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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Bandidos assaltam ônibus em Heliópolis

Já não há mais como viver tranquilo na zona rural dos municípios de nossa região. Os bandidos estão agora atacando moradores nas regiões mais distantes da sede da municipalidade, onde manter policiamento constante é atualmente impossível. Sabendo da quantidade insuficiente de policias, os meliantes atacam em locais onde outrora reinava a tranquilidade. Nesta manhã de sábado (14), dois homens armadas assaltaram um ônibus e mais dois veículos na localidade de Arrozal, distante 18 quilômetros da cidade de Heliópolis.
Eram sete horas da manhã quando o ônibus dirigido por Dãozinho do Arrozal foi abordado por dois bandidos. Ambos estavam armados. Um deles ostentava dois revólveres e, da porta do veículo, ameaçava os passageiros. O outro meliante colocava o revolver na cabeça das pessoas enquanto surrupiava seus pertences. Uma senhora disse que o bandido revistava até as partes íntimas de homens e mulheres em busca de algo de valor. Um passageiro ficou até sem os sapatos novos que inauguraria na feira de Heliópolis. Uma senhora conseguiu colocar 200 reais entre o pé e a sandália, mas não evitou que o bandido levasse 400 reais que estavam na bolsa. “Era o dinheiro de pagar o mercadinho”, disse. 
Após fazer o arrastão, os bandidos pediram para todos baixarem as cabeças e não olharem para eles. Usavam capacetes. Em seguida, quando passava uma motocicleta pelo local, fizeram o condutor também entrar no ônibus e levaram os seus 200 reais. Foram assaltadas cerca de 25 pessoas. Quando deixavam o local, ainda tiveram a ousadia de abordar um veículo que também iria para a feira de Heliópolis. Esta é a segunda vez que o ônibus é assaltado e os moradores da zona rural de Heliópolis já não sabem a quem apelar. “Nosso sossego acabou. Nem mais sair de casa para fazer feira a gente pode!”, desabafou uma senhora, vítima do arrastão.

Não houve golpe e o poste caiu

A expressão “Não vai ter golpe!” foi a mais perfeita plantada na mídia até aqui. Realmente, não houve golpe. Collor pode se queixar porque na época do seu impeachment não teve um debate tão exaustivo. Dilma Rousseff foi afastada do cargo depois do cumprimento fiel de todas as formalidades. Dilma caiu por seus próprios erros e teimosias. Ela nunca foi preparada para o cargo de presidente. Depois da louvação à mandioca, da meta dobrada sem ter meta e infinitas outras bobagens, ela mostrou que foi alçada à condição de presidente exatamente por não entender nada de administração. Usaram-na para continuar roubando o país. Só que o Brasil não aguentou. O poste caiu. Não! Não me venham para cá com essa coisa de preconceito. Não é preconceito. Dilma foi manipulada por Lula, depois por Mercadante, depois por Cardozo e até por Wagner. Ela ainda hoje diz que é golpe porque colocam no ouvido dela a expressão. E ainda dizem a ela que ela pode reverter o quadro. Agora que todos já perderam seus cargos, Dilma estará sozinha. Ninguém vai lutar para levantar o poste. É muito pesado e não vale mais a pena o sacrifício.

A pátria do terço

Mas há um terço do povo do nosso país que leva o Brasil nas costas. É esse povo que sabe o significado da palavra Pátria. Foram eles que estiveram nas ruas, em sua grande maioria, gritando por educação, saúde, infraestrutura, lazer, justiça, paz e pelo fim da corrupção. O que temos de democracia devemos a estes. Eles sabem que Pátria só tem sentido quando os benefícios são para todos. Presidentes, senadores, deputados, prefeitos, governadores, vereadores são funcionários públicos temporários. Eles não são poderosos. O poder somos nós, os mais de 200 milhões de brasileiros. Colocamos alguém em determinado cargo, e por tempo limitado, para resolver os problemas do país. Como posso defender alguém que quebra uma nação inteira! E nem quero saber se é do meu partido, meu parente, da minha rua, do meu estado! Isso não é BAxVI ou FLAxFLU. Estamos falando do destino de milhões de famílias. Nem mesmo os que cumprem com suas obrigações devem ser idolatrados. Terão os nossos eternos agradecimentos, mas só cumpriram a obrigação. Ser honesto, pagar em dia, dar publicidade às contas, fazer obras, cuidar da nossa educação e outras atividades não podem ser vistos como batalhas heroicas. Está no cardápio de qualquer bom administrador. Não são tarefas para deuses. Quando este terço virar maioria, aí sim teremos uma Pátria Democrática.

Idolatria e puxa-saquismo


Mas, cuidado! É preciso separar os idolatradores dos puxa-sacos. Os primeiros acreditam sempre e demoram mais para cair na real. Já o puxa-saco idolatra até o fim da sua remuneração. Por exemplo, não demorará muito a gritaria dos sindicalistas sem os cargos comissionados. As bandeiras vermelhas serão guardadas. A estrela, a foice e o martelo enferrujarão. Só continuarão lutando aqueles que ainda querem a manutenção de suas posições confortáveis nos sindicatos da vida. Vale também para o presidente temporário. Vários senadores e deputados estão firmes e fortes com Temer, até quando os seus desejos forem contemplados. Não podemos condenar aqueles que vivem de benefícios. Não são idolatradores ou puxa-sacos. Lutam pela sobrevivência. Foram gratos a Sarney, a Collor, a Itamar, a Lula, a Dilma e serão gratos a Temer. Não se pode exigir de quem nada tem.

Idolatria que cega

Ainda não será desta vez que o país deitará eternamente no berço esplêndido da democracia. O espetáculo colorido das ruas é um bom começo, mas ainda não é argumento para dizermos que vivemos a democracia plena. Há quem diga que os dois processos de impeachment no intervalo de menos de 25 anos são indicativos da solidez do processo democrático. Não duvido disso. As instituições estão funcionando perfeitamente. O problema é a nossa visão de pátria. O Brasil ainda é menor que as nossas ideologias. Não dá para entender como uma pessoa consegue ainda defender alguém que avalizou a compra de uma refinaria, contribuindo para um rombo de mais de 1 bilhão de dólares. Pior ainda é saber que, mesmo após tantos debates, é fato encontrar pessoas capazes de dizer que Dilma Rousseff é vítima de um golpe. E nem aqui coloco a questão da competência administrativa. Só há uma razão para isso: Idolatria. Talvez percebamos porque prefeitos e governadores corruptos são eleitos, traficantes são ovacionados, assassinos são queridos em toda a nossa América Latina. Como nossa educação é uma falácia, nosso povo vive da idolatria. Não acredita nos honestos, não dá ouvido a verdades. Vivemos a ilusão da possibilidade do paraíso logo ali e achamos que o responsável por ainda não estarmos lá é o nosso vizinho, porque não pensa como nós pensamos.