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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Os inelegíveis também amam

É muito difícil mudar um país como o nosso. Estamos acostumados a cometer erros e vem sempre alguém para passar a mão pela nossa cabeça. Também não temos a capacidade de assumir os nossos próprios erros. E a geração que vem aí parece não ser diferente. Hoje, ao abrir meu Facebook, leio uma mensagem de Alyne Stéfani de Andrade, filha do ex-prefeito Aroaldo Barbosa. Diz ela: “Caro Landisvalth Lima, gostaria muito de saber que males meu pai te fez, afinal, se ele fez, tenho certeza que ele gostaria de rever.
Não lhe enviarei um texto com o intuito de mostrar meu pai como um "herói", e nem expor os teus feitos, mas como eu e VOCÊ sabemos, tudo que ele te fez foi de bom coração, tal que, nunca lhe cobrou nada! Qual o motivo de tanta perseguição e falatório? Pratique/receba as dádivas da gratidão! Ela faz bem para o seu coração e para o mundo!”
É uma pena que uma adolescente veja um fato como uma perseguição. Talvez ela nem mesmo saiba o que diz. Está ali para defender o seu pai que, sem dúvida, é um homem que merece o carinho dos seus filhos. Aroaldo sempre foi um bom pai, dentro das limitações da nossa cultura. Mas quando foi que questionei sua posição como pai fraterno, amigo de todas as horas ou ofendi a sua dignidade? O artigo ironiza o fato de ele ter dito que estava limpo para ser candidato. Não está. Quem ainda tem dúvida, dê um clique AQUI.
Ninguém gosta de ouvir verdades. Sempre somos favoráveis a esconder debaixo do tapete os defeitos dos outros para que não vejam os nossos. Deveria ser o contrário. Precisamos estar sempre expostos para evitar os desvios de conduta, principalmente se estamos na vida pública. Se olharmos para as três listas, a do TCU – Tribunal de Contas da União; TCE – Tribunal de Contas do Estado e TCM – Tribunal de Contas dos Municípios, veremos milhares de pessoas impossibilitadas de serem candidatadas por inúmeras irregularidades, das mais simples até formação de quadrilha para roubar deliberadamente o parco dinheiro do nosso povo.
Portanto, Alyne, não tenho nada pessoal contra seu pai, que será meu amigo até o dia que quiser. Não me queixo de sua postagem. Ela prova que você tem um pai carinhoso. Continue a defendê-lo até o último momento possível. Os inelegíveis também amam. Só lamento neste episódio os que curtiram sua postagem. Eles não estão defendendo Aroaldo Barbosa. Procuram lenitivos para a dor da disputa eleitoral. Pode olhar a lista dos que curtiram. São todos ligados ao grupo político que, até bem poucos dias, queria a vereadora Ana Dalva para ser vice. Lamento mais ainda que, em Heliópolis, outros deveriam figurar nas três listas de inelegíveis, fazendo companhia a Aroaldo, inclusive gente que está hoje no palanque de Ildinho. E é bom que se diga: as irregularidades praticadas por Aroaldo são fichinhas diante de alguns nomes que sobem no palanque dele, e também no meu. (Landisvalth Lima)

Paripiranga: 4 chapas e opositores desunidos


Justino Neto (PV)
foto: Rodrygo Ferraz
Não tem jeito. A classe política precisa de uma renovação urgente. A tônica, em qualquer lugar da nossa região, é o interesse de pessoas e partidos prevalecer sobre os interesses do município. Numa série de reportagens sobre as eleições 2016, o Landisvalth Blog passou por Paripiranga, município que é referência no Brasil e na Bahia. Encravado na fronteira entre este estado e Sergipe, a cidade abriga um dos maiores centros universitários do Nordeste brasileiro, a Faculdades Ages. Nem mesmo a presença de uma academia de conhecimento foi suficiente para que seus políticos mudassem as práticas.
Patrick Di Ângelis (PSDB)
Foto: Facebook
Nas eleições deste ano, quatro grupos disputam 11 vagas na Câmara de Vereadores, a cadeira de prefeito e a de vice. Esperavam um embate entre o atual prefeito George Roberto Ribeiro (PSD) e os vários partidos de oposição. Depois que o procurador do Município, Alexandre Magno, foi acusado do assassinato do Dr. José Carlos, fechando de vez qualquer possibilidade de fazê-lo candidato do prefeito, esperava-se uma vitória fácil dos opositores do prefeito. O problema era unir tanto cacique numa só tribo. Para relembrar o caso do assassinato do Dr. José Carlos, veja vídeo de reportagem da TV Record a seguir.

