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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Educação: mais da metade dos professores dão aula sem ter formação na disciplina

FLÁVIA FOREQUE, MÁRCIO FALCÃO e FÁBIO TAKAHASHI – da Folha de São Paulo
Pouco mais da metade (55%) dos professores do ensino médio da rede pública do país não tem formação específica na área em que atua. Na Bahia esse número chega a 91,5%. Em números absolutos, o percentual equivale a quase 280 mil docentes do país. Em física, a proporção de especialistas na matéria cai a 17,7%; em química, a 33,3%. Na rede particular, a situação é só um pouco melhor: do total de professores, 47% não possuem a formação ideal.
O levantamento, inédito, foi tabulado pelo Inep (instituto de pesquisas do Ministério da Educação), a pedido da Folha. A base é o Censo Escolar de 2012 (o mais recente). Os últimos dados oficiais divulgados sobre deficit de professores no país referiam-se a uma estimativa da Capes (outro órgão da pasta), com informações de 2005, que englobavam também os anos finais do fundamental. Considerando as redes públicas e privadas juntas, hoje 53,5% dos docentes do ensino médio não têm a formação ideal. Naquele ano, eram 51% (fundamental e médio). A Bahia é o Estado que possui menor proporção de professores com a formação ideal (8,5%) no sistema público.
Fora da Lei
Na outra ponta da lista está o Distrito Federal (71%). São Paulo possui 57% - o Estado afirma que, se o professor não tem a formação específica na matéria, ao menos tem diploma em área correlata (por exemplo, docente de matemática para física). "Não existe uma oferta de profissional no ritmo que [a rede] precisa", reconhece o secretário de educação básica do Ministério da Educação, Romeu Caputo. Ele ressalta, porém, que parte do deficit é proveniente de matérias recentemente incorporadas ao currículo, como sociologia e filosofia.
Para Ana Lúcia Marques, diretora da escola Setor Leste, de Brasília, licenciatura faz diferença no ensino. A escola, referência de ensino público na capital, diz ter todo corpo docente com formação específica. "Uma pessoa que faz engenharia [e dá aula de física] pode ter o domínio do conteúdo, mas não aprendeu o manejo da classe, que também é extremamente necessário", disse a diretora. Para o professor de física no Distrito Federal Paulo Sérgio Alves, 54, a especialização não é um fator determinante, mas é importante. "Na área de física, a maioria dos professores é de matemática porque sabe resolver, mas falta definição do conceito, falta habilidade para passar de onde vem aquilo."
Na tentativa de reverter o quadro, o Ministério da Educação lançou o pacto nacional para o fortalecimento do ensino médio. A medida prevê a realização, a partir do próximo ano, do curso de formação continuada para docentes da rede pública. Serão 90 horas de capacitação, com bolsa mensal de R$ 200. O curso do ministério terá o objetivo não apenas de atualizar o conhecimento dos professores na área de atuação como desenvolver atividades para aproximá-lo dos alunos em sala de aula, afirma o secretário da área.
Escolas privadas preveem apagão de docentes
A rede privada está em situação um pouco melhor do que a pública, mas apresenta percentuais baixos em algumas disciplinas. Em 2012, de um total de 99.795 funções docentes, 52.863 (52,97%) tinham formação específica. As disciplinas mais "deficitárias" são as mesmas que as da pública, mas com indicadores melhores. Em física, por exemplo, pouco mais de um terço tem licenciatura na área, o que representa quase o dobro do percentual dos professores dessa matéria na rede pública.
A presidente da Fenep (Federação das escolas privadas), Amábile Pacios, afirmou que o setor tem dificuldade em preencher vagas em determinadas disciplinas e aponta um "apagão" de mão de obra. Um dos motivos para esse cenário, avalia ela, é a baixa remuneração. "O apagão que a gente está anunciando há algum tempo não vem da falta de formação, mas da falta de incentivo dos professores para trabalhar no ensino médio", afirmou Amábile. "É um problema que todo mundo vai ter, porque os cursos de licenciaturas não são mais procurados", completou a dirigente. 
