A caminho do caos
Landisvalth Lima
Quero inicialmente tranquilizar
aos meus poucos leitores sobre as linhas que virão. Quando terminar a leitura
deste texto, garanto, a situação do Brasil estará um pouco pior. E a piora é
consequência da nossa incapacidade de parar, refletir, planejar e resolver o problema
definitivamente. Temos uma enorme capacidade de fantasiar quando a realidade
bate em nossa cara, principalmente quando nossa capacidade é colocada à prova.
É hora de aceitarmos a ideia fatal: o Brasil está caminhando para o caos e o
governo da presidente Dilma perdeu o rumo.
Prova da nossa tendência à
fantasia, talvez até para tentar esconder nossos erros, foi o ato do PT ontem
na ABI – Associação Brasileira de Imprensa – em defesa da Petrobrás. É
incrível! A empresa que é responsável por 10% do nosso PIB – Produto Interno
Bruto – está sendo destruída pelo próprio PT. O evento teve a participação do
ex-presidente Lula e de vários intelectuais que estão fazendo vistas grossas ao
rombo promovido pelo partido na estatal, mas orquestraram um tal esquema
internacional que está tentando enfraquecer a empresa brasileira. Segundo eles,
a prova é o rebaixamento da Petrobrás à condição de risco de investimento
especulativo. Em nenhum momento admitiram que o câncer da estatal tem três
tumores: PT, PMDB e PP.
Além desta deslavada corrupção
institucionalizada na Petrobrás, temos o movimento dos caminhoneiros fechando rodovias
em todo o país. Querem combustível mais barato, talvez no mesmo preço do resto
do mundo, e melhoria no preço do frete. O Diesel caro, mesmo com o barril de
petróleo em torno de 50 dólares, mostra que o Brasil está doente. Quando a
economia lá fora está mal, a Dilma diz que o problema aqui está lá fora. Quando
lá fora a coisa fica boa e a crise aqui continua, a culpa é da imprensa, dos
pessimistas, da herança maldita do PSDB e dos pilotos que derrubaram o avião
com o ex-governador Eduardo Campos, do PSB. Quem não tem culpa alguma é o PT,
muito menos a Dilma e o Lula.
A impressão que tenho é que a
desgraça está vindo em ritmo de dieta para não assustar. Reparem o caso do
aumento da violência. Na Bahia 12 jovens foram executados pela polícia e o
governador comparou com um artilheiro diante da possibilidade de fazer gol. Um
surfista foi executado por um policial em Santa Catarina e a televisão mostra
todos os dias policiais sendo mortos por bandidos armados até os dentes. Uma
verdadeira guerra! É fato que estamos diante de um massacre e urge
providências. Todos corremos perigo. No Piauí, a deputada federal Rejane Dias
(PT), primeira dama do estado, viu um policial, que cuidava da segurança da
família, morrer ao reagir a um assalto no momento em que familiares do
governador participavam de um culto evangélico.
Enquanto a violência grassa, o
desemprego aumenta na vida real, embora os números ainda não revelem. Sem
dinheiro para manter as obras no Estaleiro Paraguaçu, em Maragojipe – na Bahia,
a Enseada Indústria Naval (EIN), responsável pelo empreendimento, anunciou
ontem o encerramento precoce das atividades do Consórcio Estaleiro Paraguaçu
(CEP) – empresa responsável pelas obras de implantação do canteiro, que estão
82% finalizadas. Até sábado (28), serão demitidos os últimos 100 trabalhadores
do consórcio, que chegou a empregar diretamente sete mil pessoas no pico de
obras ano passado. Pergunte a um petista se isto é um problema. Ele certamente
vai dizer que é algo temporário ou dirá que a culpa é deste blog.
E o governo? Será que vai bem?
Claro que não. Foi feito um corte de 7 bilhões no orçamente da área da
educação. De cara, a equipe econômica segurou 30% das verbas destinadas às universidades
públicas. A conta do corte está chegando. O campus de São Cristóvão da
Universidade Federal de Sergipe (UFS) teve cortada a energia na manhã desta
quarta-feira (25) por falta de pagamento da fatura. E não são poucas as queixas
de contas atrasadas em várias embaixadas brasileiras pelo mundo afora. Até
atraso no pagamento do Pronatec, corte na grana do Fieis e outras desgraças confirmam
o avizinhamento do caos.
