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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Dilma e Lula sabiam de tudo, diz Alberto Youssef à PF

Em depoimento prestado na última terça-feira, o doleiro que atuava como banco clandestino do petrolão implica a presidente e seu antecessor no esquema de corrupção
Robson Bonin – do portal da revista Veja
Na última terça-feira, o doleiro Alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de delação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, pôs os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se colocou à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais. A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado desde março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, o cabelo raspado e não cultiva mais a barba. O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras. Com a autoridade de quem atuava como o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da República. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.
— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.
Conheça, nesta edição de VEJA, os detalhes do depoimento que Alberto Youssef prestou às autoridades.

Enquanto isso.....

Jacques Wagner diz que corrupção não produz mais efeito
Conselheiro da campanha de Dilma Rousseff, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), afirmou nesta sexta-feira (24) que a discussão sobre corrupção se mostrou pouco eficaz neste momento da campanha presidencial, sem exercer influência na decisão de voto dos eleitores indecisos.
"O debate com troca de acusações ou sobre corrupção não produz mais efeito", disse Wagner, que se juntou à equipe que assessora a presidente para o último confronto com o tucano Aécio Neves, antes da eleição.
A edição da revista "Veja" deste fim de semana informou que o doleiro Alberto Yousseff, preso desde março em Curitiba (PR), disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. Wagner classificou o conteúdo da reportagem da Veja como uma "denúncia inconsistente" que se assemelha à "propaganda de campanha política". (UOL)
Infere-se da fala do governador que o político que meter a mão no erário público não será punido pelo eleitor. É lamentável um agente público pensar desta maneira.

Governo do PT esconde dados negativos para não prejudicar Dilma

Com disputa acirrada, brasileiros chegarão às urnas sem saber resultado da arrecadação e desempenho de alunos em português e matemática.
A verdade prejudicaria Dilma?
Que a administração de Dilma é um desastre, comparando-a com a de Lula, de FHC e Itamar Franco, todo mundo já sabe. Só não vê quem não quer. Agora, esconder a publicação de dados importantes na véspera da eleição é um casuísmo inaceitável numa democracia. Fato é que, segundo o Estadão, a revista Veja e a ISTOÉ, o governo federal adia a divulgação de indicadores sobre economia e educação pelo temor de que números negativos possam prejudicar a campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT). Em meio à acirrada disputa presidencial, os brasileiros chegarão às urnas no próximo domingo, portanto, sem conhecer o resultado da arrecadação de impostos e contribuições federais em setembro e da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). Reportagem do jornal Folha de S. Paulo relata nesta quinta-feira que o desempenho dos alunos da educação básica em provas de português e matemática também será um mistério até 26 de outubro.
