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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Prefeito de Heliópolis segue velho modelo e demite para diminuir despesas

                                     Landisvalth Lima
Ildinho está ajustando a máquina municipal
A mentalidade política dos gestores baianos não sofreu nenhuma mudança nestes novos tempos. Os vícios e as virtudes são os mesmos. O modelo de administração, que pensávamos estar com os dias contados, vive e cresce de forma assustadora. Não podíamos esperar que o prefeito Ildefonso Andrade Fonseca, o Ildinho, praticasse outro diferente. E a regra é a mesma: contratar para garantir o pão eleitoral e demitir para não ultrapassar o limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Em Heliópolis, Ildinho fez cabelo, barba, bigode e cavanhaque. Venceu tudo que tinha direito. Deu 80% dos votos a Rui, Dilma e quase isso a Otto, com a ajuda e bênçãos dos Pardais, fez o federal mais votado e os dois estaduais com maior número de votos. Todos eleitos. Agora vem a conta.
Ildinho ainda não se pronunciou, mas o setor financeiro da prefeitura diz que muitos dos demitidos retornarão em janeiro. Os contratados que estão sendo afastados, a maioria retornará no início de 2015. Apesar de o PT ter ganho a eleição, vários dos comissionados demitidos são do próprio Partido dos Trabalhadores, caso de Aderaldo Nobre. No caso da demissão de Zélia Maranduba, nada a ver com o enxugamento da máquina. As razões aí são políticas. E não é só Heliópolis que segue esta cartilha. Quase todas as prefeituras baianas iniciaram uma série de cortes nos gastos públicos, principalmente relacionados a cargos comissionados, para tentarem se adequar às exigências da LRF. A legislação determina que as despesas totais dos municípios não podem ultrapassar 60% da receita corrente líquida, o que, segundo os gestores, não é tão simples quanto parece.
No caso de Heliópolis, a receita até que aumentou de 2013 para 2014. Acorre que os aumentos salariais foram maiores. Também, o FPM não vem aumentando numa proporção de garantir a reposição dos gastos com a folha de pagamento. Além disso, tem a inflação. Segundo a prefeita de Cardeal da Silva e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria (PSB), a conta final considera a contratação de funcionários exigidos por programas do governo federal, o que faz com que os gastos no setor aumentem sem que haja uma flexibilização na cobrança do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). “Com a inflação, os municípios perderam poder de gerir receitas. A maior parte vive de repasses federais e todos os anos as despesas aumentam e recursos não. Precisamos de uma redistribuição para que cada município tenha condições de se manter sem que o gestor tenha que infringir a lei”, reclama. Quitéria afirma que a UPB solicitou, há um ano, que o TCM reconsiderasse a inclusão dos valores de iniciativas como o Programa Saúde da Família (PSF), Samu e o Mais Educação, o que poderia funcionar como uma “medida emergencial para esse momento de crise”. “Como as cidades não instituíram os programas mas são obrigados a contratar, isso implica no aumento dos gastos com pessoal. [...] Nós estamos regularmente dando subsídios ao tribunal, por meio de nossos advogados, para que eles entendam que essa alteração é necessária”, defende.
O prefeito de Itapetinga, José Carlos Moura (PT), confirma o problema. Nesta semana, ele determinou o corte de 25% do próprio salário, do pagamento do vice-prefeito e de todo secretariado, além do estabelecimento de turnões de funcionamento da administração pública. Segundo o gestor, a queda na arrecadação do segundo semestre foi a pior dos últimos seis anos de seu governo, o que fez com que fosse necessário um “freio de arrumação”. “Não é porque a máquina esteja inchada ou tenha gastos demais. Só em uma secretaria são 20 programas sociais. Para a UPA, que atente toda região, nós recebemos R$ 100 mil da União, mas gastamos R$ 270 mil. Eu não vou deixar de atender o povo porque o custo com uma enfermeira especializada ou com uma professora com mestrado é maior”, afirmou. Moura diz não saber o motivo que levou a arrecadação municipal cair além do esperado neste ano, mas supõe que a realização da Copa do Mundo ou as eleições podem ter influenciado na questão. “Cada ano, as despesas vão aumentando e temos coisas que não podemos parar. Você tem obras do governo federal que têm contrapartida e você tem que tirar do tesouro. A maioria das prefeituras está demitindo. É uma bola de neve”, avalia. Mesmo assim, José Carlos afirma ter o apoio da população para a realização das medidas que garantam a aprovação das contas da gestão. “A população está entendendo porque sabe que é uma situação temporária, que logo que estivermos estabelecidos nós vamos voltar. Não de maneira irresponsável, mas com mais pé no chão. Porque nós estamos cortando na própria carne. Vamos fazer um natal sustentável, com garrafas pet, e usar a criatividade. Mas é possível que a gente tenha que cortar mais, para tentar pagar o que falta do 13º dos servidores. Será que vamos ter dinheiro?”, questiona.
Em Heliópolis não será preciso cortar salários de prefeito, vice e secretários. Até porque os salários de prefeito e vice estão congelados há seis anos e seria algo inédito, com provável aceite imediato da população. Curioso é que isso só ocorre mais intensamente em época de eleição. Os prefeitos não querem perder e contratam para ter votos. Esta é a verdade. Fossem os cargos necessários ao funcionamento dos serviços públicos, não haveria cortes. Os cargos são, em sua maioria, políticos. Seria um sonho esperar compreensão de todos os demitidos. Sempre haverá rompimentos e Ildinho terá que ter jogo de cintura para não perder pontos no cenário eleitoral, caso esteja realmente pensando na reeleição. Em Heliópolis, ninguém ganha eleição por fazer um bom governo, mas por satisfazer vontades de grupos e famílias que “vivem” encastelados nos cargos comissionados da velha e boa Prefeitura Municipal de Heliópolis. 
Com informações complementares do Bahia Notícias.