A Fenep, em parceria com a FGV, está fazendo uma radiografia dessa situação dos docentes. De acordo com o Inep, instituto responsável por apurar os dados do censo da educação básica, não é possível detalhar a formação do contingente de professores que declararam não ter licenciatura na matéria em que atuam. Segundo o Ministério da Educação, os professores sem a formação específica são convocados, normalmente, por meio de contratos temporários.

Filha do prefeito de Cipó recebe Bolsa Família

Romildo Ferreira - prefeito de Cipó-Ba.
Auditorias realizadas este ano pela Controladoria-Geral da União em 60 cidades brasileiras identificaram irregularidades na aplicação dos recursos por parte das prefeituras no Bolsa Família e na construção de creches, pré-escolas e Unidades Básicas de Saúde. As três iniciativas são bancadas pela União, mas executadas em conjunto com as administrações municipais, que recebem a verba federal sob uma série de condições, como a entrega de documentos para o começo de uma obra, a comprovação de que o projeto está em execução ou o envio de uma lista de beneficiários. Entre as ilegalidades apontadas pela CGU, aparece até mesmo a filha de um gestor como beneficiária do Bolsa Família. De acordo com a Folha de S. Paulo, a filha do atual prefeito do município baiano de Cipó, Romildo Ferreira Santos (PSD), recebe dinheiro do programa. Segundo o relatório do órgão – que não cita nomes – ela recebia mensalmente R$ 102 e sua renda per capita familiar era superior ao teto estabelecido pelo programa. O mesmo documento afirma que a prefeitura de Cipó alegou ter cancelado o benefício em 6 de março deste ano. O Município, porém, não apresentou documentos para comprovar a suspensão do pagamento. Cabe aqui uma pergunta: Até tu, Romildo?

Informações da Folha de São Paulo e do Bahia Notícias.

Curtas doces e amargas do Natal

                                            Landisvalth Lima
Unidos no peru
Servidores e vereadores festejam o Natal na Câmara Municipal de Heliópolis (foto: Jorge Souza)
No almoço de confraternização da Câmara Municipal de Heliópolis no restaurante Tempero Nordestino, governo e oposição sentaram à mesma mesa. Não se preocupem, a paz reinou. Afinal, em mesa de comida boa não se fala em política. Antes, pela manhã, houve um Amigo Secreto Legislativo com funcionários e parlamentares. Gama Neves participou pela manhã, mas não pôde ir ao almoço. O prefeito Ildinho só pôde participar do almoço. Mendonça, Giomar e Claudivan mandaram ver. É uma oposição também boa de garfo. Ronaldo, Zeic, José Clóvis, Valdelício e Sabiá não tinham nem tempo para conversar. Ana Dalva resolveu quebrar o regime que nunca fez. Eu tomei apenas 2 uísques: um oferecido por José Clóvis e outro oferecido por Beto Fonseca. Os servidores da Câmara estavam radiantes. Enfim, alegria só. Afinal, é Natal e o rei é o peru.
Sindicato dos Trabalhadores
O Natal dos trabalhadores rurais pode ter sido mais alegre. Juarez e sua trupe renunciaram ao STRH de Heliópolis. Não foi um gesto nobre, mas para tentar tumultuar o que já está tumultuado. Como o Juiz do Trabalho de Euclides da Cunha resolveu não decidir nada, a diretoria provisória convocou nova Assembleia. No último dia 21, na Câmara Municipal de Heliópolis, cerca de 300 associados bateram o martelo e elegeram Maria do Beiju (Presidente), Agostinho Torres e Nalva para compor a nova junta diretiva. A chapa única foi a confirmação da união do grupo de Zé Guerra com o grupo de Edmeia Torres. Também na Assembleia foi decidida a quebra do cadeado que Juarez colocou na grade, impedindo a entrada dos associados. O STR de Heliópolis terá seu funcionamento regular e normal, bem como uma nova convocação de eleições. Será que teremos novamente 3 chapas? Será que tudo correrá sem mais problemas? Esperamos que o espírito do Natal contamine os sindicalistas.
