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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

CEPJO realiza Mostra Cultural e Científica

Alunos do 3º ano apresentaram Geni e o Zepellin, da obra de Chico Buarque
(foto: Landisvalth Lima)
Nesta quarta-feira (14) teve início a II Mostra Cultural e Científica do Colégio Estadual Professor João de Oliveira – CEPJO – em Poço Verde. O tema deste ano é A beleza da diversidade do conhecimento. A abertura ocorreu nesta quarta às 13 horas com as exposições dos trabalhos nas salas. Às 14 horas foi feita a abertura oficial pelo diretor da escola, prof. Oneas. Logo após ocorreu apresentação de Cordas & Sons, desfile das personalidades negras, teatro sobre A Odisseia, coreografia sobre Consciência Negra, explanação sobre A funcionalidade da democracia, apresentação de paródias, cordéis, coreografias, danças circulares e roda de capoeira.
No turno da noite, a programação continuou com Cordas & Sons, teatro sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, clipes musicais do projeto CLEE, desfile do Nem melhor nem pior, apenas diferente, o teatro de Hermanoteu na Terra de Godah, Geni e o Zepelin, encerrando a noite com HIP HOP.
A II Mostra Cultural e Científica continua na quinta-feira (15) com as exposições nas salas de aula. As apresentações começam às 14 horas com o teatro dos Heterossemânticos, apresentações de paródias, cordéis e coreografias. Depois teremos o teatro de O Seminarista, apresentações de convidados de Cícero Dantas, do projeto Radialistas da cidade, um clipe do Realismo X Romantismo e o teatro de Senhora. Pela noite, início com o teatro do Chaves, um musical, teatro de Dom Casmurro, dança espanhola, apresentação de São João, Dona Lourdes e convidados, espaço para poesia, música, paródias, cordéis, coreografias e teatro. 
As exposições nas salas apresentam os seguintes temas: sala 1 – Experimentos físicos e modelos matemáticos; sala 2 – Circuitos e registros e Experimentos sobre a energia; sala 3 – Experimentos químicos; sala 4 – Novas tecnologias; sala 5 – Meio ambiente: Rio Real, exposição de fotos de Poço Verde e Impactos ambientais do acidente de Mariana; sala 6 – Exposição sobre Tobias Barreto e sobre o Centenário do Samba; sala 7 – Consciência negra e cultura afrodescendente; sala 8 – Exposição sobre cultura americana; sala do laboratório de informática – Cinema de Almodóvar e Exibição de vídeos; nos pátios serão apresentados dados sobre a Cultura espanhola, cultura poçoverdense e Música tonal e atonal.

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Heliópolis terá toque de recolher

Heliópolis terá o seu "Toque de Acolher" 
A Lei completa nesta quarta-feira (14) 1 ano de sancionada e tem o nome sugestivo de Toque de Acolher crianças e adolescentes, sancionada pelo prefeito Ildefonso Andrade Fonseca, após aprovação na Câmara Municipal de Heliópolis. A ideia foi do Juiz José de Souza Brandão Neto, da Comarca de Cícero Dantas, adotada pela administração municipal. O objetivo principal é evitar tragédias como a que ocorreu no último sábado, quando o menor Cristiano, de apenas 16 anos, foi alvejado com tiros na cabeça e luta pela vida numa UTI em Aracaju.
Dr. José Brandão estará na audiência pública
O princípio básico é evitar que o mal maior aconteça e educar nossos adolescentes para a vida. Para melhor detalhar a Lei, o Dr. José de Souza Brandão Neto estará participando de uma audiência pública em Heliópolis, dia 20 de dezembro, a partir das 19 horas, na Câmara Municipal, inclusive para informar quando a Lei 416/2015 efetivamente entrará em vigor. Nenhuma criança desacompanhada de seus pais poderá frequentar ruas, bares ou locais públicos, de 18:00 até 05:00 da manhã. Caso seja encontrada uma criança em tal situação, por absoluta medida de proteção, será encaminhada ao Conselho Tutelar.
A Lei 416/2015 considera situações de riscos para crianças e adolescentes frequentar locais onde haja consumo de bebidas e drogas, exposição à prostituição, importunação ofensiva ao pudor, locais com sons em alto volume, condução de veículos motorizados ou qualquer situação que possa expor perigo físico, psicológico ou moral para quaisquer crianças. Não está escrito na Lei, mas é claro que os pais também serão alvos. Terão que regular melhor os passos dos filhos e acostumá-los a andar com documentos. Apesar de Heliópolis ser uma cidade considerada pequena, já não se pode confiar mais em crianças brincado livremente pelas ruas. Como há muitos adolescentes que estudam pela noite, haverá regras para o deslocamento da escola para a casa e isto também será detalhado na audiência pública.  
Não se pode acreditar que os diversos problemas enfrentados pela infância e juventude sejam resolvidos com tais medidas. Sabemos que o tripé família, estado e escola é fundamental para a formação dos nossos jovens. Basta que um deles falhe para que o adolescente tenha motivos suficientes para desistir de ser e de estar. O estado está tentando fazer sua parte e, se aplicada perfeitamente, restará a ação primordial e corriqueira dos entes familiares no lapidar comportamental, moral e ético dos filhos. 

