Exclusivo!

Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Caos na saúde em Serrinha: Médico tem 12 empregos


     Informações colhidas no processo 4588, empenho nº 12 do mês de dezembro 2011, revelam que o médico Antônio Marcelo Alves Bello ganha mais de 10 mil reais e ainda trabalha em mais 11 instituições. O referido profissional trabalha, segundo o portal CNESnet, a relação dos empregos é a seguinte:
1 -MÉDICO CLINICO 2644711 HOSPITAL SANTANA PRIVADA – ativo -  VINCULO EMPREGATICIO: CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO.  
2- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 4022416. HOSPITAL MUNICIPAL DR JOSÉ MARIA DE MAGALHAES NETO MUNICIPAL.  
3- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 3900037 UNIDADE DE SAUDE DE REFERENCIA DE CONCEICAO DO COITE MUNICIPAL. 
4 - MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 2413671 HOSPITAL MATERNIDADE DR DERALDO MIRANDA.   
5- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 3251098 POLICLINICA MUNICIPAL DE IRARA
6- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA  2653125 HOSPITAL MUNICIPAL DE RETIROLANDIA
7- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 2601737 FUSAS MUNICIPAL. 
8- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 2644711 HOSPITAL SANTANA
9- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 2801914 HOSPITAL MUNICIPAL DE SERRINHA
10- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 2801922 HOSCA  
11- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 5424984 SAMEG.
12- MÉDICO ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA 4033027 CENTRO DE SAÚDE DE TEOFILANDIA.
     Pior de tudo é que as autoridades sabem do fato e não tomam providências. Parece até que tem gente que está sendo beneficiada, além do próprio dr. Antônio Marcelo. Serrinha continua sendo maltratada. Com a palavra o prefeito Osni Cardoso, do Partido dos Trabalhadores.
              (informações do portal CADEIA NELES)

CADEIA NELES: NEY DIZ COM GRANDE REVOLTA

CADEIA NELES: NEY DIZ COM GRANDE REVOLTA: O GRANDE AMIGO LANDSVALTHER QUE É UM PROFESSOR DA REDE ESTADUAL, ESCRITOR, E MILITANTE DO PT HA MAIS DE 30 ANES, DE GRANDE PERSONALIDADE E ...

“Privataria Tucana” atinge Coelba, PFL, Ilha do Urubu e PT


      Por David Mendes – do Bahia Notícias.
Amaury Ribeiro Júnior (foto: Andrei Amós)
     O autor do livro “A Privataria Tucana”, Amaury Ribeiro Júnior, que participou nesta quinta-feira (2), em Salvador, de uma discussão sobre a publicação, reafirmou, em entrevista ao Bahia Notícias, que o processo de privatização da Coelba (1997) e a doação das terras da Ilha do Urubu (2006), em Porto Seguro, foi conduzido através de “esquemas de corrupção e pagamento de propina”. Os dois casos são citados em sua publicação. “No que diz respeito à Bahia, as denúncias são baseadas em documentos da CPI do Banestado. Esses documentos mostram que o homem que definiu o processo de privatização da Coelba aqui na Bahia, Ricardo Sérgio Oliveira, recebeu propina do lobista do grupo Iberdrola, vencedora do processo, Gregório Marin Preciado. O dinheiro saiu de uma casa de câmbio na Espanha e, através de uma rede de doleiros do Banestado, foi depositado em uma offshore de Ricardo Sérgio no exterior”, disse. Ainda segundo o jornalista, tudo isso já está comprovado. “Já se sabia que tudo isso foi conduzido com esquema de propina e corrupção, mas agora está comprovado. O homem que levou o dinheiro da Previ (Banco do Brasil), que foi fundamental para o consórcio espanhol ganhar o processo, depois ganhou dinheiro de propina. Toda essa transação contou com a participação do governo estadual, através do elo entre o partido (PFL) e o PSDB nacional, através de Ricardo Sérgio, que era sócio de José Serra”, acusou. Em nota enviada ao site, a assessoria do ex-governador Paulo Souto (DEM) negou as acusações e acusou a obra de ser uma "tentativa de resposta política aos sucessivos episódios de desvio ético envolvendo o PT". "No livro citado nada existe que mostre que a menor incorreção do Governo da Bahia na condução do processo, o que, aliás foi atestado pelo resultado excepcional obtido e pelos sinais de acirrada concorrência no leilão", disse. O escritor garantiu que não sofreu ainda nenhum processo desde o lançamento do livro. "O PSDB prometeu uma avalanche de processos, mas até agora nada. Talvez, agora com o (José) Serra sendo candidato (em São Paulo), ele deve me processar para dizer nos discursos que me processou. O livro é demolidor, já vendeu 120 mil cópias, e se fosse uma mentira não venderia tanto assim”, disse.
     No livro “A Privataria Tucana”, que trata do processos de privatização ocorridos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o autor Amaury Ribeiro Júnior também reservou algumas páginas para relatar episódios que retratam as brigas internas também dentro do PT, durante o processo eleitoral que elegeu a presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao Bahia Notícias, o jornalista relatou os fatos: “Havia uma briga pela disputa de espaço, quando setores do PT plantaram dados do setor de inteligência na Revista Veja. Mas, todo esse processo já está sendo esclarecido, tanto é que uma parte já foi demitida, como o ex-ministro (Antonio) Palocci, que era ligado a esse grupo. A outra parte está ligada agora ao desvio de merenda (escolar), que são pessoas próximas ao presidente Rui Falcão. Essas pessoas estão sendo desmoralizadas por conta própria, isso acontece, e o livro também mostra isso", explicou. Para o escritor, que garantiu que não pretende ingressar na vida pública, o capítulo mostra, principalmente, a realidade dos bastidores de uma eleição presidencial. “Muitas vezes a briga interna é maior do que a briga de adversários”, afirmou. Para o deputado estadual Joseildo Ramos (PT), responsável pela realização da Sessão Especial na Assembleia Legislativa da Bahia, que discutiu nesta quinta-feira (1º) a publicação, sempre haverá essas disputas políticas entre os petistas. "Na história política do nosso partido, nós convivemos com essas contradições internas que não vão parar por aqui. Esconder para de baixo do tapete não resolve e não qualifica o processo. O PT tem expurgar os seus problemas internos e externos para que tenha vida. Então, é o meu papel como petista lançar luzes sobre essas questões", disse, em entrevista ao BN. Na avaliação do petista, o livro, mesmo que aponta problemas dentro do PT, é um "relatório bem feito". "A verdade é pétrea e, na hora que você tem, inclusive, a comprovação que todas as informações foram obtidas por meio lícitos, através de documentos públicos, através de uma ação de exceção da verdade, ou seja, ele se coloca na condição de não ser alcançado pela Justiça, porque o que ele disse, efetivamente, ele acaba de provar. Eu fico muito à vontade no plano político por levantar essa questão, e o parlamento não pode passar ao largo de uma situação tão importante como essa. Isso é um processo que cabe a qualquer petista que se respeita e, aquele que meteu a mão na massa de forma equivocada que 'se lixe', e que preste contas, inclusive, ao próprio partido", defendeu.