Concurso de Heliópolis
A concorrência para os cargos do concurso de Heliópolis é altíssima. Ao todo, 4.300 estão disputando as pouco mais de 100 vagas. O cargo mais concorrido é de Auxiliar de Serviços Gerais: 1588 concurseiros. Para quem acha que ninguém quer ser mais professor, 1246 vão disputar as 50 vagas oficiais. Agente de Endemias é o terceiro mais disputado, com 383 concorrentes. Para saber a quantidade de concorrentes, dê um clique aqui. As provas serão realizadas dia 5 de Janeiro próximo.
Reprovação em alta
Pensei que era apenas uma questão localizada em Língua Portuguesa. Não é. Fato concreto: nossos alunos não estão levando a sério a educação, na sua esmagadora maioria. Parece que virou uma espécie de serviço burocrático. Ninguém mais encara como o desafio de aprender, mas como o desafio de passar sem aprender. Este foi o ano da reprovação, principalmente no Ensino Médio. Os professores estão arrasados. Os alunos, mais arrasados ainda. Só alguns.
Sem Natal
Quem não tem nada a comemorar neste final de ano são os terceirizados e contratados em regime PST da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Muitos estiveram em Ribeira do Amparo e chamaram a atenção do governador. Este prometeu pagar. Só que até o Natal nada havia sido pago. Nada de peru, nem frango, nem nada. Tem servidor terceirizado espirrando no fogão a lenha para economizar assopro.
Sky problemática 
Não desejo ao pior inimigo necessitar de cancelar contrato com a Sky. Contabilizei quase duas horas ao telefone para conseguir o protocolo de cancelamento. Isso porque eles colocaram o canal HBO no meu pacote, sem que eu autorizasse. É aquela coisa do “se colar colou”. Cheguei a pagar ainda alguns meses, mas descobri o problema em pleno Natal e acionei o “eu Noel”. Na primeira tentativa, a linha caiu. Na segunda, a atendente disse que não estava ouvindo os clientes por problemas no sistema e pediu que ligasse novamente. Na terceira ocorreu o mesmo problema. Na quarta fiquei ouvindo “só um momento, por favor” até ficar 34 minutos sem ouvir mais nada. Na quinta, finalmente, depois de 44 minutos, consegui cancelar minha assinatura. Vale a pena ouvir Gisele dizer na propaganda: “Sky, você na frente sempre!”, mas do telefone.

Chico Mendes ainda divide o Acre

Para alguns seringueiros, manejo da floresta para a exploração de madeira é uma maneira de legalizar o desmatamento; outros afirmam que proposta é uma forma de evitar o predomínio da atividade pecuária
Leonêncio Nossa, Enviado especial de O Estado de São Paulo a Xapuri
Chico Mendes ao lado de Mary Alegretti (foto: G1)
Madeira e carne de boi são os produtos que animam negociantes e aventureiros a percorrer a estrada de terra da Sibéria, região inóspita de floresta em Xapuri, no Acre. As famílias desse lugar isolado da Amazônia têm dificuldades para escoar até o centro do município, a 40 quilômetros, a borracha e a castanha, marcas do modelo de desenvolvimento sustentável defendido pelo líder seringueiro Chico Mendes, morto há exatos 25 anos.
Um jovem casal de seringueiros que era criança quando o ambientalista sofreu emboscada tem perdido o sono com a proposta de manejo florestal. Francisco Diogo da Silva, 39 anos, a mulher Elizângela, 33, e cinco filhos vivem numa "colocação", um pedaço de terra numa área extrativista. Ele é favorável à proposta recebida de uma associação certificada para explorar a madeira. A mulher rejeita a ideia. "O manejo é uma tiração geral de árvores. Nunca achei que seria legal. Se é reserva, tem de proteger", afirma Elizângela. O marido diz acreditar que a retirada de cedros pode ser uma ajuda a mais. "A seringa e a castanha não têm preço bom. Vou participar no primeiro ano. Se não tiver fundamento, não trabalho mais."