Ildinho está se afastando do PT?

A demissão da Secretária de Assistência Social, Zélia Maranduba, pode ser um indicativo de que o prefeito já pensa em reeleição.
Zélia Maranduba fora da SMAS
Landisvalth Lima
O prefeito municipal de Heliópolis, Ildefonso Andrade Fonseca, o Ildinho, parece já estar pensando em 2016. O primeiro passo já foi dado: Maria Zizélia Maranduba, ex-vereadora e membro da executiva municipal do PT, foi demitida na última segunda-feira, o que deve ser oficializado no Diário Oficial ainda hoje. Ao contrário do que circulou no meio político, Zélia não pediu demissão. Chegou-se a falar que ela teria sido obrigada a demitir auxiliares em cargos de comissão para enxugamento da folha de pagamento e a secretária teria se negado. Em seguida pediu demissão. Mas não foi isso. Na verdade, Ildinho já não estava contente com a atuação de Antônio Jackson, esposo de Zélia.
Um dos principais nomes na importante vitória de Ildinho em 2012, Antônio Jackson já apresentava sinais de insatisfação com o prefeito. Para completar a situação, há queixas com relação ao desempenho de Antônio Jackson na formatação do programa Minha Casa Minha Vida. Há inclusive ações no Ministério Público. Para completar, o Programa das Cisternas, também comandado por ele, foi implementado sem a participação do prefeito. Como desgraça pouca é bobagem, o CMDS – Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável – gerou muita insatisfação com os vereadores da situação que, segundo afirma o próprio José Clovis, não foram convidados para a festa e nem escolheram o petista Zé Guerra para representá-los.
Tudo isso foi somando na paciência do prefeito que, dizem, não estava gostando de ter um aliado, o próprio Antônio Jackson, falando mal do alcaide nos quatro cantos do município. Inclusive pessoas testemunharam discussões entre os dois sobre estes falatórios, mas Jackson sempre negou tudo. Fato é que o PT perdeu sua melhor secretaria. Agora resta a de agricultura, ocupada por Zé Guerra. Não seria surpresa também que fosse demitido, já que formam um grupo só e não há sinais de que houve algum rompimento entre eles. A outra secretaria do PT não é bem do partido. Renilson Alves não assume a pasta pelo partido, mesmo estando filiado a ele. Seu filho é vereador pelo PTN, o Zeic Andrade.
O problema maior é que Ildinho, com o resultado da eleição, ganhou notoriedade com Wagner e com Rui Costa. O PT municipal não tem nenhum mandato e votou nos candidatos de Ildinho. Não há deputados estaduais ligados a eles. Estão isolados. Não conseguiram eleger Zé Guerra vereador e perderam referência eleitoral, embora tenham sido importantes na eleição do prefeito atual. O PDT, de Zé do Sertão, ao contrário, está reforçado. Recebeu uma ajuda significativa do prefeito e transformou Marcelo Nilo no mais votado daqui e deve manter suas duas secretarias – Educação e Chefia de Gabinete – mesmo não tendo mandato na Câmara de Vereadores. Para completar, Ildinho ainda foi ajudado pelo PCdoB, ou seja, pelos pardais.
O perigo da demissão de Zélia é a união PT, PCdoB e DEM. Se a rebeldia de Valdelício continuar, pode surgir aí uma Câmara marcadamente oposicionista. Por outro lado, o afastamento tira de Antônio Jackson vários programas sociais. Serão dois anos longe de mecanismos que Zélia e o marido sabem manejar muito bem para produzir votos. É aí que Ildinho poderá recuperar terreno e superar os danos naturais de uma demissão como essa. Aí a reeleição estará no papo, principalmente porque uma mosca disse que Gama Neves não está nenhum pouquinho interessado em concorrer para prefeito. E ainda tem a reforma política. Pode ser que todos os mandatos sejam prorrogados para 2018, sem que os prefeitos tenham direito à reeleição. Aí, tudo muda!