Policiais assaltantes do BB de Pombal estão presos


Presos recebem solidariedade dos colegas

     Quatro soldados da Polícia Militar e mais outras três pessoas acusadas de participação no assalto ao Banco do Brasil de Ribeira do Pombal foram presos esta semana, segundo anunciou nesta sexta-feira (2) o Departamento de Polícia do Interior (Depin). Ainda segundo informações da polícia, há 25 dias uma quadrilha com 13 homens roubou R$ 600 mil da agência do Banco do Brasil de Ribeira do Pombal. As equipes da Delegacia Territorial daquela cidade e do Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras (Garcif/Juazeiro) recuperaram cerca de R$ 200 mil, já devolvidos à direção do banco. O dinheiro estava enterrado em três locais diferentes na região. Os outros seis integrantes da quadrilha, que são de estados como São Paulo e Paraná, têm mandados de prisão e são procurados. A polícia também acredita que a quadrilha tem envolvimento nos assaltos às agências bancárias de Cícero Dantas, Cipó, Antas, Canudos e Adustina. O assalto aconteceu no dia 5 de fevereiro e os suspeitos começaram a ser presos no dia seguinte. Imagens das câmeras de segurança do banco, bem como denúncias da comunidade através do telefone 181, ajudaram a polícia a elucidar o crime. No momento da prisão, os policias receberam a solidariedade dos colegas de farda.
     Com informações complementares e foto do Bahia Notícias.

Morre Fernando Sant’Anna, Presidente de Honra do PPS


Fábio Bittencourt – do jornal A TARDE
Fernando Sant´Anna era considerado um dos últimos comunistas históricos do Brasil
Fernando Sant´Anna (1915-2012) - foto: Edson Ruiz/A Tarde
Ex-deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1958, e considerado um dos grandes nomes do comunismo no país - pela sua destacada atuação contra a ditadura militar nos anos 1960, quando já integrava os quadros do extinto Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Partidão”, - o também engenheiro civil de formação, Fernando Sant’Anna morreu, no final da tarde desta quinta (1º) em Salvador, vítima de um infarto fulminante, aos 96 anos.
O corpo do ex-deputado federal foi cremado às 17 horas no Jardim da Saudade. O ex-parlamentar, que estava internado no Hospital Português, era considerado, por seus pares, um dos últimos “comunistas históricos” vivos. Sant’Anna morreu no ano em que a corrente de pensamento (o comunismo) completaria 90 anos (em 25 de março).
“Ele foi contemporâneo de praticamente todas as gerações de comunistas do Brasil, nos últimos 60 anos. Era um exemplo de homem inspirado, mais pelas suas ideias do que por tantas outras virtudes. Firmes em seus ideais, com forte ligação com os interesses nacionais e um vigilante dos anseios do povo, Fernando Sant’Anna era uma figura rara. É, sem dúvida alguma, uma grande perda”, lamentou, na noite desta quinta, por telefone, o deputado federal e presidente regional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Daniel Almeida.
Natural de Irará, nascido em 1915, foi um dos primeiros opositores cassados pelo regime militar. Segundo a senadora Lídice da Mata (PSB), Fernando Sant’Anna era uma referência ética de um tempo que se fazia política com belas ideias.
“Ele era uma legenda da Bahia. Um comunista que representou contra o status quo dominante de uma época. Contestador de todos os chamados “valores” de uma média da sociedade. Um homem amplo, patrimônio do Estado”, disse a senadora.
Em 1988, foi um dos mais combativos constituintes, integrando a Comissão da Ordem Econômica da Constituinte. Desde o início da década de 90, era o presidente de honra do Partido Popular Socialista (PPS).

Eliana Calmon convoca os bons juízes a lutar contra os vagabundos


SILVIO NAVARRO – da Folha de São Paulo
Eliana Calmon - foto: Sergio Lima/Folhapress
A corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Eliana Calmon, voltou a criticar nesta sexta-feira "meia dúzia de vagabundos" que prejudica o Judiciário nacional. Em palestra para juízes federais em São Paulo na manhã de hoje, Calmon disse ficar refém de intimidações e diz que isso acontece porque "não se acredita no sistema".
"Muitas vezes, meia dúzia de vagabundos terminam por nos intimidar e nós ficamos reféns deles. Por que isso acaba acontecendo? Porque não se acredita no sistema. Ficamos pensando: 'Vou me expor, colocar minha carreira em risco para não dar em nada?'", perguntou.
Calmon, que foi alvo de críticas de associações de juízes como a AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) e a Ajufe (Associação de juízes federais) por supostos abusos nas investigações do conselho, pediu a ajuda aos "bons juízes" para continuar seu trabalho.
"A corregedoria quer apurar, não aceita que isso possa ser escondido, queremos trazer à luz aqueles que não merecem a nossa consideração", disse. "Um corregedor não faz isso sozinho. Preciso do meu exército, preciso dos bons juízes."
As declarações de Calmon acontecem após o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberar na última quarta-feira (29), investigações do CNJ em folhas de pagamento e declarações de renda de juízes e servidores de 22 tribunais do país. No fim do ano passado, as apurações foram suspensas por uma liminar do ministro do STF Ricardo Lewandowski.
O embate entre o CNJ e as entidades de juízes abriu uma crise no Judiciário que colocou em lados opostos ministros do STF. Em fevereiro, o Supremo reconheceu poderes de investigação do conselho.

Rapaz leva tiro na cabeça e só descobre dois meses depois


José Bonato - do portal UOL
A bala ficou alojada na cabeça e não atrapalhou a vida do rapaz
Um adolescente de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) ficou com uma bala alojada na cabeça durante dois meses sem ter conhecimento do que se tratava. O projétil foi retirado na última quarta-feira (29), na Santa Casa, e encaminhado à Polícia Civil para perícia. O rapaz, que tem 15 anos, passa bem.
Ele declarou ao hospital que comemorava o Ano Novo na companhia de amigos na rua do bairro onde mora, o Parque Ribeirão, quando ouviu um barulho e sentiu uma queimadura na parte de trás da cabeça. “A dor foi passageira, e continuei a comemorar o Ano Novo normalmente.”
O adolescente falou que, dias depois, surgiu um calombo na região onde sentiu a dor. Mas ele preferiu não comentar com ninguém em casa. A avó do rapaz, Zuleika Vital, ao tomar conhecimento do caso, achou melhor levá-lo ao médico porque suspeitou que fosse um tumor. “Para nós ele falou que tinha caído da bicicleta”, disse a avó.
A bala alojada no crânio não chegou a atrapalhar a rotina do jovem nesses últimos dois meses. Ele jogou bola normalmente com os amigos do bairro.
Extraiu a bala e foi para casa
A Santa Casa divulgou nota na qual afirma que, ao dar entrada no hospital, o garoto não apresentava “ferimentos no couro cabeludo nem ocorrências intracranianas” e que os médicos suspeitaram se tratar de um projétil. A extração da bala foi feita no ambulatório, sem necessidade de anestesia geral, e o adolescente foi liberado em seguida.