Heliópolis tem final de semana violento

José Luciano morreu no local e deixa uma filha
O ano de 2016 ficará marcado como um dos mais violentos da história de Heliópolis e este final de semana, 10 e 11 de dezembro, foi certamente o mais violento da história do município. Até aqui foram contabilizados dois assaltos a mão armada, três pessoas baleadas e um morto a tiros. Dos feridos, um está à beira da morte. Não há necessidade dizer que há urgência para uma tomada de atitude. A outrora pacata Heliópolis já desponta como uma cidade violenta e parece que as autoridades que cuidam da segurança pública ainda não estão sensibilizadas.
Tudo começou no início da noite deste sábado (10). Dois homens armados fizeram um arrastão no povoado Tijuco. Além de assaltar populares, raparam os caixas do posto de gasolina do povoado. Ainda não há maiores detalhes porque nada foi registrado oficialmente, mas populares informam que os mesmos bandidos estiveram no povoado Farmácia, por volta das 20:30 horas e tentaram fazer outro arrastão. Alguém deve ter reagido ou os bandidos ficaram afobados porque começaram a atirar. Os disparos atingiram o dono do bar, Agnaldo Guerra, conhecido popularmente por Naná de Guerrinha, de 46 anos, e Vagner Nobre dos Santos, de 35 anos. Agnaldo foi atingido no braço e Vagner levou um tiro nas costas, onde a bala ficou alojada. Os dois não correm risco de vida e estão sendo atendidos no Hospital Santa Teresa em Ribeira do Pombal. Os bandidos fugiram e ninguém mais teve notícia.
Mas parecia que a noite não seria de paz. Em Heliópolis, no bar de Pedro Veloso, na Avenida 7 de Setembro, bem no centro da cidade, uma banda se apresentava e o povo se divertia para espantar o cansaço da semana de trabalho. Eram 1 hora e 15 minutos quando cinco tiros foram disparados impiedosamente. A banda parou, o povo correu e dois corpos tombavam. Dois homens, ainda não identificados, aproximaram-se de dois irmãos que se divertiam e apenas disseram: “Já compraram os caixões? ”Na sequência veio a carnificina.
Cristiano (esq.) agoniza antes do socorro e José Luciano (dir) já morto. (foto: WhatsApp)
 
Os tiros foram disparados nas cabeças das vítimas, em clara evidência de execução. O primeiro a tombar foi José Luciano Alves dos Santos, natural da cidade de Fátima e morador na Avenida Helvécio Pereira de Santana, em Heliópolis, na saída para Poço Verde-Se. Tinha 23 anos e há poucos dias retornou de São Paulo. Deixou órfã uma filha. O outro, Cristiano dos Santos Neves, tem apenas 16 anos e foi socorrido e levado para Aracaju. Até o fechamento desta postagem, familiares dizem que o estado dele é gravíssimo, mas que ainda resistia.
O corpo de José Luciano ainda está exposto no passeio público do bar de Pedro Veloso, dez horas depois do fato acontecido. Policiais militares apareceram agora pela manhã e colheram documentos. O corpo aguarda o IML – Instituto Médio Legal – de Euclides da Cunha, a 140 quilômetros, ou de Juazeiro, a 370 quilômetros. A Bahia grande e querida, que cabe inteira no coração dos baianos, ainda não atende satisfatoriamente seus filhos nas necessidades básicas. São anos de promessas de melhoria na educação, na saúde e na segurança pública e nada melhora, nada avança. Continuamos estagnados.
Logo, logo vão aparecer os teóricos a dizer que a culpa é do mundo das drogas, mas a verdade está muito além disso. Qualquer bandido pé-de-chinelo perdeu o medo do estado. O mesmo estado que prende, é o mesmo que solta. O mesmo estado que educa também marginaliza. Há muita coisa que precisa ser corrigida. Para isso, é preciso uma tomada de consciência. Não acredito numa reviravolta na mentalidade dos nossos políticos encastelados nos altos cargos da República. Eles querem o poder e pouco estão se importando se há queima-de-arquivo, morte por vingança, latrocínios e execuções. É povo matando povo. Virou coisa tão comum que uma vida vale menos que um telefone celular. 
Informações colhidas entre populares dão conta de que o assassinato de Luciano tem a ver ainda com os extermínios conhecidos do município de Poço Verde. Ou seja, mesmo após a morte de José Augusto, nossos jovens continuam sendo executados. Duro é saber que há pessoas de notório saber pregando nas redes sociais que “bandido bom é bandido morto”. Além de colocar todos numa agenda só, sem ao menos direito ter a uma investigação policial, estão condenando nossa juventude a viver a era da oportunidade única, mesmo com uma educação de péssima qualidade, numa sociedade administrada pelos mais variados corruptos. Será que vamos ter que aguardar aparecer um Sérgio Moro na segurança pública?