Bahia compra ferry-boats em salão de beleza

                                                 Landisvalth Lima
Ferry-boat Zumbi dos Palmares (foto:TV Bahia)
Já não mais assombra ninguém notícia sobre corrupção no Brasil. Depois que vi pessoas renomadas votarem em certos candidatos e justificarem com o argumento de que “roubam, mas promovem justiça social” entendi o motivo de tanto desmando no país. Pior ainda é aqui na Bahia. Todos parecem surdos, cegos e mudos quando o assunto é desvios de recursos públicos. Não chega a ser fato novo, mas a compra daqueles ferries fica cada vez mais sem explicação. Agora se sabe que a sede da empresa portuguesa Happy Frontier LDA, que vendeu dois ferry-boats gregos por R$ 55,8 milhões ao governo do estado, por meio de licitação, funciona em um salão de beleza, segundo reportagem do Correio desta terça-feira (4).
Não é de agora que a compra das embarcações tem sido questionada pelo representante de empresas gregas que desistiram da concorrência, Marcos Espinheira. Ele encaminhou denúncia ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Relator do processo, o conselheiro do TCE Pedro Lino afirmou, em entrevista ao portal Bahia Notícias, que havia “fortes indícios de crime” na aquisição dos ferries. A suspeita sobre a sede da empresa que firmou contrato com o governo baiano foi levantada inicialmente pelo professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Fernando Conceição, em seu blog.
Sede da empresa em Portugal (foto:Paula Cosme Pinto/Correio)
De acordo com o Correio, em novembro de 2013, quando vendeu os dois ferries, a Happyfrontier tinha como objeto o “comércio por grosso de electrodomésticos e afins, mobiliário e outros bens e equipamentos para o lar”. A empresa só mudou o objeto social e passou a vender navios a partir de abril deste ano. Ou seja, previram a besteira que fizeram e estão tentando consertar. Fosse num país sério, muita gente já estava na cadeia.
Quando os benditos ferres foram comprados, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) era chefiada pelo vice-governador, também titular da pasta, agora eleito senador, Otto Alencar (PSD). O atual titular da Seinfra, Marcus Cavalcanti, disse desconhecer que a empresa funcione em um salão de cabeleireiros, mas justificou que a legislação brasileira não obriga que o governo vá até a sede da empresa. Ele também afirma que a documentação dos navios, dos proprietários e dos procuradores foi analisada tanto pela pasta quanto pelo Ministério Público (MP), que não viram problema no fato de a Happy Frontier não ter autorização para comercializar navios à época do contrato. Claro que não há problema! Imaginem se alguém vá se importar em comprar carros em uma farmácia ou remédios em um abatedouro?

Com informações básicas do CORREIO e do Bahia Notícias.