O legado de Chico Mendes rende discussões diárias nas terras transformadas em reservas extrativistas ou desapropriadas pelo governo logo após o assassinato. Para uns, o manejo é a legalização do desmatamento. Para outros, uma forma de evitar o predomínio da pecuária. A exploração comercial de madeira divide até aliados do ambientalista que hoje controlam a política do Acre.
Francisco vive na "colocação" desde a adolescência, quando o pai participava dos "empates" - movimentos de resistência organizados por Chico Mendes à entrada de pecuaristas que compravam a preços baixos seringais, expulsando famílias de trabalhadores. Nesses últimos 25 anos, a Sibéria perdeu parte de sua floresta. A caça desapareceu da mata. Quando o Estado chegou à "colocação", o casal estava fora, numa caça. Sani, o filho mais velho, de 13 anos, diz que nos dias anteriores os pais voltaram sem "bicho" nas costas.
Desmate. Desde a noite de 22 de dezembro de 1988, quando caiu na porta dos fundos de sua casa, atingido pelo tiro de escopeta disparado pelo filho de um fazendeiro, Chico Mendes, amigo do pai de Francisco, transformou-se num ícone internacional e expandiu o movimento em defesa do meio ambiente no País. O mito, porém, não evitou que a área desmatada do Acre passasse de 6 mil para 19 mil km². O Estado perdeu um trecho de cobertura vegetal que corresponde a nove vezes a área do município de São Paulo - ainda assim, a floresta cobre mais de 85% do território acriano. Em Xapuri, onde se concentra a agricultura de subsistência e as atividades de extrativismo, o desmatamento atinge 22% das terras.
Francisco e Elizângela afirmam que a vida melhorou "bastante" desde o tempo em que ouviam as conversas dos pais com Chico Mendes. Uma pequena motocicleta no quintal de casa é um bem que orgulha a família. Eles observam, no entanto, que o dia a dia continua duro. Elizângela reclama da dificuldade em garantir os estudos dos filhos.
O motorista contratado pela prefeitura para fazer o transporte escolar na região deixou de aparecer. O filho Sani costuma ir sozinho na motocicleta da família para a escola, localizada a seis quilômetros. "Quando Francisco não está em casa, a gente é obrigada a colocar o Sani em cima da moto. É um crime, mas não tem outro jeito", diz a mãe.
Renda. Em outro ponto da floresta de Xapuri, o seringueiro Silvano Moreira Gomes, 59 anos, da "colocação" Equador, diz que já "manejou" madeira três vezes. "Não arranjei renda. Madeira não dá futuro." Ele ocupa há 27 anos uma área de 300 hectares, com três estradas de seringa, 150 a 180 árvores em cada uma. Ganha R$ 220 por quinzena com a seringa. Ele mostra uma pequena montanha de 20 toras de angelins, árvore de madeira nobre, num descampado perto de sua propriedade. As madeiras foram arrancadas em agosto pela empresa que faz o manejo. Avalia que receberá R$ 8 mil pelos troncos. "Pagam R$ 60 por um metro de madeira, mas demoram para pagar", diz. "No clandestino, vale R$ 800."
Silvano conta que a retirada no manejo não impede que árvores "avós", grandes espécies que servem para garantir sementes, caiam depois com ventos, e estradas de seringas sejam destruídas. "Se eu tivesse outra renda, não deixaria tirarem as árvores", diz. "Se ele (Chico Mendes) estivesse vivo, o manejo não sairia. Está explorando a floresta do mesmo jeito e deixando o seringueiro sem árvore alta dentro."
