DANIEL CARVALHO – da FOLHA DE
SÃO PAULO - com fotos do portal V&C Garanhuns.
O trio de canibais |
Isabel é casada com Jorge
Beltrão Negromonte da Silveira, 51. O casal vivia com a amante dele, Bruna Cristina
Oliveira da Silva, 25. Os três são suspeitos de matar, esquartejar e comer
pedaços dos corpos de pelo menos três mulheres nas cidades de Olinda e Garanhuns.
Uma menina de 5 anos morava com eles. A polícia diz que ela é filha de Jéssica,
morta por eles em 2008, em Olinda, quando tinha 17 anos. A morte de Jéssica é
contada em detalhes no livro "Revelações de um esquizofrênico",
escrito por Jorge em 2009 e registrado em cartório em 28 de março deste ano. No
livro, a amante de Jorge, Bruna, aparece com o nome de Jéssica, porque usava a
identidade da vítima.
As vítimas Gisele e Alexandra foram enterradas no quintal |
A Polícia Civil prendeu os três
pessoas suspeitos de matar, esquartejar, comer e enterrar partes dos corpos em
Garanhuns, no agreste pernambucano. O trio confessou os crimes. Os suspeitos
moravam juntos e tiveram a casa incendiada nesta quinta (12), o que pode
prejudicar as investigações.
Em depoimento, os suspeitos disseram que, um
ano após a morte de Jéssica, jogaram seus ossos em um terreno baldio. A polícia
acredita que eles não serão achados. Jorge teria usado o nome do irmão para
registrar a criança como sua filha na Paraíba. Segundo a polícia, a família de
Jéssica confirma que a jovem e sua filha estavam desaparecidas desde 2008.
Ontem, a polícia encontrou os
corpos esquartejados de Gisele Helena da Silva, 31, e Alexandra Falcão, 20,
enterrados no quintal da casa dos suspeitos, em Garanhuns. As duas tinham desaparecido
no começo deste ano. Para atrair as vítimas, o trio oferecia um emprego de
babá, segundo a polícia.
Os restos mortas das duas mulheres |
Em depoimento, os suspeitos
disseram fazer parte de uma seita chamada Cartel. "Eles escolhiam as
vítimas sob comando de uma entidade [espiritual] que dizia que as vítimas não
prestavam e estavam superpovoando a Terra", disse o delegado. Os três
estão presos e, segundo a polícia, ainda não têm advogado.
A Polícia Civil diz acreditar
que outras oito pessoas podem ter sido vítimas do trio. Os crimes já
identificados na investigação aconteceram em Garanhuns e Olinda, na região
metropolitana de Recife. Entre as outras possíveis vítimas também há homens,
disse hoje (13) o comissário da Delegacia de Garanhuns Demócrito de Oliveira.
Ele não quis revelar as cidades dessas pessoas para não causar pânico.
Na quinta-feira (12), o
delegado Wesley Fernandes afirmou que o trio disse que matava mulheres
apontadas por "entidades" como pessoas más e que “superpovoavam” o
planeta. A polícia diz que chegou às prováveis novas vítimas a partir de
depoimentos dos suspeitos Jorge Negromonte da Silveira, 51, da mulher dele,
Isabel Cristina Torreão Pires da Silveira, 51, e da amante dele, Bruna Cristina
Oliveira da Silva, 25. Sem entrar em detalhes, o comissário afirmou que esses
crimes podem ter ocorrido antes de 2008, ano tido até então como o do primeiro
assassinato cometido pelos três. Os restos mortais que não eram devorados em
rituais de canibalismo eram utilizados, segundo a polícia, para rechear
salgados vendidos por Isabel nas ruas da cidade.
VALA
A Delegacia de Garanhuns
afirmou ter encontrado uma vala aberta no quintal da casa dos suspeitos. Ela
está no mesmo local onde a polícia encontrou os corpos de duas mulheres na
quarta-feira (11). A polícia diz acreditar que uma jovem de 18 anos, da cidade
de Lagoa do Ouro (274 km de Recife), seria a próxima vítima. O nome dela não
foi revelado. O comissário ouvido pela Folha afirma que o trio entrou em
contato com a jovem oferecendo a ela um book fotográfico. A polícia diz não
saber quando ela viajaria e por que razão não chegou à cidade.