Militares peitam governo


Número de assinaturas em manifesto militar com críticas a ministras da presidente saltou de 98 para 235. Planalto decidiu punir quem aderiu ao documento. Os militares não reconhecem a autoridade do Ministro da Defesa.
Tânia Monteiro, de O Estado de S.Paulo
Militares em briga com o governo
BRASÍLIA - Não será fácil para os comandantes militares resolverem o imbróglio criado pela presidente Dilma Rousseff que decidiu punir todos os militares que assinaram o manifesto "Alerta à Nação - eles que venham, por aqui não passarão", que endossa as críticas a ela por não ter censurado suas ministras que pediram a revogação da lei de anistia. No novo documento os militares dizem ainda que não reconhecem a autoridade do ministro da Defesa, Celso Amorim. Inicialmente, o manifesto tinha 98 assinaturas e na quinta-feira, após terem tomando conhecimento da decisão de puni-los, o número de seguidores subiu para 235. Agora são três os generais de exército da reserva que assinam o manifesto e um deles é o ex-ministro do Superior Tribunal Militar (STM), Valdésio Guilherme de Figueiredo, adicionando um ingrediente político à lista, não só pelo posto que ocupou,mas também como antigo integrante da Corte Militar, tem pleno conhecimento de como seus pares julgam neste caso.
Nessa quinta-feira, 1º, o Ministério da Defesa passou o dia discutindo com que base legal os militares podem ser punidos. Nova reunião foi convocada pelo ministro Celso Amorim e os comandantes militares. Mas há divergências de como aplicar as punições. A Defesa entende que houve "ofensa à autoridade da cadeia de comando", incluindo aí a presidente Dilma e o ministro da Defesa. Amorim tem endossado esta tese e alimentado a presidente com estas informações. O ministro entende que os militares não estão emitindo opiniões na nota, mas sim atacando e criticando seus superiores hierárquicos, o que é crime, de acordo com o Estatuto dos Militares.
Só que, nos comandos, há diferentes pontos de vista sobre a lei 7.524, de 17 de julho de 1986, assinada pelo ex-presidente José Sarney, que diz que os militares da reserva podem se manifestar politicamente e não estão sujeitos a reprimendas. No artigo primeiro da lei está escrito que "respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público".
Esta zona cinzenta entre as legislações, de acordo com informações obtidas junto a militares, poderá levar os comandantes a serem processados até mesmo por "danos morais", quando aplicarem a punição de repreensão, determinada por Dilma. Nos comandos, há a preocupação, ainda, com o fato de que a lista de adeptos do manifesto só cresce, o que faria com que este tema virasse uma bola da neve. Há quem acredite que o assunto deva ser resolvido de uma outra forma, a partir de uma conversa da presidente  com os comandante militares, diretamente, para que fosse costurada uma saída política para este imbróglio que, na avaliação da caserna, parece não ter fim, já que a determinação do Planalto é de que todos que já assinaram e que venham ainda a aderir ao manifesto sejam punidos.

Eliana Calmon pede punição para juízes 'vagabundos'

  Eliana Calmon, a mesma que falou dos 'bandidos de toga', defendeu no Senado a retomada das investigações para proteger os magistrados sérios. A AMB não gostou.
     Felipe Recondo e Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
    BRASÍLIA – A corregedora-nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon (foto ao lado), afirmou nesta terça-feira, 28, que é preciso expor as mazelas do Judiciário e punir juízes “vagabundos” para proteger os magistrados honestos que, ela ressaltou, são a maioria. “Faço isso em prol da magistratura séria e decente e que não pode ser confundida com meia dúzia de vagabundos que estão infiltrados na magistratura”, disse em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para discutir a proposta de emenda constitucional que amplia e reforça os poderes correcionais do CNJ. No ano passado, declarações da ministra de que a magistratura brasileira enfrentava "gravíssimos problemas de infiltração de bandidos, escondidos atrás da toga" gerou crise entre o Judiciário e o CNJ. Na ocasião, Eliana Calmon defendia o poder de o órgão investigar magistrados suspeitos de cometer irregularidades. Nessa terça, a ministra afirmou ser necessário retomar a investigação que começou a ser feita no ano passado nos tribunais de Justiça para coibir pagamentos elevados e suspeitos a desembargadores e servidores. A investigação iniciada pelo CNJ no tribunal de Justiça de São Paulo e que seria estendida a outros 21 tribunais foi interrompida por uma liminar concedida no último dia do ano judiciário pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O processo hoje está sob relatoria do ministro Luiz Fux e não há prazo para que seja julgado.
     Associação de juízes desafia Calmon a revelar nomes de 'vagabundos' 
     O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Henrique Nelson Calandra (foto ao lado), disse que a entidade 'não aceita' o termo empregado pela corregedora do CNJ e desafiou a ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiça, a revelar quem são os "vagabundos" da toga. Calandra representa o núcleo mais duro e conservador do Judiciário. Ele disse que a AMB "não aceita essa pecha (vagabundo) para nenhum magistrado". "Se for só meia dúzia ela (ministra Eliana Calmon) que diga o nome deles e os exclua da carreira, ela que proponha ao CNJ a exclusão (dos juízes vagabundos)", reagiu o presidente da AMB. Calandra é o símbolo da resistência ao poder de investigação do CNJ e da corregedora Eliana Calmon. A AMB foi ao Supremo Tribunal Federal para questionar o alcance das atribuições do CNJ, mas perdeu a demanda na corte máxima. As novas declarações da corregedora nacional provocaram desconforto e irritação entre magistrados. "Ela (Eliana Calmon) já declinou o número (de vagabundos), o problema é fácil de solucionar", provoca Calandra. "É uma declaração infeliz da ministra, que não retrata a realidade da magistratura. Onde está essa meia dúzia? Quem é a meia dúzia? Quem são eles? A ministra deve dizer." O presidente da AMB avalia que "existe uma minoria que comete erros e essa minoria está sendo punida rigorosamente pelos tribunais e pelo próprio CNJ". "Hoje mesmo, o CNJ determinou o afastamento de um magistrado de primeiro grau do Piauí", disse Calandra. "Não há lugar para a corrupção, nem para a leniência, nem para falta de produção na magistratura." Calandra ironizou a ministra. "Juiz não é bom comunicador, de vez em quando sai alguma coisa fora de tom. Essa é mais uma. Ela (Eliana Calmon) deve apontar quem são (os vagabundos), diga quem são. Acaba atingindo a todos."