Ele mora com a família de três filhos numa casa de cinco cômodos. Silvano observa que o pai, Jasson Moreira Gomes, que chegou ao Acre no tempo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), morreu sem ter uma terra própria. "Agora, moro no que é meu. Com todas as dificuldades que a gente vive, acho que o Chico foi um vencedor. Se não fosse ele, quem estaria aqui agora falando com vocês era fazendeiro." 
Quem percorre a região da Equador e da Sibéria percebe que os planos de manejo garantidos por normas criadas pelo governo federal enfrentam problemas. Na semana passada, o Imaflora, uma entidade que dá certificação ambiental, cancelou o selo de 14 madeireiras do Estado, alegando que foram usadas árvores de reservas ambientais e constatadas fraudes em documentos de cortes. No papel, o manejo corta apenas árvores de mais de 20 anos em áreas delimitadas, garantindo a recuperação da floresta. A fiscalização, porém, é ineficiente.

Ildinho faz reunião para arrumar a casa e quer um governo melhor em 2014

                                                     Landisvalth Lima
Reunião convocada para arrumar a casa (foto: Jorge Souza)
Depois de vivermos um ano que merece ser esquecido, parece que a administração do prefeito Ildefonso Fonseca acordou para o futuro. Nos últimos quinze dias, o prefeito e seu filho Beto Fonseca tentam unir os cacos políticos do vaso que se quebrou e esperam que a emenda fique melhor que o soneto. E parecem determinado a descentralizar toda a administração. Em suma, querem ouvir mais para fazer melhor. Para tanto, neste sábado foi realizada uma grande reunião com várias lideranças na fazenda Vaca Brava, de propriedade do prefeito, no município de Fátima. Compareceram, além do prefeito Ildinho e de Beto Fonseca, o vice-prefeito Gama Neves, os vereadores Zeic Andrade, Ronaldo, Ana Dalva, Valdelício, José Clovis e Raimundo Sabiá. Todos os secretários compareceram: Renilson Alves, José Guerra, José Quelton, Maria Zizélia. Além disso, várias lideranças dos quatro cantos do município.  
Prefeito Ildinho (foto: Jorge Souza)
A reunião foi aberta pelo prefeito Ildinho, explicando os motivos da convocação. Disse que queria ouvir a todos para organizar a casa. Foi, como sempre, muito humilde e cortês. Prometeu corrigir os erros da sua administração em 2014. Em seguida, Beto Fonseca reforçou o que disse o prefeito e pediu que procurassem o pai quando qualquer problema viesse a surgir, do ponto de vista político ao administrativo. Admitiu que algumas coisas acontecem e não chegam ao conhecimento de Ildinho, muitas delas produto da inexperiência de ambos. Beto foi claro ao dizer que em 2014 não poderá haver falhas. Será o ano da afirmação do governo Ildinho.
Beto Fonseca (foto: Jorge Souza)
Durante todo o evento, o clima de harmonia foi a tônica. Todos se esforçavam para que não houvesse atritos. Como a reunião foi para lavar a roupa suja e determinar novos caminhos, algum senão teria que acontecer. Aconteceram apenas dois. O primeiro foi logo no início. Quando eu cheguei ao local com Ana Dalva, o ex-prefeito Zé do Sertão se retirou. Sua esposa, Josefa Naudija, ainda ficou no local até o início do pronunciamento do professor Landisvalth Lima, quando resolveu se retirar. Os leitores entendam: Zé do Sertão foi acusado pelo Ministério Público Federal de Paulo Afonso, ao lado de outros dez ex-prefeitos, de desviar recursos da área de educação e nós publicamos aqui neste blog. A notícia está espalhada em jornais e blogues de toda a Bahia, mas ele resolveu escolher o Landisvalth Blog como seu algoz. Num programa em sua rádio comunitária, a Heliópolis FM, disse cobras e lagartos a meu respeito e me chamou para um debate na própria emissora. Estou aguardando o comunicado oficial da Heliópolis FM para esclarecer o imbróglio. Só que a reunião já serviria para isso. Ele resolveu adiar a peleja. Estarei sempre aberto ao debate e coloco o e-mail deste blog para que ele possa explicar o que eu tenho a ver com o problema e para enviar a convocação para o debate (Landisvalth@oi.com.br). Isto não me tira o sono. Já perdi muitas noites, mas quando participei de inúmeras campanhas para elegê-lo prefeito e deputado.