Na semana passada, uma decisão inédita tomada pela direção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de proibir a publicação de estudos realizados pelos pesquisadores envolvendo dados públicos divulgados entre julho e o fim das eleições presidenciais, deu origem a mais uma crise interna. O diretor de estudos e políticas sociais do Ipea, Herton Araújo, colocou seu cargo à disposição por discordar da definição da cúpula do Instituto e pediu sua exoneração. Não se trata do primeiro estudo preso nas gavetas do Ipea. O site de VEJA revelou, em setembro, que o Instituto havia engavetado outro levantamento, desta vez, feito com base nos dados das declarações de Imposto de Renda de brasileiros, e que mostrava que a concentração de renda havia aumentado no Brasil entre 2006 e 2012. A tese, curiosamente, contraria o discurso recorrente dos governos petistas.
Depois de atrasar a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) relativos a 2013 no primeiro turno, o governo federal acabou por liberar o resultado do indicador – que mede a qualidade do ensino nos ciclos fundamental (1º a 9º ano) e médio de escolas públicas e privadas de todo o Brasil – sem detalhar o resultado dos alunos em cada âmbito, relata a Folha. Logo, não é possível saber qual o desempenho dos estudantes em português e matemática. Os dados conhecidos revelam que há estagnação nas duas etapas. Nos anos finais do fundamental e no médio, todos os indicadores gerais ficaram abaixo das metas previstas: isso inclui as médias nacional e das redes públicas (estaduais e municipais) e privadas. A exceção foi registrada nos anos iniciais do ensino fundamental, em que a única constatação negativa ficou na rede privada, que não atingiu a meta estabelecida.
Embora rejeite relação com a eleição, o governo ajustou o calendário de divulgação de dados econômicos de setembro para depois da votação. Ninguém quer repetir o chamado "efeito ovo". O episódio foi provocado pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, ao recomendar a troca de carne bovina por ovos ou frango por causa da inflação. A declaração foi usada na TV pelo candidato Aécio Neves (PSDB). Em resposta, Dilma teve de desautorizar publicamente o secretário.
A previsão é de que os dados sobre arrecadação, que não devem vir favoráveis, sejam divulgados na próxima quarta-feira, dia 29. Os números são tradicionalmente divulgados mais cedo, mas, mesmo assim, a Receita nega que a decisão tenha relação com a realização do segundo turno no próximo domingo. No ano passado, a divulgação dos dados ocorreu no dia 22 de outubro. Este ano, o anúncio ficou para os últimos dias do mês apenas em abril. Vale lembrar que na próxima terça-feira não deve haver expediente no Ministério da Fazenda por causa do feriado do Dia do Servidor Público. A divulgação dos dados da dívida pública federal será na segunda. A reunião do CMN foi adiada do dia 23, segundo constava no site do Banco Central, para o dia 30. A assessoria do BC informou que a data original foi escolhida, em princípio, para evitar proximidade com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para terça e quarta. A mudança teria sido ocasionada por questões de agenda.
O resultado desfavorável da arrecadação nos últimos meses tem dificultado o fechamento das contas do governo. A Receita esperava, no início do ano, um crescimento real de 3% em relação a 2013. Mas já reduziu a 1%, mesmo com o reforço de receitas extras, como o Refis. Em razão disso, as contas públicas devem registrar novo déficit primário em setembro. Técnicos do governo afirmam que "está uma paradeira geral" na área econômica nesta semana. Há decisões importantes que precisam ser tomadas até o fim do ano. A principal é a estratégia para a política fiscal. Com a piora das contas públicas em setembro, cujo anúncio ficou para a próxima semana, o governo terá de decidir se mudará a meta de superávit primário fixada para 2014 na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Uma fonte disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a discussão está parada à espera do resultado das eleições.