Depósito milionário para ex-vice do BB é investigado


     O ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Toledo, que até dezembro ocupava uma das áreas mais importantes da instituição, está sendo investigado por ter recebido quase R$ 1 milhão numa conta bancária no ano passado, informa reportagem de Andreza Matais, publicada na Folha desta terça-feira. Além de abrir uma sindicância interna para apurar o caso, o banco também notificou a Polícia Federal. O executivo recebeu em sua conta depósitos mensais no valor de R$ 953 mil. O dinheiro foi transferido para a conta dele pela aposentada Liu Mara Fosca Zerey, de 70 anos.
     OUTRO LADO
Allan Toledo
     Toledo disse ser procurador da aposentada e que abriu a conta no banco para administrar o dinheiro dela. Segundo ele, o valor é proveniente da venda de uma casa da aposentada, localizada no Novo Brooklin (São Paulo), para o empresário Wanderley Mantovani. Certidão da Prefeitura de São Paulo, porém, mostra que a casa continua em nome de Liu Mara Fosca Zerey. Também não há registro em cartório de compra e venda do imóvel e a aposentada continua morando na casa um ano e dois meses após a transação alegada.

A triste história de um professor e de um país


Recebi um e-mail e resolvi fazer este artigo com seu conteúdo. O caso se passa no Rio Grande do Sul. O nome dele é Maurício Girardi. Físico. Pela manhã é vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde à noite leciona a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio. Uma noite, estava ele dando aula para uma turma de segundo ano. Apareceu uma destas alunas que resolvem aparecer de vez em quando para justificar que está matriculada. Por três vezes Maurício teve que pedir licença a mocinha para poder explicar o conteúdo. Após os insistentes pedidos, toca o celular da aluna interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma ideia e prejudicando o andamento da aula. O professor, ainda pacientemente, pediu que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender e que o Colégio era um local onde se vai para estudar. Então, a aluna quis argumentar, mas o professor disse que não discutiria mais com ela. Neste momento tocou o sinal e Maurício foi para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não ficaria assim. Sem mesmo ouvir a versão do professor, a mãe deu queixa na Polícia Civil. O professor teve que comparecer a Oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre para prestar esclarecimentos por ter constrangido uma adolescente de 17 anos. 
O Estado vai perder mais um professor. Ele terá outras opções de emprego e a educação perderá mais um bom profissional. Está claro que no Brasil não precisamos de professores, de educação. Adoramos ver Ronaldinho Gaúcho ganhando 1 milhão e quatrocentos mil mensais e ainda receber homenagem da Academia Brasileira de Letras.  Vibramos com a eleição do palhaço Tiririca, que recebe uns 26 mil mensais, mas ninguém o contrata para ensinar uma criança. E é bom lembrar que ele é membros da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Só com o salário dele dá para pagar uns 30 professores. Qualquer funcionário de uma empresa de porte médio, como a Sadia, por exemplo, ganha o salário de um professor. Para isso, só precisa ter o ensino fundamental! Agora, com o novo piso, a lista de Estados e municípios que não cumprem a Lei deve aumentar. Também, quem mandou aprender a ensinar coisas inúteis como ler, escrever, pensar para poder formar cidadãos produtivos?
Sugerimos mudar a grade curricular das escolas: Trocar a educação física pelo futebol, a música pelo pagode, a história pela biografia dos participantes do Big Brother, a matemática pela corrupção, a arte pela sexualidade e o cálculo pelas propinas e vantagens. Para que Português, Literatura, Física, Química, Biologia, Filosofia, Arte? Reparem como valorizamos as coisas importantes (base salarial do Rio de Janeiro): Policial do BOPE, para arriscar a vida – 2.260,00. Bombeiros, para salvar vidas – 960,00. Professor – para preparar para a vida – 728,00. Médico, para manter a vida – 1.260,00. Deputado Federal em Brasília, para ferrar a vida da gente – 26.700,00. Juiz, para julgar a vida da gente – 26.700,00. Prefeito, que não administra nada – 9.000,00. Vereador, que não faz nada – 3.000,00. E olhem que ainda teremos políticos que dirão ao longo desta semana que não poderão pagar o novo piso aos professores por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal! Usam uma Lei para não cumprir a outra! Eita Brasil complicado! 
     Com a colaboração de Léssia Levine.

Piso de R$ 1.451 para professores é divulgado pelo MEC


     RENATO MACHADO – da Folha de São Paulo.
   O Ministério da Educação divulgou nesta segunda-feira o novo valor do piso salarial nacional para os professores de educação básica: R$ 1.451. O novo valor representa um reajuste de 22,22% em relação ao ano passado - o valor anterior era R$ 1.187. O MEC usa como parâmetro de reajuste o aumento no valor gasto por aluno no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) - como prevê a lei nacional do piso do magistério, de 2008.
     O novo valor se refere ao mínimo que deve ser pago para professores com jornada semanal de trabalho de 40 horas. O piso deve ser divulgado anualmente até o mês de janeiro para ter vigência para todo o ano. Como houve atraso, o novo valor deve ser retroativo ao primeiro mês do ano. Apesar de ser uma lei federal, o piso para professores ainda é desrespeitado por muitos Estados e municípios. "Na verdade, a lei completa não é cumprida em praticamente nenhum lugar", disse o presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Roberto Franklin de Leão.
     A CNTE convocou uma paralisação nacional para os dias 14, 15 e 16 de março por conta do não cumprimento da lei do piso. Além do mínimo salário que deve ser pago, a lei também prevê que um terço da jornada de trabalho deve ser extraclasse - na preparação de aulas ou atendimento ao aluno. Reportagem da Folha de novembro do ano passado mostrou que 17 Estados não cumpriam a legislação relativa ao piso - em pelo menos um dos pontos previstos.
Do total de Estados, seis não pagavam na ocasião o mínimo estabelecido para o salários dos professores e 15 não respeitavam o limite de um terço da carga horário para atividades extraclasse - havia casos de Estados que não seguiam nenhuma regra. Por meio de nota, o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) informou que acredita que a lei do piso valoriza os profissionais do magistério, mas alega que a maioria das 27 unidades da federação enfrenta dificuldades para o seu cumprimento, principalmente orçamentária.
O Consed pede que o MEC complemente o recurso necessário para o pagamento do piso em Estados sem condições. O conselho também quer que o MEC apoie um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê a troca do índice atual de reajuste pelo INPC (Índide Nacional de Preços o Consumidor) - que fechou o ano passado em 6,08. Outro pedido é para que haja um cronograma para que Estados e municípios implementem a regra de reservar um terço da jornada de trabalho dos professores para atividades fora de aula. "Trocar o índice de reajuste pelo INPC não é mais valorização do professor, que é o objetivo da lei do piso. Seria só uma correção da inflação", disse Leão, presidente da CNTE.
     Em Heliópolis, o piso dos professores incide sobre uma jornada de 25 horas semanais. Isto dá uma base salarial em torno de 910,00 reais. O problema maior por aqui é a falta de aprovação da regência de classe e do cumprimento do 1/3 fora da sala de aula. Cada professor em Heliópolis deveria cumprir uma carga horária semanal de apenas 16 horas/aulas em sala de aula. Após a divulgação do piso, os professores esperam um sinal do SINDHELI para iniciar a luta pela melhoria dos salários, já que ainda não houve nenhum sinal para negociação por parte do Poder Executivo. Um bom parâmetro para ver se a classe está disposta a lutar será a greve nacional marcada para o os dias 14, 15 e 16 de março.
     Com informações complementares deste blog.