Ildinho ladeado dos vereadores Sabiá, Zeic Andrade,
Ronaldo Santana e José Clovis
(foto: Jorge Souza)
O segundo senão ocorreu quando o vereador José Clovis Pereira, no seu mais entusiasta discurso de mimos ao prefeito, ao invés de apontar os problemas, aproveitando a oportunidade de ouro para melhorar a administração, num gesto bajulador e submisso, resolveu criticar os críticos do governo Ildinho, inclusive mandando indiretas ao Landisvalth Blog. Claro que não ficaria sem resposta. Na minha vez de falar, apontei pontos positivos do pronunciamento do vereador Ronaldo, que apontaram falhas na administração do trato com os vereadores, e disse ao vereador José Clovis que eu havia votado em Ildinho de graça, por isso estava livre para criticá-lo quando fosse oportuno. O vereador teve direito à réplica e disse que eu havia perdido uma eleição para diretor do José Dantas para mim mesmo. Claro que era uma grande mentira. A eleição foi anulada por falta de quórum, num boicote dos professores ligados ao prefeito e ao vice-prefeito eleitos da época. E eu fui candidato único por ter sido o único a ser aprovado num concurso. Só perderia para a falta de quórum em um dos quatro segmentos, o que aconteceu no segmento professor. Venci com os alunos, funcionários e pais de alunos. Zé Guerra era o vice-prefeito eleito e estava naquela reunião por ter sido vítima da sua própria articulação.
Landisvalth Lima (foto:Jorge Souza)
Fora isto, o clima foi até ameno. Até porque parece que muitos resolveram não colocar na mesa os problemas tão escancaradamente. Alguns até só fizeram elogiar. Em suma, Gil de Lia pediu a união de todos e disse que não se pode consertar os erros de quase trinta anos em uma só administração. Arnóbio comparou o grupo político a uma família, o policial civil Wellington enalteceu o trabalho do Delegado de Polícia, da Polícia Civil, mas disse que era preciso manter a viatura policial em Heliópolis. Aderaldo Nobre apontou problemas nas estradas do município, o que também foi apontado pelo Gildásio do Tanquinho. Zé de Abílio elogiou a iniciativa da reunião e pediu a união de todos. O secretário de Educação José Quelton apontou problemas na questão do transporte escolar e no despreparo de motoristas dos ônibus locados para com o alunado, além de ressaltar um ponto importante da sua pasta: não perseguição aos professores e funcionários. José Hamilton apontou falta de representação do interior do município no governo, José Sales criticou os ocupantes de cargos que se acham donos dos cargos e não contribuem com a administração.
Aparelho de Ultrassonografia e Mamógrafo
Gama Neves - Vice-prefeito (foto: Jorge Souza)
Também usou a palavra o vice-prefeito Gama Neves, que lamentou a ausência de algumas lideranças, fazendo com que a reunião perdesse o caráter político e administrativo. Disse que 2013 foi um ano difícil porque não houve separação entre gestão e política. Pregou a administração correta dos recursos e disse que via o governo Ildinho como uma grande secretaria de assistência social e que o município não suportaria isso por muito tempo. Solicitou que em 2014 se acabassem com as fofocas e intrigas e que era preciso tirar o “eu” da administração. No fim deu uma boa notícia: emenda do Deputado Federal Luís de Deus (DEM) destina a Heliópolis recursos para aquisição de um aparelho de Ultrassonografia e de um Mamógrafo, agora para 2014. Gama encerrou insistindo que não era entrave para a administração de Ildinho e se colocava mais uma vez pronto para ajudar no que fosse preciso, mas que não estava ali para viver um faz-de-conta.