Meu Deus! Quanto tempo perdido!

                                                                 Landisvalth Lima
Agora muito pouco importa quem vencerá a eleição no próximo domingo. Caso vença Dilma, tudo será o mais do mesmo como sempre se fez ao longo da história deste país. Um ano somente será gasto para cobrir o rombo, não o da Petrobrás, mas o da eleição. Como o modelo está esgotado, o PMDB, PP, PCdoB, PT, PSD e outros, aos poucos, mandarão a fatura e nós pagaremos de bom grado. Afinal, foram tirados 22 milhões de famintos da linha da pobreza, mandamos o FMI para as cucuias, temos milhões de universitários promovidos por Fies, Prouni, estamos trabalhando como nunca com carteira assinada, a moçada está estudando no Pronatec e blá, blá, blá, blá! Uma maravilha! O preço? Uma Petrobrás, uma Eletrobrás, inúmeros escândalos de corrupção, mentira, incompetência, caos na saúde, baixa qualidade na educação, violência metralhando os nossos jovens carcomidos pelas drogas. Será a vitória do apelo de Chico Buarque numa época em que Robissão faz sucesso.
Vencendo Aécio Neves, também pararemos um ano para a desconstrução de todo o esquema petista de governar. Demorará para termos um novo governo e só nos restará esperar que o eleito não cometa erros e nos surpreenda com uma administração moderna e eficiente, confirmando a tese de Marina Silva de que a alternância de poder fará bem ao Brasil. É isso um dos pontos que me moverá até a urna para digitar o 45, sem medo. Sei que não tenho nenhuma garantia de uma futura eficiência de um governo de Aécio. Estou pautado apenas na esperança do cumprimento de suas promessas. E não me venham com a desculpa esfarrapada de que o PT fez e que, por isso, merece nova oportunidade. Nada justifica a corrupção. Se todos os problemas do país fossem resolvidos, mesmo assim, não justificariam o Mensalão, Pasadena, o rombo da Eletrobrás e outros. O PT foi ao governo para acabar com a política do toma-lá-dá-cá e hoje usa isso para dizer que melhorou a vida do povo, enterrando-se até o pescoço na lama espúria e fétida da corrupção.
Mas sinto que perdemos um longo tempo. Não vejo nada para os próximos quatro anos que me alegre, nem mesmo com a vitória de Aécio ou com a vitória de Dilma e uma inesperada tomada de atitude em direção à ética. Por quê? Porque ainda não aprendemos a usar o debate para entender o que está ocorrendo com o Brasil. Há horas que me sinto um idiota quando vejo 56 mil pessoas sendo assassinadas e não há nenhuma discussão concreta em prol de um plano para sanar o problema. Igor Rousseff e a irmã de Aécio tiveram mais espaço nos debates que a nossa malfadada insegurança pública! E me perdoem chamar isso de debate. Mas também eu estou querendo muito num país que dá 700 mil votos a Maluf, fichado em tudo quanto é polícia investigativa. Somos a sétima economia com mentalidade quintomundista! O descumprimento do piso nacional dos professores perdeu espaço para uma discussão inócua envolvendo Gays, Lésbicas, LGBT e outros. Está lá na Constituição que todos são iguais perante a Lei. Não precisamos criminalizar a homofobia! E o que temos a ver se alguém resolveu queimar sua rodinha ou seu cartucho? Pregar contra gays, defender união entre seres do mesmo sexo, defender o uso da Bíblia e outros elegem! Dá voto! Pregar contra a corrupção, apresentar projetos para a melhoria da educação, da saúde, da segurança pública são coisas chatas e contribuem com a sua derrota!
Estamos perdidos no tempo e não sabemos para onde ir. Porque se alguém vota para preservar seu bolsa-família a gente até entende. Mas ver um professor votar e defender um Nelson Pelegrino ou Daniel Almeida, depois do que eles fizeram com a classe naquela greve de 115 dias, é decepcionante. Os mesmos professores votaram com orgulho no futuro governador, o segundo principal responsável pelo impasse da greve, já que o primeiro foi o atual governador. E isso sem nenhuma garantia ou discussão para a reposição dos percentuais legais que não foram acrescidos aos salários. Perdemos mais uma vez. Foram quatro anos jogados na lata do lixo. Nos próximos quatro seremos engolidos pelo peleguismo! Não temos mais armas para lutar. Era a eleição o nosso palanque. Usaríamos o debate para garantir melhorias nas inúmeras áreas problemáticas. Fraquejamos por pieguismo, preguiça, arrogância, teimosia, incapacidade de olhar para o futuro, ação de fechar os olhos e não ver o mal maior, efetivo, cancerígeno e assombrador: a corrupção! Tínhamos gente nova para elegermos! Ideias novas! O que fizemos? Elegemos o congresso mais conservador das últimas décadas! Tínhamos Marina Silva e a demonizamos! Voltamos ao velho round PT X PSDB. E não sei se rio ou se choro quando vejo babacas comparando Aécio com o governo FHC e sem conseguir separar o governo Dilma do governo Lula. E ainda intelectuais dividindo o país em pobres e ricos, criando dicotomias piegas como a Mãe dos pobres X Filhinho de papai. Meu Deus! Quanto tempo perdido!
Vou para a urna envergonhado, sem esperança e à espera de um milagre!