Mas temos alguns privilegiados
que não serão afetados. Um funcionário do HSBC revelou que temos próximo de 7
mil brasileiros privilegiados. Os arquivos do HSBC indicam que estes
correntistas brasileiros tinham cerca de US$ 7 bilhões em 2006 e 2007 no banco
em Genebra. O Brasil é o 9º país com o maior valor depositado no e 4º em número
de clientes. E isto há 8 anos. Podem ter certeza, quase toda esta grana é fruto
de desvios fiscais e de corrupção. Acredito que apenas aí descobriram a ponta
do iceberg. Ainda temos muitas desgraças a serem revelados no Banco do Brasil,
Caixa Econômica Federal, BNDES, Eletrobrás e outros. Por enquanto, estamos aguardando
Ricardo Pessoa, da UTC, delatar causos da minha Bahia, para que se possa tirar
algumas pessoas do mundo do faz-de-conta e da fantasia de um país que não
existe ainda. Quero que ele seja real, mas, para isso, precisamos enfrentar a realidade.
O Brasil não aguenta mais a administração do Partido dos Trabalhadores e da Dilma
Rousseff. Se insistirmos, é só uma questão de tempo, o caos estará logo aqui.
Heliópolis terá Posto de Atendimento da Justiça Eleitoral
Ana Dalva, Beto Fonseca, Dr. Lourival Trindade e Zeic Andrade (foto: Gabriel Fontes) |
O problema da transferência do
município de Heliópolis da zona eleitoral de Cícero Dantas para a de Ribeira do
Pombal foi resolvido a contento. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral da
Bahia (TRE-BA), Desembargador Lourival Almeida Trindade, encontrou uma solução
que agradou a todos. Heliópolis passará a ter um Posto de Atendimento da
Justiça Eleitoral na cidade. Acabarão os deslocamentos dos eleitores para o
cartório acanhado e sobrecarregado da cidade de Cícero Dantas. Embora continue
na 82ª Zona Eleitoral, o posto terá dois funcionários em um local exclusivo
para funcionamento do órgão. As despesas ficarão por conta da Prefeitura
Municipal de Heliópolis.
A decisão foi tomada numa
audiência nesta segunda-feira (23) no TRE – Tribunal Regional Eleitoral – em Salvador.
Compareceram ao evento os vereadores Giomar Evangelista, Ana Dalva Batista Reis,
Doriedson Oliveira, Zeic Andrade, Ronaldo Santana, Valdelício Dantas da Gama,
Claudivan Alves e José Mendonça Dantas. Também marcaram presença o secretário
de administração e finanças de Heliópolis Beto Fonseca, o vice-prefeito Gama
Neves, o advogado da câmara municipal Dr. Gabriel Fontes, o deputado estadual
Sandro Régis e o deputado Federal José Carlos Aleluia. O prefeito de Heliópolis
Ildefonso Andrade Fonseca chegou a marcar a viagem ao TRE, mas teve um mal
estar com aumento da pressão arterial e resolveu ficar em Heliópolis. Também o
vereador José Clóvis Pereira teve que comparecer a outro compromisso
pré-agendado e não foi a Salvador.
Gama Neves, José Carlos Aleluia e Sandro Régis no TRE (foto:Ana Dalva) |
O desembargador Lourival
Trindade fez ver aos presentes que não havia outra solução naquele momento a
tomar. Heliópolis será transferido para a 110ª Zona Eleitoral de Ribeira do Pombal,
desafogando o cartório de Cícero Dantas, e terá um Posto de
Atendimento da Justiça Eleitoral no município. Com isso, a sobrecarga de trabalhos na 82ª Zona Eleitoral de Cícero
Dantas será diminuída e o eleitor não precisará se deslocar para resolver seus problemas. O Juiz Eleitoral de Ribeira do Pombal só despacharia os processos de Heliópolis, o que facilitaria
sobremaneira os trabalhos. Para isso, a Prefeitura Municipal terá que arcar
com as despesas.
Inicialmente, o vice-prefeito
Gama Neves argumentou sobre o nível de independência do posto eleitoral, já que
seria subordinado financeiramente ao poder municipal. Técnicas do TRE presentes
ao encontro tranquilizaram a todos. Todas as decisões serão tomadas pelo juiz
eleitoral e o nível de informatização da Justiça Eleitoral na Bahia impediria
supostas fraudes. O desembargador Lourival Trindade deixou claro que temos o
processo eleitoral dos mais seguros do mundo e que a instalação deste posto em
Heliópolis é uma boa saída, já que o eleitor resolverá tudo em sua cidade.
Beto Fonseca, Zeic Andrade, Ronald Santana, Doriedson e Giomar Evangelista (foto: Ana Dalva) |
Falando pelo Poder Executivo,
Beto Fonseca se mostrou preocupado em haver no orçamento municipal rubrica para
tais gastos, mas aceitou de imediato a instalação do posto. A vereadora Ana
Dalva foi taxativa ao dizer que era a melhor solução e que não via outra saída.
O vereador Giomar Evangelista, como presidente do legislativo municipal,
agradeceu ao desembargador em nome dos vereadores a resposta positiva na resolução
do problema. Por fim, doutor Lourival Trindade agradeceu aos agentes públicos
de Heliópolis a presença e relevou que estava a cumprir decisões das resoluções
do TSE e lamentou os transtornos, mas reafirmou que a decisão tomada foi a mais
adequada. Espera-se que tudo seja oficializado nos mês de maio.
