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Assassinos canibais faziam pastéis e empadas com carne humana


DANIEL CARVALHO – da FOLHA DE SÃO PAULO - com fotos do portal V&C Garanhuns.

O trio de canibais
Pedaços dos corpos das mulheres assassinadas por membros de uma seita em Garanhuns (234 km de Recife) eram utilizados para rechear salgados vendidos por uma das suspeitas, diz a Polícia Civil. De acordo com o comissário da Delegacia de Garanhuns, Demócrito de Oliveira, a comerciante ambulante Isabel Cristina Oliveira da Silva, 51, confessou em seu depoimento que fazia e vendia pastéis e empadas nas ruas da cidade com se fossem salgados de carne bovina.
Isabel é casada com Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 51. O casal vivia com a amante dele, Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25. Os três são suspeitos de matar, esquartejar e comer pedaços dos corpos de pelo menos três mulheres nas cidades de Olinda e Garanhuns. Uma menina de 5 anos morava com eles. A polícia diz que ela é filha de Jéssica, morta por eles em 2008, em Olinda, quando tinha 17 anos. A morte de Jéssica é contada em detalhes no livro "Revelações de um esquizofrênico", escrito por Jorge em 2009 e registrado em cartório em 28 de março deste ano. No livro, a amante de Jorge, Bruna, aparece com o nome de Jéssica, porque usava a identidade da vítima.
As vítimas Gisele e Alexandra foram enterradas no quintal
"Ao olhar para o corpo já sem vida da adolescente do mal, sinto um alívio. Pego uma lâmina e começo a retirar toda a sua pele, e logo depois a divido. Eu, Bel e Jéssica nos alimentamos com a carne do mal, como se fosse um ritual de purificação, e o resto eu enterro no nosso quintal", diz um trecho.
A Polícia Civil prendeu os três pessoas suspeitos de matar, esquartejar, comer e enterrar partes dos corpos em Garanhuns, no agreste pernambucano. O trio confessou os crimes. Os suspeitos moravam juntos e tiveram a casa incendiada nesta quinta (12), o que pode prejudicar as investigações.
 Em depoimento, os suspeitos disseram que, um ano após a morte de Jéssica, jogaram seus ossos em um terreno baldio. A polícia acredita que eles não serão achados. Jorge teria usado o nome do irmão para registrar a criança como sua filha na Paraíba. Segundo a polícia, a família de Jéssica confirma que a jovem e sua filha estavam desaparecidas desde 2008.
Ontem, a polícia encontrou os corpos esquartejados de Gisele Helena da Silva, 31, e Alexandra Falcão, 20, enterrados no quintal da casa dos suspeitos, em Garanhuns. As duas tinham desaparecido no começo deste ano. Para atrair as vítimas, o trio oferecia um emprego de babá, segundo a polícia.
Os restos mortas das duas mulheres
O delegado Wesley Fernandes chegou aos suspeitos após eles usarem o cartão de crédito de Gisele. "Inicialmente eles negavam o tempo todo, mas a criança falou. Ela viu tudo. Contou detalhes. Disse que o pai tinha mandado elas para o inferno." Depois que a menina falou, Isabel indicou onde estavam os corpos, diz a polícia. De acordo com o delegado, os suspeitos contaram que retiraram o coração e o fígado das duas mulheres e que comeram os fígados.
Em depoimento, os suspeitos disseram fazer parte de uma seita chamada Cartel. "Eles escolhiam as vítimas sob comando de uma entidade [espiritual] que dizia que as vítimas não prestavam e estavam superpovoando a Terra", disse o delegado. Os três estão presos e, segundo a polícia, ainda não têm advogado.
A Polícia Civil diz acreditar que outras oito pessoas podem ter sido vítimas do trio. Os crimes já identificados na investigação aconteceram em Garanhuns e Olinda, na região metropolitana de Recife. Entre as outras possíveis vítimas também há homens, disse hoje (13) o comissário da Delegacia de Garanhuns Demócrito de Oliveira. Ele não quis revelar as cidades dessas pessoas para não causar pânico.
Na quinta-feira (12), o delegado Wesley Fernandes afirmou que o trio disse que matava mulheres apontadas por "entidades" como pessoas más e que “superpovoavam” o planeta. A polícia diz que chegou às prováveis novas vítimas a partir de depoimentos dos suspeitos Jorge Negromonte da Silveira, 51, da mulher dele, Isabel Cristina Torreão Pires da Silveira, 51, e da amante dele, Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25. Sem entrar em detalhes, o comissário afirmou que esses crimes podem ter ocorrido antes de 2008, ano tido até então como o do primeiro assassinato cometido pelos três. Os restos mortais que não eram devorados em rituais de canibalismo eram utilizados, segundo a polícia, para rechear salgados vendidos por Isabel nas ruas da cidade.
VALA
A Delegacia de Garanhuns afirmou ter encontrado uma vala aberta no quintal da casa dos suspeitos. Ela está no mesmo local onde a polícia encontrou os corpos de duas mulheres na quarta-feira (11). A polícia diz acreditar que uma jovem de 18 anos, da cidade de Lagoa do Ouro (274 km de Recife), seria a próxima vítima. O nome dela não foi revelado. O comissário ouvido pela Folha afirma que o trio entrou em contato com a jovem oferecendo a ela um book fotográfico. A polícia diz não saber quando ela viajaria e por que razão não chegou à cidade.