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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Relatório sintético sobre a situação da educação no município de Heliópolis


1 - Introdução:

O mobiliário estudantil na Escola Waldir Pires está em péssimas condições
A situação da educação no município de Heliópolis beira aquilo que poderíamos chamar de “caos silencioso”. As causas são várias e conhecidas: professores desmotivados, currículo atabalhoado, falta de estrutura mínima em algumas escolas, descompromisso profissional, descompromisso acadêmico, empreguismo, merenda escolar deficiente e completa falta de crença no processo educacional. A escola é mais vista como uma espécie de depósito de crianças que academia de conhecimentos. Para os profissionais, é mais um emprego que uma missão. É notória a influência nefasta da política partidária no meio acadêmico e aí talvez esteja a mais negativa das causas da queda da qualidade da nossa educação.
Três anos após o prefeito que sai, Walter Rosário, assinar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta), se comprometendo a abrir concurso público, os “contratos” de Prestação de Serviço Temporário (PST) ainda formam o maior contingente de profissionais nas escolas do município. Há registro de casos de haver 3 professores numa mesma turma, configurando empreguismo eleitoral. Apesar de ser considerada uma "aberração jurídica" pelo MP, não há como não contratar neste início da nova gestão, já que a rede municipal precisará de, no mínimo, 80 profissionais para, juntos com os cerca de 160 concursados, completar o quadro necessário ao início das aulas em 2013.
 O dado mais estarrecedor é que o analfabetismo funcional é uma realidade entre os nossos alunos. Dados ainda não oficiais indicam que um terço dos nossos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização não consegue ler. E ainda, um quinto dos jovens que concluem o ensino fundamental não domina o uso da leitura e da escrita. Frente aos dados, repito, não oficiais, muitos podem se tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços, concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela!”. Talvez o bom senso sugerisse pensarmos dessa forma. Entretanto, podemos notar que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação. Percebemos que a escola está sendo arrastada pela evolução dos tempos e não sendo a alavanca desta evolução.
Logo, agora não mais pelo bom senso e sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais. Mas o que há é um descrédito generalizado e um conformismo um tanto irresponsável. Chegam a dizer: “Isso não conserta mais!”. Usam tais conceitos para também não se comprometer com nada. É preciso começar a cortar o mal pela raiz. E é fato que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Mesmo o processo de contratação tem que passar por certa rigorosidade. Não pode ser contratado apenas por ser indicação política. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina. Se para ele é apenas um emprego, tudo passará apenas pelo cumprimento das obrigações básicas. O desenvolvimento dos professores é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queiram chamar – perdura sem o docente. Daí a necessidade de diálogo com a categoria, que já vem se queixando há muito tempo sobre a atual Lei que estabelece o plano de Carreira do Professor e dos funcionários públicos como um todo.
Até sanitários dos alunos estão danificados e alguns desativados
É claro que os professores não podem ser tomados como atores únicos nesse cenário. Podemos concordar que tal situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares. Diretores, indicados politicamente, funcionam mais como carrascos que como dirigentes. Há ainda diretores que, exatamente por serem indicados, se acham no direito de não fazer o mínimo que a função exige. Se o cabeça não se preocupa, pouco farão o professor, os funcionários de apoio e os demais.
De cada 100 alunos que iniciam os estudos do ensino fundamental na Bahia, apenas 17 conseguem terminar o ensino médio. Em Heliópolis, ainda sem dados concretos, esta realidade se faz presente e é a conclusão retirada da análise dos números fornecidos pela publicação “Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender: Potencializar Avanços e Reduzir Desigualdades”. O estudo traz um panorama da educação brasileira a partir de informações sobre acesso, permanência, aprendizagem e conclusão do ciclo básico de educação.
Os números mostram que apenas 36,5% dos alunos baianos matriculados no ensino fundamental terminam essa fase dos estudos. Destes, 48,2% concluirão o ensino médio. No Brasil, essas médias são de, respectivamente, 53,7% e 50,9%. O documento do Unicef coloca a Bahia na 21ª colocação entre os 27 estados brasileiros, no tangente à taxa de conclusão no ensino fundamental. No Nordeste, a Bahia só tem melhor desempenho, neste quesito, do que Piauí (35,8%) e Sergipe (33,3%). Os fatores que contribuem para esta tragédia anunciada, além dos citados no início deste documento, são deficiência do transporte escolar, conteúdo estudado descontextualizado da realidade do estudante; trabalho infanto-juvenil (principalmente na zona rural), gravidez na adolescência, uso de drogas e massificação cultural. 
Na Escola D. Pedro I, no povoado Serra dos Correias, há uma quadra esportiva em péssimas condições e uma sala
com o telhado desabado há 4 anos
Greves como as que aconteceram na rede municipal de ensino também provocam ou agravam a desmotivação do aluno que deseja aprender, mas funciona como alívio para os que são forçados a ir para a escola. É o que diz o doutor em ciência da educação pela Universidade de Paris Roberto Sidnei Macedo. “Prejudica, mas é uma necessidade conjuntural. Greve não nasce por acaso, e sim em função das reivindicações do professor”, diz Macedo. Prova de que a ausência de aula funciona como um refrigério foi o fato de que o município não cumpriu os 200 dias letivos em 2012. O encerramento das aulas em 30 de Novembro de 2012 foi uma irregularidade bestial. Ocorre que ninguém reclamou. A sociedade heliopolitana assinou embaixo da irregularidade. Todos estavam aliviados com o encerramento precoce. Fosse uma escola dentro dos parâmetros educacionais aceitáveis, alguém gritaria.      
É preciso aqui neste documento simplório reafirmar que há uma relação histórica entre pobreza e baixa qualidade de educação.  O município de Heliópolis é um dos últimos colocados no índice FIRJAM de desenvolvimento municipal - IFDM.  Na nossa região Nordeste da Bahia, o único município com índice abaixo de Heliópolis é Cansanção. Em números exatos, Heliópolis ocupa a colocação de nº 5458, entre os pouco mais de 5.500 municípios do Brasil. Na Bahia, Heliópolis é o 391º, dentre os 417. Ou seja, apenas 26 são piores. O índice conseguido no FIRJAM foi 0.4515. De acordo com o economista Elias Sampaio, mestre em políticas públicas, para combater a pobreza é preciso manter por pelo menos mais 30 anos a estabilidade da moeda, o crescimento econômico, as políticas sociais e destacou a necessidade de investimentos na educação. “Não existe nenhum país do mundo que avançou economicamente sem resolver o problema da educação, isso não tem exemplo na história. Porque são políticas que podem trabalhar o elemento que é estrutural, que é resolver o problema da educação, mas também ampliando a possibilidade de classes menos abastadas estarem entrando na universidade”, relatou o especialista.
Um exemplo de como a educação pode mudar o futuro de quem vive hoje na pobreza está no subúrbio de Salvador, no bairro de Fazenda Coutos III. Nas salas de educação infantil da escola comunitária São Miguel estudam 280 crianças, de três a cinco anos. “Ficam as referências do que foi aprendido aqui na escola”, relembra a ex-aluna Juliete Nascimento, de 20 anos, que agora é professora de teatro da escola e não esqueceu as lições da infância. No turno oposto ao da escola, meninos e meninas de sete a treze anos participam do projeto de iniciação musical, teatro, dança e música. Isto nos obriga a pensar numa tomada de atitude no sentido de transformar esta realidade educacional. As propostas de campanha do futuro governo Ildinho-Gama passam por este norte.
Alunos se arriscam para chegar à escola com a suspensão do transporte escolar