A chapa que o prefeito George apresentou não agradou. Mais um motivo para se esperar a vitória dos opositores. Quem será candidato a prefeito é Marco Antônio de Bizé (Marco Antônio Menezes de Carvalho), do PSD, atual presidente da Câmara Municipal de Paripiranga. A sua vice será Neide Carvalho, também do PSD, e a preferida dos partidários do prefeito. Ela é esposa do vereador Jerônimo de Brício – Líder do prefeito na Câmara.
Jorge de Manuel de Lúcio (DEM)
Foto:Rodrigo Ferraz
Restava então à oposição, liderada pela viúva do Dr. José Carlos, dona Ivanúzia Andrade, juntar todos e formar a maior coalização de opositores da história do município. O problema já começou com a saída de Ivanúzia do PT. Esta separação foi fatal para o partido. Daí começam as desavenças que acabaram por gerar três candidaturas com opositores, facilitando o caminho do prefeito George Ribeiro.
Marco Antônio de Bizé (PSD)
Foto: TSE
Uma das chapas será encabeçada pelo empresário Justino Neto (PV). Seu vice será Marcelo Sales, vereador do PT, que foi eleito em 2012 pelo PTB. O nome mais forte seria o do vereador Wilson do PT. A este restará retornar à câmara, com boas possibilidades para isso. A outra chapa da oposição é liderada pelo advogado da família do Dr. José Carlos Patrick de Angelis, do PSDB. Seu vice será Bira de Gringo, PMDB, também advogado e casado com a vereadora Nany ou Geisilane Fraga, também do PMDB. A última chapa será composta por Jorge de Manuel de Lúcio, do DEM, como candidato a prefeito. Seu companheiro de chapa será o empresário José Augusto, do PSL. Esta última chapa terá o apoio do ex-prefeito Carlinhos.
Wilson do PT
foto: arquivo pessoal
Quando a gente pergunta porque não foi possível a união, a justificativas são as mais estapafúrdias. Falam em incompatibilidade de partidos, proibições de coligações com partido A ou B. Mas como justificar o PSDB e o DEM separados por uma candidatura? Justificar o PT contra o PSDB não vale. Ambos estavam juntos na eleição passada. Havia a coligação Paripiranga tem uma Esperança, que reunia PT - PTB - PMDB - PSC - PPS - PSDB e PC do B. Quatro anos depois não dá mais? Qual dos políticos mudou tão radicalmente o seu modo de pensar em Paripiranga? 
Na verdade, a possibilidade de o povo ir para as urnas para corrigir a injustiça que fizeram com o Dr. José Carlos, o que fatalmente cravaria um nome da oposição, fez despertar nos vários políticos a sensação ambiciosa do “agora é minha vez”. E era uma vez uma união. Quem poderia também liderar esta tomada de consciência seria Ivanúzia Andrade, que, por motivos ainda não revelados, largou o barco à deriva. Ela preferiu acreditar no seu advogado, o Patrick Di Ângelis. Vai para a eleição menos forte do que poderia. Resta saber se isso será suficiente para chegar à prefeitura de Paripiranga e realizar o sonho que arrancaram violentamente do seu marido. 

Aroaldo está sujinho, sujinho!

      
Aroaldo Barbosa (PP)
       Quando se ventilou a indicação do ex-prefeito Aroaldo Barbosa para vice-prefeito na chapa do vereador José Mendonça, perguntaram a ele se sua situação com a justiça estava resolvida. Aroaldo respondeu prontamente: "Limpinho, limpinho!". Ou o ex-prefeito está desinformado ou tentou cruzar a bola na área para fazer um gol inesperado. Como barriga de mulher grávida, sem ultrassonografia, e cabeça de juiz são campos de interrogação e ninguém sabe o que vai dar, pode ser que ele até marque o gol, mas não é o que verificamos numa rápida pesquisa que fizemos. Na verdade, o nosso ex-prefeito está sujinho, sujinho.
       Aroaldo Barbosa foi condenado em dois processos no Tribunal de Contas do Estado da Bahia. O primeiro de nº TCE/003740, aberto em 2003 e julgado em 19 de junho de 2009. Aqui ele está inelegível por 8 anos, a partir da data da decisão. Portanto, só estará livre em 2017. O segundo, TCE/008485, também aberto em 2003, foi julgado em 14 de novembro de 2013 e só estará livre da pena em 2021. Ambos os processos tratam de desvios de recursos estaduais mandados para o município e não cabe mais apelação. São irrecorríveis.
       Para azar do vereador Mendonça, a novela da escolha do vice parece não ter fim. Ele poderá optar por uma batalha judicial longa, mas com final já escrito, ou mudar logo o seu companheiro de chapa. O filho de Aroaldo, Adilson Barbosa, poderia ser uma boa opção, mas não quer nem ouvir falar. Pelos corredores pardalescos já falam no nome do ex-vice-prefeito José Andrade Guerra (PT), mas isso levaria outro prejuízo para a já combalida chapa de vereadores, reduzida a apenas 8 nomes. Os dias não estão tranquilos e favoráveis para o lado da oposição. Para piorar, o tempo não para e os prazos estão cada vez mais exíguos.