ISTOÉ mostra esquema bilionário no Denatran


     Privatização da gestão das vistorias veiculares no País é considerada irregular pelo Ministério Público. O negócio que movimenta R$ 5 bilhões foi articulado pelo senador Ciro Nogueira
    Claudio Dantas Sequeira – da revista ISTOÉ.
PADRINHO
O senador Ciro Nogueira foi quem indicou o diretor
do Denatran, Júlio Arcoverde
 
     Há sete anos, o PP controla o Ministério das Cidades. Mas o partido não é homogêneo. Na lógica partidária de loteamento da pasta, o Denatran tornou-se feudo do senador piauiense Ciro Nogueira. Toda resolução emitida pelo órgão é antes discutida a portas fechadas num escritório de advocacia em Brasília. No fim do ano passado, o senador teve um encontro com o diretor do Denatran, Júlio Arcoverde, o ex-deputado Inaldo Leitão, o coordenador-geral de informatização Roberto Craveiro e o lobista Gil Pierre Herck, afastado em dezembro, após ISTOÉ denunciar que ele trabalhava em benefício de ex-sócios e integrantes da Associação Nacional das Empresas de Perícias e Inspeção Veicular (Anpevi). O objetivo da reunião era discutir a evolução do processo de privatização das vistorias no País. Foram debatidas estratégias para tornar a vistoria veicular também obrigatória para a emissão do licenciamento anual dos veículos e maneiras de garantir o controle sobre a administração de um negócio de legalidade suspeita e que movimenta R$ 5 bilhões por ano, as chamadas UGCs, Unidades de Gestão do Cadastro Veicular. 
O negócio, questionado pelo Ministério Público e alvo de investigação da Polícia Federal, foi idealizado no início da gestão do PP nas Cidades e posto em prática a partir da publicação da resolução 282, de 2008, que passou à iniciativa privada a competência para a realização de vistorias – antes exclusivas dos Detrans. Para a gestão dos laudos de vistoria, foi criado um sistema operado pelas UGCs, que passaram a agir como intermediárias entre as empresas de vistoria e o Denatran. Hoje, para a empresa de vistoria operar ela precisa estar credenciada à UGC, que cobra uma taxa pelo acesso ao banco de dados do Renavam. O problema é que, ao criar as UGCs, a turma de Ciro Nogueira, além de não ter recorrido à licitação, como previsto em lei, numa canetada concedeu a um grupo seleto de cinco empresas o direito de comercializar informações do poder público.
Os atos administrativos que criaram as UGCs são questionados na Justiça Federal em vários processos movidos pelo Ministério Público, Detrans e sindicatos de despachantes. Numa ação acolhida pela Justiça Federal em Minas Gerais, por exemplo, o procurador Tarcísio Henriques Filho exige a suspensão das vistorias em território nacional e a intimação da cúpula do Denatran. Alega que vistoria é “exercício do poder policial” e deveria continuar sendo prestado pelos Detrans. O Tribunal de Justiça do DF, em decisão da Quarta Turma Cível, questiona também a concessão do serviço às UGCs sem licitação. Em outra ação que corre na Justiça Federal do DF, o advogado Everton Calamucci, presidente da Federação Nacional dos Despachantes, denuncia que haveria uma única UGC vendendo o acesso a outras quatro. As suspeitas recaem sobre a Oxxy.Net, conhecida no mercado pelo nome AutoConsulta. Ela foi credenciada no ano passado junto com as empresas Compuletra, Praxis, Otimiza e TAN.
A PF tem informações de que a Oxxy teria o lobista Gil Herck como sócio oculto. Um “termo de compromisso” foi assinado em 8 de dezembro de 2008 entre Herck e os empresários Humberto Celina, Vagner Caovila, Marciano Nascimento e Carlo Cigna. Um mês depois, foi constituída no número 404 da rua Sete de Abril, em São Paulo, a Oxxy.Net Consultoria. Curiosamente, no mesmo endereço funcionam a Oxxygenium Digital Technologies, que desenvolve a plataforma usada pela Oxxy para credenciar as empresas de vistoria, e as empresas ClickConsult e ClickAuto. Esta tem como sócios Caovila, presidente da Anpevi e advogado de Herck, e a empresa Checkauto Informações Veiculares, investigada pela PF por venda de dados do Renavam. Apesar de estar na mira do MP, Ciro Nogueira garante que não participa de encontros em escritórios de advocacia e que só passou a ter influência no Denatran com a nomeação de Júlio Arcoverde.  “O antecessor era da cota do Mário Negromonte. As investigações são da gestão deles.”

A Amazônia, uma denúncia, um morto e um fugitivo


      Dois homens denunciaram a quatro órgãos federais e dois estaduais uma milionária operação criminosa que rouba ipê de dentro de áreas de preservação da floresta amazônica, no Pará. Depois da denúncia, um foi assassinado – e o outro foge pelo Brasil com a família, sem nenhuma proteção do governo. A partir do relato desses dois homens, é possível unir a Amazônia dos bárbaros à floresta dos nobres.
            ELIANE BRUM – da Revista Época.
Júnior José Guerra: marcado para morrer,
ele foge com a família pelo Brasil
(Foto: Arquivo pessoal)
João Chupel Primo é o morto. Junior José Guerra é o que luta para se manter vivo, depois de pedir e não receber proteção das autoridades. Eles denunciaram o que pode ser uma das maiores operações criminosas de roubo de madeira na Amazônia. Segundo testemunhas, as quadrilhas chegaram a transportar, em um único dia, cerca de 3.500 metros cúbicos – o equivalente a 140 caminhões carregados de toras e 3, 5 milhões de dólares brutos no destino final. A maior parte da produção é ipê, hoje a madeira mais valorizada pelo crime organizado pelo potencial de exportação para o mercado internacional. Toda a operação passa por uma única rua de terra de um projeto de assentamento do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), controlado por madeireiros: o Areia, localizado entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do Pará. Pelo menos 15 assassinatos foram cometidos na região nos últimos dois anos por conflitos pela posse da terra e controle da madeira. Este é o começo da explicação de por que João Chupel Primo morreu – e Junior José Guerra precisa fugir para não ter o mesmo destino.
      Veja a reportagem completa de Eliane Brum clicando aqui.