2 – Necessidades urgentes:
A - Escola em tempo integral
O programa visa atender crianças e adolescentes em determinadas escolas, inicialmente. Num período breve deverá atender todas as escolas do município.  As Escolas de Tempo Integral passam a oferecer, além de uma educação de qualidade nos dois turnos, oficinas pedagógicas, atividades lúdicas e desportivas, além do incentivo à pesquisa. Além de profissionais capacitados e materiais didáticos, cada estudante recebe no mínimo três refeições diárias, garantindo melhores condições para o seu aprendizado. O programa é destinado a crianças e adolescentes, priorizando as de baixo poder aquisitivo, oportunizando-lhes uma maior qualidade de ensino, na medida em que são trabalhados em todas as áreas do conhecimento, ampliando, com metodologias diversificadas, os conteúdos da base curricular. A essência do projeto é a permanência da criança e do adolescente na escola, assistindo-o integralmente em suas necessidades básicas e educacionais, ampliando o aproveitamento escolar, resgatando a autoestima e capacitando-o para atingir efetivamente a aprendizagem, sendo alternativa para redução dos índices de evasão, de repetência e de distorção idade/série. É a escola pública o tempo todo ao lado da comunidade.
Objetivos
1 - Manter os estudantes com atividades, no instante em que os pais estão buscando o sustento da família no mundo do trabalho;
2 - Educar os alunos para o pleno exercício da cidadania, orientando-os para a vida;
3 - Criar hábitos de estudos, aprofundando os conteúdos vivenciados;
4 - Vincular as atividades pedagógicas às rotinas diárias de alimentação, higiene, recreação e estudos complementares;
5 - Orientar, com auxílio de profissional competente, pais e educandos da importância de cultivar bons hábitos alimentares e de higiene;
A Comissão de Transição em visita ao Waldir Pires
6 - Suprir a falta de opções oferecidas pelos pais no campo social, cultural, esportivo e tecnológico;
7 - Desenvolver as habilidades do educando desde o cultivo da terra à eletrônica, levando em consideração sua origem ou procedência, bem como suas tendências e habilidades;
8 - Possibilitar aos estudantes, oriundos de famílias de baixa renda, ambiente adequado e assistência necessária para a realização de suas tarefas;
9 - Incentivar a participação responsável da comunidade, buscando, através do seu engajamento no processo educacional, diminuir as desigualdades sociais e os seus efeitos;
10 - Promover ampliação e humanização do espaço da sala de aula;
11 - Adaptar à realidade econômica de cada região com a diversificação de culturas, visando à transformação qualitativa das estruturas produtivas já existentes;
Base Curricular:
1 – Do 1º ao 5º ano:
Base Nacional Comum e a Parte Diversificada se integram.  A composição curricular deve buscar a articulação entre os vários aspectos da vida cidadã (a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, o trabalho, a ciência e a tecnologia, a cultura, as linguagens) com as áreas de conhecimento (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira (Inglês e/ou Espanhol), Educação Artística, Educação Física e Educação Religiosa). Além disso, completa-se com acompanhamento pedagógico, educação ambiental e desenvolvimento sustentável, esporte e lazer, educação em Direitos Humanos, cultura popular, artes e educação patrimonial, cultura digital, prevenção e promoção da saúde, comunicação e uso de mídias. Pode-se ainda implantar investigação no campo das Ciências da Natureza e educação econômica/economia criativa e Libras.
B - Currículo único
Todas as escolas do município terão um só currículo, ministrados em um tempo que se permita as variações metodológicas e o processo de cooptação por parte dos alunos.
C - Níveis de Ensino