Antonio Jackson, Zélia e Quelton (foto: Jorge Souza)
Ainda usaram a palavra Antônio Jackson, que solicitou o fim das inimizades no grupo e pediu ao prefeito a contratação de assessor de comunicação. Antônio de Ana, da Farmácia, elogiou a iniciativa da reunião. O secretário de agricultura Zé Guerra pediu o fim do egoísmo no grupo e disse que era preciso ir a busca de alternativas para melhorar a vida do povo. Também aproveitou para criticar este blog, alegando falta de espaço para contrapor (o que também não é verdade. O e-mail está nesta postagem). Ieié (José Robson R. Fonseca – que não é parente do prefeito) disse que o trabalho será julgado pelo povo e que era preciso todos trabalharem em equipe. Solicitou mais a presença do governo em eventos.
Coragem para ouvir críticas
Ana Dalva (foto: Jorge Souza)
Em seguida usou a palavra a vereadora Ana Dalva que disse que a maior capacidade de um político é ter a coragem para ouvir críticas. Na eleição, todos estavam unidos no palanque. Depois aconteceu o distanciamento. Ela disse que todos os dias ouve das pessoas só reclamações sobre o governo Ildinho e pediu várias vezes reuniões para ajudar a organizar a casa e que não deveríamos ter medo do atrito porque ele existe em todos os lugares. Ana Dalva foi taxativa ao dizer que não faz política pensando no melhor para si, mas naquilo que é melhor para o município.
Lideranças marcaram presença (foto: Jorge Souza)
Em seguida foi a minha vez. Comecei com uma queixa de Ildinho. “No seu blog só há críticas a mim. Eu não fiz nada de bom?”, disse-me em minha casa numa reunião anterior. Fiz ver a Ildinho que pagar em dia, conseguir recursos e outras coisas da administração são obrigações de qualquer administrador. Isso não pode ser um feito particular. Mas destaquei a não perseguição aos funcionários como o ponto alto de seu governo. Também aqui faço um acréscimo: esta reunião. Ildinho já tem 50 por cento do meu aplauso. O resto vai depender do que ele venha fazer daqui por diante. E apontei caminhos: a educação precisa melhorar, e muito, cortar cargos comissionados inúteis, marcar presença em várias áreas e, principalmente, reconquistar o apoio popular. Dei a ele três opções: continuar do jeito que estava, sem contar com a minha participação; fazer uma administração planejada, começando pela correção dos problemas maiores até chegar aos menores, de forma graduada e constante; e, por fim, fazer uma reformulação radical do governo imediatamente, cortando todo mal pela raiz de forma radical, meu grande sonho distante. 
O debate foi ouvido atentamente (foto: Jorge Souza)
A reunião foi encerrada na paz. Beto Fonseca prometeu melhorias significativas, inclusive com metas para as secretarias. Foi absolutamente aberto à crítica e deixou todos à vontade. Ninguém pode se queixar de não ter tido a oportunidade de apresentar propostas ou apontar falhas. Quem ficou apenas no elogio fácil, perdeu uma grande oportunidade de contribuir com a administração. Fato é que os dados estão lançados e precisamos aproveitar este momento sano da administração de Ildinho para dar a nossa contribuição. Estou aguardando agora o prefeito para confirmar, em atos, os gestos expostos na reunião, a primeira de todas as grandes e que, espero, aconteça mais vezes. Não sou afeito ao elogio fácil e ao puxa-saquismo, mas aqui afirmo que este foi, decididamente, o primeiro passo que o prefeito deu em busca de sua afirmação como prefeito de fato de Heliópolis. Se sua disposição continuar, jamais me arrependerei do voto dado na última eleição. Vamos aguardar.