A mentira como arma

                                   Izabelle Torres – da revista ISTOÉ
Aécio e Dilma frente a frente em debate
Os dois candidatos fazem ataques e denúncias e usam dados que o adversário tenta desmentir. Mas levantamento de ISTOÉ mostra que, na tática de distorcer dados, a campanha de Dilma tem ultrapassado todos os limites
Poucas vezes na história se viu uma campanha eleitoral tão agressiva e repleta de disputas de números distorcidos, acusações e um festival de mentiras. A competição entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) acirrou ainda mais o clima de animosidade dentro das campanhas. O tratamento entre os candidatos nas aparições públicas, especialmente nos debates, deixa claro que a mais aguerrida eleição presidencial transformou os adversários políticos em inimigos ferrenhos. Como aconteceu no primeiro turno, quando o PT investiu na desconstrução da candidata Marina Silva (PSB), o alvo agora é Aécio. Em vez de apresentar projetos para tirar o País da estagnação, Dilma optou por um gesto de desespero para virar o jogo e adota a estratégia da desconstrução do adversário, mesmo que o custo disso seja a divulgação de dados imprecisos e inverídicos. A disputa fica mais acirrada porque as estruturas de campanha cresceram absurdamente, estão mais profissionais e, a cada ano, mais caras. As guerrilhas virtuais contratadas para alimentar notícias, boatos e até calúnias loteiam as redes sociais com o tom da guerra em andamento. Para esclarecer aos eleitores o que há de verdade nos ataques trocados entre os candidatos, ISTOÉ se debruçou nos dados oficiais e em estudos sobre alguns dos temas mais recorrentes nessa disputa. O resultado (ver quadro) é um retrato evidente de que a candidata Dilma Rousseff tem se valido muito mais de informações falsas para acusar seu adversário do que o contrário.
Em alguns casos, a adulteração dos fatos de maneira fraudulenta deixa clara a intenção de ludibriar o eleitor. Um vídeo distribuído amiúde pelos petistas é uma prova do estratagema matreiro adotado pela campanha do PT. Na gravação, Aécio Neves aparece votando contra o projeto de valorização do salário mínimo em 2011, na sessão do Senado de 23 de fevereiro daquele ano. O vídeo distribuído nas redes sociais sofreu uma edição, com cortes dos minutos que antecedem a votação. A versão completa conta com o discurso do então líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), e do próprio Aécio Neves, explicando que os tucanos votariam contra a proposta porque o texto estabelecia salário de R$ 545 e eles defendiam um reajuste para R$ 600, um valor maior do que a proposta governista. A oposição foi derrotada por 55 x 17 e o salário fixado foi o valor desejado pelo governo. No debate da quinta-feira 16, Aécio fez referência ao vídeo para ilustrar a campanha de mentiras que ele acusa o PT de fazer. 
O debate foi o resumo da guerra travada entre os candidatos. Em vez da disputa de propostas e ideias, o encontro entre os dois envolveu denúncias de nepotismo, corrupção e, também, calúnias. Os presidenciáveis acusaram várias vezes o oponente de mentir. Apesar do tiroteio mútuo, na reta final da campanha, a estrutura de marketing do PT é inegavelmente quem mais investe pesado para desconstruir o adversário e despertar na sociedade um sentimento de medo de futuros tempos difíceis, com inflação descontrolada e desemprego em alta. Dilma afirma, por exemplo, que os governos do PSDB nunca investiram em programas sociais e não priorizaram os pobres, como faz o PT, que tirou 32 milhões de pessoas da pobreza e criou um mercado de consumo de massa. Na verdade, o governo Fernando Henrique Cardoso criou pelo menos 12 programas de transferência de renda. Em 2001, o governo gastou cerca de R$ 1,8 bilhão com os programas Bolsa Alimentação, Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), Bolsa Escola e Brasil Jovem. No ano seguinte, com a implantação do Vale Gás, o gasto foi a R$ 3,5 bilhões. Isso sem contar que o Bolsa Família, carro-chefe da política social do PT, é resultado da fusão e ampliação de todos os programas que já existiam desde os governos do PSDB. A campanha petista, com grande contribuição da presidenta Dilma Rousseff, também investe pesado para reduzir a credibilidade do economista Armínio Fraga, anunciado pelo candidato tucano como futuro ministro da Fazenda, caso ele seja eleito. No discurso eleitoral, Dilma insiste em que a escolha feita por Aécio representa o sinal de que, para controlar a inflação, serão feitos cortes que custarão os empregos dos brasileiros. Os ataques feitos a Fraga são dissonantes do que diziam os petistas em 2002 e 2003, quando herdaram a política econômica do governo tucano. Na época, Lula disse que o então presidente do BC era “competente”. Em seu livro, “Sobre Formigas e Cigarras”, o ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci, reconhece que o PT até cogitou manter Armínio por alguns meses à frente do Banco Central, quando o partido ascendeu ao poder. 
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