Dados do CNJ: 31% dos corruptos são condenados no Brasil

Justiça do Maranhão é a que menos pune: só 3% são condenados. No Distrito Federal, taxa de condenação nesses processos é de 52%. Estados ainda têm 55,5 mil processos sobre corrupção esperando julgamento. Bahia é o 3º em quantidade de processos envolvendo corrupção e o 1º em ineficiência. Maranhão e Alagoas são os que menos condenam corruptos e corruptores. Dados são preliminares e compreendem ações iniciadas até dezembro de 2012
O combate à corrupção no Brasil acaba de receber um dado estatístico inédito: 31% dos processos sobre corrupção nas Justiças estaduais (casos de improbidade e crimes contra a administração pública) tiveram condenação dos réus em julgamentos realizados de janeiro a julho deste ano de 2014. Esse dado faz parte de um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que acaba de ser divulgado e foi analisado em primeira mão pelo Blog do Fernando Rodrigues, no portal UOL.
A meta da Justiça nos Estados era julgar 86.418 processos de corrupção iniciados até dezembro de 2012. Até julho deste ano, tinham sido julgados 30.911 (ou seja, 36% do total). No universo das 19 unidades da Federação que informaram dados completos, houve 6.107 condenações (31%). Não há como afirmar se esse percentual de condenações é baixo ou alto por uma simples razão: nunca na história do Poder Judiciário brasileiro essa estatística esteve disponível dessa forma.
É necessário também ressaltar que os dados – embora mais completos do que nunca – continuam precários. Só 19 das 27 unidades da Federação enviaram informações completas ao CNJ. Quando se observam os locais para os quais há estatísticas disponíveis, já é possível notar quais Justiças estaduais estão melhor ou pior em comparação com a média do país.
O Tribunal de Justiça do Maranhão, por exemplo, informou ao CNJ ter julgado de janeiro a julho deste ano 1.030 processos de improbidade administrativa e crimes contra a administração pública iniciados até dezembro de 2012 e decidido pela condenação em 33 deles –taxa de 3%. Esse baixo percentual de condenados por corrupção não é definitivo e deve ficar ainda menor. Os réus podem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal. A taxa de condenação por corrupção do Maranhão é a mais tímida entre os Estados compilados pelo CNJ.
O segundo Estado menos rigoroso com a punição de réus por corrupção é Alagoas, onde a taxa de condenação é de 12%. Até julho deste ano, o Tribunal de Justiça alagoano havia julgado 1.603 ações acumuladas sobre o tema. Em 199, houve condenação. Não existem dados precisos sobre o período exato em que os processos sobre corrupção foram iniciados nos Tribunais de Justiça dos Estados – por essa razão é impossível dizer quanto tempo demorou para que esses casos fossem julgados. Ainda assim, trata-se de uma rica estatística que antes não era conhecida no país. O Blog do Fernando Rodrigues fez uma compilação dos dados disponíveis, mostrados na tabela a seguir (clique na imagem para ampliar):
86,4 processos de corrupção