Época denuncia cartel da merenda escolar


           A gula do cartel da merenda
    Uma investigação mostra como empresas e políticos lucraram com a corrupção no fornecimento de comida a escolas – e como as crianças passaram a comer menos e pior
        LEANDRO LOYOLA – da Revista ÉPOCA.
A COMIDA
Um prato de merenda servido numa escola de São Paulo.
As empresas são acusadas de usar ingredientes de má qualidade e de
servir porções menores que o combinado.
Agora, procure comparar com a merenda servida nas escolas de nossa região
e veja se a nossa é de qualidade superior!

(Foto: Clayton de Souza/AE)
Um prato com arroz, feijão, pedaços de carne ou frango e um legume, combinado com uma fruta e um suco. É a rotina de milhões de estudantes de escolas públicas. Para as crianças, a merenda é uma refeição importante do dia. Após quatro anos de investigação, o Ministério Público do Estado de São Paulo afirma que esse pequeno prato tem um valor igualmente imenso – mas de outra natureza – para uma organização criminosa que funcionou nos últimos dez anos em 57 cidades do Estado de São Paulo. Seis fornecedoras de merenda são acusadas de superfaturar contratos – e políticos e funcionários públicos, de receber propinas.
Essas empresas são acusadas de, para obter lucro, cobrar caro e, em muitas ocasiões, servir aos alunos comida de pior qualidade. De acordo com as acusações, ofereciam alimentos mais baratos, como cubos de carne de frango, em vez de coxa e antecoxa. Os legumes, que deveriam ser cortados frescos, já chegavam picados. Em São Paulo, o contrato com a prefeitura especificava o fornecimento de maçã “tipo A”. Mas a maçã fornecida era do “tipo C”, de pior qualidade. As merendeiras eram orientadas a servir porções menores. Enquanto o contrato mandava servir uma maçã de sobremesa, as escolas paulistanas serviam meia.
As empresas acusadas são: SP Alimentação, Nutriplus, Geraldo J. Coan, De Nadai/Convida, Sistal e Terra Azul. Elas serão denunciadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por formação de cartel – prática em que há um acerto para combinar preços e estratégias –, fraude a licitações, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. De acordo com a investigação dos promotores Sílvio Antonio Marques e Arthur Pinto de Lemos Júnior, as empresas renunciaram à concorrência, combinaram o jogo e passaram a ganhar contratos superfaturados, pagando propina a prefeitos e a secretários municipais.
Segundo a ação, as empresas podem ter distribuído até R$ 400 milhões em propina. Isso equivale a 10% do que faturaram – o negócio de merendas movimentou cerca de R$ 4 bilhões. “Trata-se de um cartel que ajudou prefeitos e secretários no desvio de uma enorme quantidade de dinheiro público”, afirma o promotor Marques. “Esse cartel não só provocou um enorme prejuízo aos cofres públicos, como também prejudicou milhões de crianças, que receberam durante vários anos refeições de péssima qualidade.” O promotor Arthur Lemos preferiu não se manifestar.
A investigação ganhou corpo ao encontrar uma testemunha-chave: Genivaldo dos Santos, ex-sócio da Verdurama, uma das empresas do grupo SP Alimentação, um dos maiores no país no ramo de merenda. Entre 2002 e 2008, Genivaldo participou do esquema de fraude de concorrências e ajudou a subornar políticos e funcionários públicos. Em 2010, ele assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público (MP). Desde então, deu mais de 30 depoimentos, em que contou como eram feitos os acordos, revelou o nome dos envolvidos e deu detalhes dos negócios ilícitos.
Com cerca de 2 milhões de refeições servidas por dia, a prefeitura de São Paulo é o maior cliente do país de merenda escolar. Segundo Genivaldo, as empresas do cartel, entre 2001 e 2011, pagaram sistematicamente propinas a funcionários da prefeitura de São Paulo durante as administrações de Marta Suplicy (2001-2005), José Serra (2005-2006) e Gilberto Kassab (a partir de 2006). As empresas começaram a fornecer merenda à prefeitura durante a gestão Marta. Até ali, era a prefeitura que comprava alimentos – e as merendeiras preparavam a comida. A gestão Marta passou a comprar das empresas 30% da merenda servida nas escolas. Por economizar gastos, a terceirização é considerada uma boa medida. O problema em São Paulo é que ela veio acompanhada da corrupção.
Segundo a investigação do MP, o grupo formado pelas empresas SP Alimentação, Geraldo J. Coan, De Nadai e Nutriplus pagava propina de 7% dos valores dos contratos a integrantes da gestão Marta. Os promotores obtiveram amostras disso a partir de uma operação de busca e apreensão realizada, em julho de 2010, na casa de Sílvio Marques (homônimo de um dos promotores que investigam o caso). Funcionário da SP Alimentação, Marques era encarregado da parte financeira do esquema de corrupção. Para sorte da Justiça – e azar dos envolvidos –, ele mantinha os registros dos negócios sujos em pen drives. Confrontado com os testemunhos de Genivaldo, o acervo eletrônico de Marques deu feições mais nítidas ao esquema. Entre os dados está uma planilha com a contribuição de cada empresa do cartel para o pagamento de propina à Secretaria Municipal de Abastecimento de São Paulo, entre agosto de 2003 e fevereiro de 2004 (leia a reprodução ao lado). Segundo o documento, a SP Alimentação pagou R$ 321 mil; a Geraldo J. Coan, R$ 348 mil; a De Nadai, R$ 292 mil; e a Nutriplus, R$ 241 mil.
De acordo com a investigação, um dos que recebiam os valores era Valdemir Garreta, petista que atuou como secretário de Comunicação e de Abastecimento da gestão Marta Suplicy. Garreta teve atuação de destaque nas campanhas eleitorais de Marta. Consultor de comunicação, ele atuou na campanha do presidente do Peru, Ollanta Humala, ao lado de Luis Favre, ex-marido de Marta. Garreta é sócio de três empresas de comunicação e de uma de negócios imobiliários. Num dos documentos, consta a propina que Genivaldo diz ter sido paga a Garreta. Segundo a planilha, entre 1o e 15 de março de 2005, Garreta recebeu R$ 61.700 da SP Alimentação, R$ 69.800 da Coan, R$ 56.200 da De Nadai/Convida e R$ 54.400 da Nutriplus. Total: R$ 242 mil. Em outro documento, consta que, entre fevereiro e junho de 2005, a SP Alimentação pagou R$ 524 mil a Garreta. “As duas vezes em que meu nome foi citado foram pessoas que ‘ouviram falar’”, diz Garreta. Em dezembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Valdemir Garreta.
Segundo Genivaldo disse aos promotores, o responsável por entregar a propina a Garreta era Eloizo Durães, o presidente da SP Alimentação. Mas havia traições no grupo. Segundo a investigação, a propina que chegava às mãos dos destinatários equivalia, na verdade, a 5% do valor do contrato – não a 7%. Eloizo é acusado de embolsar a diferença de 2 pontos percentuais. A investigação sustenta que os companheiros de Durães descobriram o desvio, e, em 2005, o dinheiro passou a ser entregue por um diretor da De Nadai/Convida. Não é a primeira vez que Durães é acusado de pagar propina. Em 2010, ele foi preso sob a acusação de subornar dois vereadores de Limeira. Eles receberam R$ 175 mil para frear uma investigação sobre o contrato de R$ 56 milhões entre a SP Alimentação e a prefeitura.