1 – A – São as escolas de excelência

2 – B – São escolas intermediárias

3 – C – São escolas com as mínimas necessidades atendidas

D - Central de Avaliação

- Responsável pela elaboração, edição e aplicação das provas.

- Coordenará a criação de um banco de questões.

E - Programa de incentivo

- Promover incentivar os melhores alunos;

- Criar mecanismos de incentivo aos professores mais dedicados e que obtiveram resultados significativos.

F - Programa de Incentivo ao Nível Superior

- Criação da Casa do Estudante em Aracaju, Salvador ou Feria de Santana.

- Apoio ao estudante Universitário.

- Criação de contrapartidas aos incentivados

G - Atividades intercolegiais

- Campeonatos, olimpíadas, eventos culturais e científicos.
3 – Potencialidades
Em algumas escolas do interior do município há um clima de abandono com a coisa pública
Nosso alunado só precisa de uma educação um pouco melhor. Só para se ter uma ideia, Heliópolis está em 194ª lugar, com média 3,9, na classificação da Prova Brasil nos anos iniciais. Não é uma tragédia se compararmos ao município de Banzaê, que ocupa a posição 410ª e tem média 2,7, mas é uma decepção se compararmos ao município de Fátima, que ocupa a 40ª posição e tem média 4,5. Coisa é se compararmos ao 1º lugar geral, o município de Licínio de Almeida, que emplacou média 5,9, entre os municípios da Bahia em 2011. Nas séries finais, embora nossa média caia para 3,7, subimos várias posições e ancoramos na 36º. Isto significa que a educação na Bahia está em declínio porque este resultado foi praticamente conseguido graças ao Colégio Waldir Pires, que conseguiu a 268º colocação entre as escolas das Bahia, todas públicas e municipais. A nossa próxima escola colocada é a Jorge Amado, do povoado Riacho, com a colocação 1204. Todas as outras não obtiveram índice. Vale dizer ainda que a melhor escola municipal é a única da sede com ensino até o 9º ano. Nos anos iniciais, nossa melhor escola é a Rui Barbosa, com média 4,8 e ocupa a colocação 215ª. Em seguida temos o Waldir Pires, com 3,8 de média e 1467ª de colocação. Depois vem a D. Pedro I, com 3,6 e 1826º, empatada com a Getúlio Vargas. Logo após vem a Castro Alves, com 3,5 de média e posição 2019ª, a Galdino Barbosa Andrade teve média 3,4 e posição 2212ª, a Jorge Amado com 3,2 e na 2560ª, a Marcelino Borges dos Santos com 2,9 e na 2925ª. As outras não obtiveram índice em 2011.
4 – Conclusões
Após visitar uma boa parte das escolas do município, percebemos que também há necessidade urgente de reforma, pelo menos parcial, em várias instituições. Algumas até que apresentam estado satisfatório porque seus respectivos diretores aplicaram os recursos direcionados para tal. Outras apresentam estado deplorável, idêntico a de um pardieiro. De sanitários desativados a problemas nas instalações hidráulicas tudo se vê. Dá a impressão de que havia falta de recursos, o que não é verdade. Percebem-se também algumas questões importantes para serem resolvidas. Vimos escolas com apenas oito alunos, cuidados por 3 professores e 3 servidores. Além disso, a questão das turmas multisseriadas tem que ser resolvida. Há casos de um profissional para cuidar do pré-escolar ao 5º ano. Não há metodologia ou profissional competente que proporcione a melhoria de desempenho destes alunos. Verificamos que a estrutura educacional do município possui 3.200 alunos, 22 escolas ativas, 160 professores concursados (já contando mais 2 incorporados por decisão judicial), com cargos para 8 diretores e 9 vice-diretores. Deste quadro de profissionais, há cerca de 10 professores em condições de aposentadoria. Daí a necessidade urgente de abertura de Concurso Público, expressão pouco querida até mesmo entre os professores concursados. Eles preferem o aumento da carga horária de 25 para 40, o que também não seria suficiente para cobrir as lacunas com a falta de professores. Por baixo, há 60 vagas