Como se observa na tabela, o estoque de processos sobre corrupção pendentes nos Tribunais de Justiça estaduais era de 86.418, para casos cuja tramitação teve início até dezembro de 2012. Essa informação se refere à Justiça de 26 das 27 unidades da Federação – a única exceção é Mato Grosso. Dos 86.418 processos, 30.911 foram julgados até julho deste ano de 2014. Ou seja, 36% foram analisados. Em agosto restavam ainda, pelo menos, 55.507 processos de corrupção esperando julgamentos nos Estados. Por que “pelo menos” 55.507 casos? Porque esses são os processos iniciados até dezembro de 2012. De lá para cá não se sabe quantos mais começaram a tramitar.
Quando se trata da eficiência para zerar a pilha de processos antigos sobre corrupção, descobre-se um paradoxo. A Justiça de Alagoas, a segunda menos rigorosa para condenar nesses casos, é ao mesmo tempo a melhor do Brasil quando se trata de limpar as gavetas: os juízes estaduais alagoanos conseguiram analisar 93% dos 1.723 processos que estavam na fila naquele Estado. É necessário cautela ao analisar esses dados. Não há informações qualitativas a respeito de como se deu o trâmite dos processos sobre corrupção em cada Estado. Só há números. Ainda assim, essa quantificação é uma novidade na Justiça brasileira, cujas informações sempre foram historicamente obscuras ou inexistentes. Todos os dados são preliminares e se referem a decisões proferidas no período de janeiro a julho deste ano no âmbito da Meta 4 de 2014 do CNJ. Essa meta foi aprovada pelos presidentes dos 90 tribunais brasileiros no 7º Encontro Nacional do Judiciário, em novembro de 2013. O objetivo é zerar, nas justiças estaduais, o estoque de processos sobre corrupção iniciados até dezembro de 2012.
O Tribunal de Justiça da Bahia é o mais atrasado no cumprimento da meta. Segundo o levantamento do CNJ, até julho apenas 427 processos dos 7.202 na fila haviam sido resolvidos –taxa de 6%. A unidade da Federação mais rigorosa para condenar réus em processos de improbidade administrativa e crimes contra a administração pública é o Distrito Federal. Foram 421 condenações em um universo de 1.141 processos – taxa de 52%. A capital federal também registra um bom desempenho para zerar o estoque de ações. Até julho, havia decidido 71% dos processos antigos.
Informatização e assimétrica da Justiça
Há muita assimetria na informatização do Judiciário e na disposição dos presidentes das cortes em colaborar com o CNJ. O Tribunal de Justiça de São Paulo ficou fora das estatísticas pois informou somente dados de processos de segunda instância, deixando lacunas sobre o desempenho da primeira instância. O pior exemplo vem do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, que até julho não havia informado nenhum dado ao CNJ. O conselho esclarece que os tribunais não são obrigados a declarar suas estatísticas, mas há um compromisso assinado por seus respectivos presidentes para que façam isso.
A Meta 4 do CNJ é menos rigorosa com a Justiça Federal e o Superior Tribunal de Justiça. Para eles, o objetivo é julgar 100% das ações distribuídas até 31 de dezembro de 2011 e 50% das ações distribuídas em 2012. O CNJ compilou os dados a partir de informações prestadas pelos próprios tribunais. O relatório completo, atualizado até setembro, será divulgado no VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário, em 10.nov.2014, em Florianópolis. E os dados do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte de Justiça do país? Não estão disponíveis para o CNJ. Por quê? Porque o STF não está submetido a ninguém e presta contas apenas da forma e quando desejar.