Em 2006, a prefeitura de São Paulo fez nova concorrência para escolher os fornecedores de merenda escolar. A cidade foi dividida em seis lotes. Cada lote foi vencido por uma das seis empresas acusadas de formar o cartel. Em depoimento, a procuradora do município de São Paulo, Ana Lúcia Marino Rosso, afirmou que a divisão da cidade em seis áreas foi feita sem “nenhum fundamento técnico”. Segundo ela, o formato foi decidido pela coordenadora de licitações da prefeitura, Erika Oliver. Meses após o leilão, Erika e seu subordinado Sérgio Ramos foram contratados pela SP Alimentação, uma das vencedoras da concorrência. Segundo Genivaldo, os preços, a divisão dos lotes e a estratégia para os leilões foram acertados pelas empresas em hotéis.
Na gestão de José Serra, segundo disse Genivaldo, o sistema de pagamento de propina mudou. Em vez de uma quantia proporcional aos valores dos contratos, foi fixado um valor mensal de R$ 600 mil. Todos os meses, no dia 10, cada uma das seis empresas fornecia R$ 100 mil, entregues a um representante da prefeitura no escritório da Nutriplus, em São Paulo. No dia 3 de abril de 2010, Genivaldo encontrou-se com Marques numa padaria na Zona Oeste de São Paulo. A conversa foi gravada em áudio e vídeo. Nela, Marques diz a Genivaldo que a propina era paga ao secretário municipal de Abastecimento, Januário Montone. Segundo Genivaldo, Montone recebeu R$ 50 mil no dia 3 de agosto de 2007 e outros R$ 50 mil 20 dias depois. Um dos pagamentos foi anotado num papel timbrado da SP Alimentação (leia a reprodução abaixo). Em dezembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo decretou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Montone. Ele nega ter recebido pagamentos. “Confio na decisão da Justiça, não podendo, contudo, me manifestar sobre fatos que ainda estão sob apreciação”, afirmou Montone, por meio de uma nota.
Genivaldo e o meticuloso Marques anotavam, em folhas de “memorando interno”, com o timbre da SP Alimentação, a data, o destinatário e a quantia a ser paga em propina. Em vários deles está escrito “Semab”, abreviatura para Secretaria Municipal de Abastecimento de São Paulo. Os promotores concluíram que todos os códigos “S” nas planilhas de caixa dois da SP Alimentação se referem a propina. A sigla “S2” se refere à propina paga à Semab. Há, ainda, tabelas de controle de propina a diversas prefeituras.
A primeira parte do esquema de corrupção do cartel consistia em convencer prefeitos de outras cidades a adotar a terceirização. Isso era feito mediante contribuições a campanhas eleitorais s ou com a ajuda de lobistas. Em Jandira, cidade de cerca de 100 mil habitantes na Grande São Paulo, o grupo SP Alimentação deu dinheiro à campanha a prefeito do candidato Paulo Bururu (PT), em 2000. Quarenta e três dias depois de eleito, Bururu contratou as empresas do cartel. Genivaldo contou que, em 2005, procurou Bururu a pedido de Durães e ofereceu R$ 150 mil em dinheiro para que ele adotasse a terceirização da merenda. Para justificar a medida, Bururu encomendou a um prestador de serviços do grupo SP Alimentação – Olavo Ozzetti – uma avaliação da merenda da prefeitura. Ozzetti concluiu que a comida era de má qualidade, preparada sem higiene e cara. “É certo que as conclusões do indigitado ‘relatório’ refletiriam uma realidade distorcida, aquela pretendida pela empresa”, afirmam os promotores.
O acerto no cartel era que a empresa que convencesse o prefeito venceria a licitação – as outras só fingiriam concorrer, para dar a impressão de que o processo fora legal. A prefeitura de Jandira adotou a terceirização e fez uma concorrência. A SP Alimentação ficou em 5o lugar. Foi escolhida porque as quatro primeiras classificadas desistiram. De acordo com Genivaldo, Bururu recebeu da SP Alimentação três parcelas de R$ 50 mil por isso, entregues em seu carro, num posto de gasolina. O MP apreendeu na casa de Marques um memorando de 2007 que detalha esses pagamentos a Bururu. Bururu nega as acusações. Numa ação por improbidade administrativa, o MP afirma que Bururu “adquiriu ou manteve bens incompatíveis com seus rendimentos”. O MP localizou 17 imóveis dele. Em dezembro de 2011, a Justiça decretou o bloqueio de seus bens.
(Foto: Clayton de Souza/AE e Jefferson Coppola/Folhapress)
O deputado federal Abelardo Camarinha (PSB-SP) foi três vezes prefeito de Marília, cidade de 200 mil habitantes do interior de São Paulo. Na investigação, ele é citado como beneficiário de metade da propina de 10% paga pela SP Alimentação. O valor era dividido entre Camarinha e o prefeito Mário Bulgareli (PDT), segundo Genivaldo. A propina atribuída a Camarinha era de R$ 50 mil mensais. O promotor Isauro Pigozzi Filho cruzou os dados das planilhas de Marques com os pagamentos feitos pela prefeitura. “Os dados bateram”, diz. “O rapaz que fez a delação premiada falou de 2005, quando eu não era mais prefeito”, afirma Camarinha. Ele responde a quatro processos e oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal. No fim do ano passado, a Justiça bloqueou os bens de Camarinha e Bulgareli.
Os promotores também encontraram rastros de corrupção no Paraná, no Rio Grande do Sul, no Maranhão e em Minas Gerais. Na casa do diretor financeiro da SP Alimentação, Antônio Marques Franco, os promotores apreenderam comprovantes de depósitos bancários. Entre os papéis estava um depósito de R$ 15 mil na conta de Adalberto Baka e outro, de R$ 30 mil, na conta de Alda Baka. São dois irmãos de José Baka Filho, prefeito de Paranaguá, no Paraná. Alda trabalhou na prefeitura de Jaguariúna, em São Paulo. As duas cidades mantinham contratos com a SP Alimentação. Alda e Adalberto disseram ao MP que o dinheiro veio de uma herança. Mas não souberam explicar o que a SP Alimentação tinha a ver com isso.
NA PLANILHA
O empresário Eloizo Durães, ao ser preso em 2010.
Acima, a tabela de pagamentos que ele é acusado de ter feito à
prefeitura de São Paulo em 2003 e 2004
(Foto: André Lessa/AE)
A SP Alimentação e Eloizo Durães não quiseram falar sobre a investigação. A SP Alimentação disse que “não participou de qualquer processo fraudulento para licitação ou manutenção de contratos”. A Nutriplus afirmou que “qualquer um de seus representantes jamais esteve em reuniões com as demais empresas do setor com a finalidade de fraudar qualquer licitação”. O advogado Antonio Carlos Dueñas disse que a Terra Azul “não participou de reuniões para combinar nada”. Representantes da Geraldo J. Coan e da Sistal não foram localizados para comentar o assunto. A De Nadai não respondeu ao pedido de entrevista. No ano passado, numa festa, Sérgio De Nadai, sócio da De Nadai/Convida, deu entrevista a um programa de celebridades. Disse que desistira de negócios com governos, por ter levado calotes.
Na década de 1970, na persona de seu eterno personagem Didi Mocó, o humorista Renato Aragão gostava, nos episódios de Os trapalhões, de fazer pilhéria com o colega Mussum. “Mussum só ia à escola para comer merenda”, dizia Didi. Há mais de 40 anos, milhões de crianças brasileiras são alimentadas pela merenda escolar. A corrupção é inaceitável em qualquer lugar. Mas ganha contornos mais cruéis quando, além de roubar dinheiro público, empresas e políticos proporcionam comida ruim ou em quantidade insuficiente para crianças.