Obs. Alterações feitas na postagem com a colaboração de Gama Neves.
Obs. Alterações feitas na postagem com a colaboração de Gama Neves.
A Dakota, o desenvolvimento e o escravismo moderno
Landisvalth Lima
Linha de produção da Dakota (foto:Jairo Andrade) |
Muito já se falou, e é verdade,
do quão significativa é a instalação de uma fábrica numa cidade do interior.
Além de desenvolver a região, evita imigração para os grandes centros, já atolados
em problemas por causa da alta densidade demográfica. Desde a entrada em
funcionamento da fábrica da Dakota Calçados S/A em Poço Verde, em 1º de abril
de 2014, vive o município sergipano a expectativa de, agora sim,
desenvolver-se. Ocorre que não há desenvolvimento pleno sem qualidade de
vida. Não se pode medir progresso apenas pelo aumento do nível de emprego ou
arrecadação. Esta visão capitalista é selvagem.
Para entender o que aqui afirmo,
é preciso fazer um histórico rápido sobre a vinda do grupo Dakota para nossa
região. Fundada em 07 de dezembro de 1976, segundo informa o próprio portal, a
Dakota é atualmente uma das maiores empresas calçadistas da América Latina, com
8 fábricas distribuídas nos estados do Rio Grande do Sul, Ceará e Sergipe. Sua
capacidade de produção hoje é de 80.000 pares de calçados por dia, exportando
para todo o mundo. O grupo está dividido em três empresas: A Dakota S/A, que
mantém duas unidades no estado do Rio Grande do Sul, municípios de Sarandi e
Nova Petrópolis; a Dakota Nordeste S/A, com quatro unidades no estado do Ceará,
municípios de Quixadá, Maranguape, Russas e Iguatu e a Dakota Calçados S/A com duas
unidades no estado do Sergipe, municípios de Simão Dias e Poço Verde. Hoje, o
número de funcionários ultrapassa 12 mil em todo o grupo.
A empresa chegou a Poço Verde através
dos incentivos fiscal e locacional concedidos pelo Governo de Sergipe – por
meio do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI). O investimento para construção da fábrica no
município foi de exatos R$ 22.527.489,00, como informa detalhadamente o portal
da Prefeitura Municipal de Poço Verde. A previsão inicial era de gerar 300
empregos, mas hoje beira 500 empregados e falam que a meta é chegar aos 2.500
funcionários, mesmo número que abriga atualmente a fábrica em Simão Dias.
Portanto, a Dakota não veio para Poço Verde porque se encantou com o rio Real.
Ela terá isenção de vários impostos por 25 anos, já que uma lei do governo
Marcelo Déda ampliou o prazo que era de apenas 15 anos.
Dakota: calçados elegantes produzidos sob condições questionáveis |
Vários casos inaceitáveis chegam
aos nossos ouvidos e não são queixas de preguiçosos. Todos sabem que uma
fábrica tem que produzir bem e cada minuto perdido vale ouro. O trabalho é
intenso, mas não deve ser confundido com castigo. O empregado precisa de
conforto para realizar sua atividade laboral. Além disso, ele tem que sair de
casa e ir para o local de trabalho sem se parecer com alguém indo para a cadeia.
O funcionário tem que vestir a camisa da empresa, defendê-la com prazer como se
fosse um patrimônio também seu. Isto refletirá significativamente na produção e
o lucro será cada vez maior. Para isso, o trabalhador terá que ser tratado como
um colaborador, um coproprietário e receber dividendos do sucesso do empreendimento.
Dá a impressão que a Dakota está
se aproveitando da condição de ser a única fábrica em Poço Verde para colocar
em prática um dos mais modernos processos de escravidão, coisa que foi detectada
em empresas como a Zara. Essa coisa de vender a imagem de ser “chique” para o
mundo da alta moda, mas manter funcionários trabalhando em condições subumanas,
remunerando com o mínimo que a lei obriga não pode ser coisa aceitável numa
empresa em pleno século 21. Pior ainda é, em pleno Carnaval, obrigar todos a
comparecerem ao trabalho, inventando a desculpa esfarrapada de que não é feriado
municipal, como alegou a empresa em postagem no CNNPV, do professor Jorge Leal.
Será que o diretor industrial da Dakota, Onório Rodrigues da Silva, não sabe
que há empresas que precisam dos feriados para faturarem e que as pessoas
precisam do carnaval para desfilarem com suas Dakotas nos pés e viver um pouco
mais a vida? Acho eu que ele ainda não descobriu que o lazer não é só para quem
gosta, mas uma necessidade para o organismo. Afinal, viver é, acima de tudo,
ter qualidade de vida.
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