Do Blog do Fernando Rodrigues, com colaboração de Bruno Lupion, do portal UOL.

Ghavami, Yehya e Jabbari. Até quando?

                              Landisvalth Lima
Ghavami está presa
Que nós estamos ainda muito aquém do que poderíamos chamar de progresso não há dúvida, mas o que acontece no mundo iraniano é coisa para lá da idade média. Repasso aqui o que li no portal da revista Veja. Um tribunal do Irã condenou a um ano de prisão uma mulher com dupla nacionalidade, iraniana e britânica, por tentar ver uma partida de vôlei, o que viola as leis de segregação que proíbem mulheres de assistir a eventos esportivos masculinos, informou seu advogado, neste domingo. "Hoje, o presidente do tribunal me mostrou a sentença, na qual minha cliente é condenada a um ano de prisão." E ainda me dizem que votar num candidato por causa de uma bolsa qualquer é selvageria! É verdade que é, mas é um ato selvagem mais moderninho.
Ghoncheh Ghavami, de 25 anos, estudante de Direito na Universidade de Londres, foi detida em 20 de junho após ir com várias ativistas dos direitos das mulheres a uma partida da seleção iraniana de vôlei no estádio Azadi de Teerã. As jovens se manifestaram fora do centro esportivo exigindo liberdade para que as mulheres possam comparecer como público a este tipo de evento. Várias delas foram detidas pelas Forças de Segurança e liberadas sob fiança após poucas horas, mas Ghavami retornou à delegacia dez dias depois para reivindicar seus objetos pessoais e voltou a ser detida. Ela é acusada de "propaganda contra o Estado" e passou parte de sua detenção em uma cela de isolamento na prisão de Evin, no norte de Teerã.
A detenção de Ghavami, provocou o início de uma campanha internacional exigindo sua libertação. A plataforma www.change.org recebeu uma campanha intitulada #FreeGhonchehGhavami (Libertem Ghoncheh Ghavami), já assinada por mais de 700 mil pessoas. Anistia Internacional também pede sua libertação. A pergunta que não quer calar é: Se Ghavani fosse produto de uma relação comercial, que provocasse determinado prejuízo a algum país, providências já teriam sido tomadas? Quantas mulheres terão que morrer ou serem oprimidas para que o mundo dito civilizado acabe com o extremismo selvagem? Não devemos respeitar nenhuma lei que tire as liberdades individuais dos seres humanos.
Jabbari foi executada
E isso vem acontecendo com uma frequência assustadora. Um tribunal sudanês condenou em maio deste ano uma mulher à forca por apostasia (abandono da fé) depois que ela deixou o Islã e se casou com um homem cristão. "Nós demos-lhe três dias para se retratar, mas você insiste em não retornar ao islamismo. Por isso, condeno-a a ser enforcada até a morte", disse o juiz a mulher, segundo a rede BBC. Embaixadas ocidentais e grupos que defendem os direitos civis pressionam o Sudão a respeitar o direito de Meriam Yehya Ibrahim Ishag de escolher sua religião.  O Sudão tem uma população majoritariamente muçulmana e é regido pela lei islâmica.  A imprensa local relata que a mulher condenada está grávida de oito meses e por isso a sentença só será realizada após dois anos.
Voltando ao Irã, no sábado, véspera do segundo turno das eleições aqui no Brasil, a jovem Reyhaneh Jabbari, de 26 anos, foi condenada à morte pelo assassinato de um homem em julho de 2007. Organizações internacionais em defesa dos direitos humanos apelavam ao governo do país que poupasse a vida de Reyhaneh, alegando que a jovem matou Morteza Abdolali Sarbandi, um cirurgião e ex-funcionário do Ministério da Inteligência, em legítima defesa, após ser estuprada. As Nações Unidas afirmam que Reyhaneh nunca teve um julgamento justo. A execução foi confirmada pela agência de notícias oficial Irna. A Anistia Internacional informou, em um comunicado na sexta-feira que a mulher seria executada. Agora, na página criada pela organização em defesa de Reyhaneh aparece agora uma imagem com os dizeres "Descanse em Paz". Desde que a jovem foi condenada, ainda em 2007, artistas, membros da sociedade civil e organizações internacionais clamavam por clemência. 
Yehya está marcada para morrer
Enquanto esses fatos ocorrem, parece que a marca da roupa de uma atriz famosa tem mais leitores e desperta mais atenção nas redes sociais. Os direitos humanos não despertam interesses. Parece que estamos voltando à idade média, quando defendemos matadores contratados para executar jovens infratores ou inimigos pessoais. Estamos perdendo a sensibilidade com o ser humano e como ser humano. Os animais estão sendo tratados de forma mais civilizada. Lembro-me de uma americana que deixou toda sua fortuna para o seu cachorro e tratou a vida inteira os mendigos como excrementos humanos. Parece que estamos chegando ao fundo do poço da selvageria. Será que precisaremos de uma 3ª Grande Guerra Mundial para recuperarmos coisas como caráter, ética, honestidade, amor ao próximo, valorização da educação e da ciência, família, liberdade, igualdade e fraternidade? 

Fotos do corpo de Che Guevara são encontradas

Fotografias ficaram esquecidas por 47 anos
As fotos tiradas por um missionário espanhol ficaram esquecidas durante anos
Oito fotos inéditas tiradas do corpo de Ernesto "Che" Guevara foram reveladas 47 anos depois da morte do guerrilheiro argentino. As fotos estavam guardadas na casa de uma família na província espanhola de Zaragoza.
Após ter sido morto no povoado boliviano de La Higuera, na Bolívia, o corpo de Che foi transportado em um helicóptero até o hospital de Vallegrande. O corpo ficou exposto na lavanderia do hospital para que moradores, jornalistas e correspondentes tivessem certeza da morte do revolucionário.
Luis Cuartero, um missionário espanhol que estava na Bolívia naquela época, tirou fotos nesses dias em que o corpo ficou exposto no hospital e as levou para a Espanha. As fotos ficaram esquecidas durante anos.
Informações do CORREIO.