. Quase 70% não aprovam sua administração. E não precisa nem falar do ex-prefeito, João Alves Filho, agora com a polícia batendo em sua porta.
Esta semana, o jornal CINFORM traz uma reportagem revelando a sinuca de bico em que se meteu o governador ao exonerar 2.200 servidores com cargo em comissão, como medida de austeridade para tornar a máquina administrativa mais leve e econômica. O gesto foi tardio, mas importante. Só que revelou o que todos já sabem. Fantasmas! Revelou-se o filho do secretário Almeida Lima era um “fantasma” da Casa Civil. Ganhava mais de 8 mil reais por mês e não trabalhava.  
 Agora que a coisa foi escancarada, o promotor Jarbas Adelino vai apurar e investigar denúncias nas esferas estadual e municipal em todos os órgãos, para saber da existência de “fantasmas” na administração pública. Vai ter muito trabalho. O PCdoB tem seus fantasmas também na prefeitura de Aracaju e não demorará muito para as coisas aparecerem. Em novembro deste ano, Edvaldo Nogueira prometeu aos promotores implantar o controle de frequência dos servidores. Até agora nada. Há denúncias de que na PMA tem muita gente nomeada que não vai trabalhar, por falta de espaço, e apresenta as mesmas desculpas dos “fantasmas” da gestão João Alves. Na reportagem do CINFORM o presidente do Sepuma – Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Aracaju, Nivaldo Fernandes, confirma que o número de servidores comissionados contraria a lógica do espaço físico na administração pública. Segundo o sindicalista, Edvaldo precisaria comprar birô-beliche para atender a quantidade de cargos em comissão, porque fisicamente é impossível colocar todo mundo dentro da repartição.
A revelação destes fantasmas servirá de base, espero, para uma revolução na administração pública do estado de Sergipe. É preciso parar com a prática da velha luta esquerda X direita, jacu X carcará, sanguinolento X sanguessuga etc, que não faz outra coisa senão iludir o eleitor. Vira apenas uma guerra de palavras, uma disputa ilusória e sem sentido, despertando a ira do instinto de coletividade no eleitor, afastando-o das causas que realmente importam numa eleição democrática. Já não vejo esta transformação visível na Bahia. Os fantasmas do lugar onde nasceu o Brasil continuam sem assombrar ninguém, seja na esfera municipal, seja na estadual. As transformações políticas na Bahia acontecem sempre tarde. No Sergipe também já foi assim, mas é na terra do cacique Indiaroba onde a mão do basta pode bater na mesa com impaciência e mudar os nomes dos novos representantes e administradores. E eles vão mudar tudo e recomeçar como deve ser? Aí é outra coisa. Certo é que sem transformação de fato ninguém sai do lugar.