Emigração: Os gregos estão chegando


A Odisseia brasileira

Por Lucas Callegari - da revista Carta Capital

Com o país no quinto ano seguido de recessão, 1 milhão de desempregados para uma população de 11 milhões de habitantes, os gregos procuram oportunidades além-mar. Trata-se de uma nova onda em um país cuja história é marcada pela emigração. Desta vez, a novidade é que a maioria é de técnicos altamente qualificados, alguns com pós-graduação nos principais centros universitários do planeta. Em sintonia com a crise e ao contrário de seus predecessores, eles elegem os BRIC como destino final, em vez de Londres, Roma ou Nova York.
Foi assim com Elena Lazarou (foto), no Brasil desde março de 2010. “Em 2009, eu dividia minhas atividades entre a Inglaterra e a Grécia, terminava meu pós-doutorado na Universidade de Cambridge e trabalhava em meu país como consultora. Foi quando surgiu a oportunidade de fazer um concurso para ser professora de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro”, conta ela, com sotaque do português de Portugal.
Aos 32 anos, Lazarou ilustra bem a nova geração de emigrantes gregos. Em geral, são jovens entre 25 e 34 anos, com formação no exterior e domínio de dois ou mais idiomas, além do grego. Com o sonho interditado em casa, a alternativa foi buscá-lo em outros cantos.
Hoje professora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil na FGV, Lazarou encontrava-se em Atenas em uma sinuca profissional. “Os pesquisadores estavam muito inseguros em relação ao futuro. Havia dificuldade na renovação de contratos com o governo, com indícios de que os salários começariam a atrasar.”
A percepção no exterior de que o Brasil vai bem tem atraído a atenção dos candidatos a deixar a Grécia. “Quando cheguei, era difícil encontrar gregos na minha situação de emigrante, mas isso foi mudando e agora é diferente, já conheço vários. A maioria com experiência internacional, informada, que acompanha o que acontece no mundo.”
A “saída brasileira”, claro, não é totalmente tranquila. “As pessoas entram em contato para saber mais sobre o Brasil. E percebo que elas estão preocupadas, por exemplo, com a segurança por aqui”, diz a professora, que, entre outros temas, estuda o fenômeno da migração.
Ainda que o Brasil ganhe relevância, a Austrália, diz a especialista, segue com a maior comunidade grega de expatriados, núcleo formado a partir dos anos 1940, quando uma leva considerável aportou também por aqui, no período de devastação da Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, o apoio do governo australiano, interessado em atrair cérebros, inflou ainda mais as estatísticas.
Com experiência em grandes eventos esportivos, o economista especializado em Tecnologia da Informação Angelos Dorizas conheceu o País em 2006. Diante da decadência econômica grega, veio de armas e bagagens em dezembro de 2010 – antes disso, passou 18 meses no Rio, trabalhando na organização dos Jogos Pan-Americanos. “Quando meu contrato foi encerrado, voltei para a Europa e fui morar em Barcelona. Em 2010, após participar da organização dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Cingapura, decidi vir para o Brasil para trabalhar como consultor de Tecnologia da Informação”, diz Dorizas, morador de Porto Alegre. “As possibilidades de empregos em meu país já eram ruins, e pioraram muito nos últimos anos. Os mais informados já previam dificuldades, sabiam que as coisas iriam piorar. A entrada da Grécia na Zona do Euro foi uma ilusão que agora acabou.”
Foi a mesma falta de perspectiva que levou Dimitri Arapoglou, de 30 anos, a decidir sair da Grécia. Formado em gestão de Turismo na Inglaterra, Arapoglou está há três meses no País, mas já domina o português. “Me dediquei muito. Antes de chegar ao Brasil já falava grego, francês, italiano, inglês e espanhol. As coisas ficaram difíceis na Grécia, não dá mais para encontrar um trabalho decente.”
Arapoglou manifesta indignação com os rumos de sua terra. “O governo tem baixado medidas muito duras. Nossos pais apostaram na nossa educação e agora, para a maioria de nós, é quase impossível achar um trabalho decente. Nos últimos dois anos e meio, as coisas mudaram radicalmente por lá.”
Presidente da Coletividade Helênica de São Paulo, uma ONG que reúne emigrantes e seus descendentes, Stavros Kyriópoulos afirma que cresceu muito o número de gregos interessados em vir para o Brasil, ainda que as estatísticas recentes sejam escassas. “Todos os dias recebo e-mails de gente querendo informações sobre a situação aqui.”
Em Brasília, não há números que reflitam esse movimento. No Ministério do Trabalho, por exemplo, entre os estrangeiros que entraram com pedidos formais para trabalhar no País nos últimos anos, os principais são norte-americanos, alemães, ingleses e chineses. Na informalidade, destacam-se bolivianos, paraguaios e, desde 2010, haitianos.
Comparada com outras colônias, a comunidade grega no Brasil não é relevante. Segundo a jornalista Vassiliki Constantinidou, entre gregos e descendentes, a população helênica seria de cerca de 40 mil indivíduos espalhados pelo território nacional, com presença mais forte em São Paulo.
Autora do livro Os Guardiões das Lembranças, Memória e História dos Imigrantes Gregos no Brasil, Constantinidou informa que a última onda de imigrantes gregos para o País deu-se no pós-Segunda Guerra Mundial, quando a Grécia também entrou em colapso por causa de uma guerra civil. “Não existe um levantamento exato, porque muitos entraram no Brasil com passaportes de outros países, como a Turquia. Mas estima-se que, nos anos 1940, tenham chegado cerca de 16 mil gregos.”