para profissionais do ensino, numa perspectiva de enxugamento da rede, principalmente para disciplinas do 6º ao 9º ano. Há carência de professores de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências, Inglês e Espanhol, as mais urgentes e necessitadas. Se houver boa vontade na implantação de um projeto de educação alfabetizadora de adultos, não há muita coisa. Tudo deverá começar do zero. Experiência como o TOPA só funcionou por aqui na propaganda do governo. O programa não é ruim, inclusive pode ser aproveitado ainda, mas o direcionamento dado foi péssimo. Por fim, o maior problema na educação do município de Heliópolis é a politização da educação. Confundem nomeação de pessoas de confiança do gestor para cargos com relaxamento de funções. Traduzindo, aqueles da linha política do prefeito são “privilegiados” e os opositores são “perseguidos” e o processo educacional entra em decadência.
6 - Mensagem final
Este relatório está incompleto porque as contribuições dos convidados presentes nas duas reuniões feitas na casa da professora Bernadete foram tímidas. Verdade seja dita, muitos não enviaram uma só linha e foram poucos aqueles que contribuíram efetivamente. De qualquer forma, como estiveram em pelo menos uma reunião, vão aqui os nomes daqueles que contribuíram direta ou indiretamente para o conteúdo deste relatório: Landisvalth Lima, Maria Eugênia, Professor Quelton, Professor José Milton, Neném (José Ilson), Dra. Maria Andrade, Pedro Fotógrafo, Marcone Reis, Professor Vinicius, Dalila Torres, Soraia, Fernando, Alício Neves, Professora Netinha, Noelia de Zé de Pedrinho, Prof. Bernadete, Vereadora Ana Dalva, Jorge Souza, Beto Moura, Raimundo Lima, Professor Kleber, Uilian, Edilene e outros tantos que trabalharam no apoio e na organização. 
7 - Explicações finais 
Este Relatório está aqui sendo divulgado porque não houve interesse por parte dos futuros administradores. O futuro Secretário de Educação, que chegou a participar da 1ª reunião, não só não contribuiu com nada como também não se interessou pelo documento. É bom ser justo: o único que me perguntou sobre o relatório foi Beto Fonseca, quando o documento ainda não estava pronto. Como renunciei à condição de membro da Equipe de Transição, não pelo trabalho da equipe, que andava bem, mas pelos rumos tomados pelo governo que assumirá nesta terça-feira, faço aqui a publicação. Se precisarem ou solicitarem, mandarei de bom grado. Quero que o governo Ildinho e Gama dê certo. Torço por isso e quero ver Heliópolis sempre melhor. Só não posso admitir que um vereador da oposição, de qualidade política questionável (na oposição há bons vereadores), seja chamado para ser secretário e os companheiros de luta fiquem sem poder mostrar seu trabalho numa secretaria qualquer. De igual modo não posso aceitar, sob nenhum argumento, o nome da vereadora Ana Dalva ser vetado para assumir a Presidência da Câmara Municipal de Heliópolis, depois de ser, até aqui, considerada a parlamentar mais qualificada da história do município de Heliópolis. 

De soslaio

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A violência em Poço Verde e a barbárie das execuções

Um dos assassinados em assentamento na divisa de
Poço Verde com Tobias Barreto.

(Foto: Gerliano Brito/SE Notícias)

É comum na história ver o alicerce da paz construído com o sangue dos mortos, muitos deles inocentes. O município de Poço Verde, berço de nascimento do Rio Real, que separa Sergipe e Bahia, distante 145 km de Aracaju e 355 km de Salvador, está vivendo os seus mais altos índices de violência de toda sua história. A pacata cidade dos tempos de João de Oliveira é hoje um município com forte influência comercial sobre muitas cidades da Bahia, inclusive Heliópolis, Fátima e Ribeira do Amparo. Mas o fato de estar localizada numa divisa entre estados permite ser campo fértil para o comércio de drogas e afins. Certo é que a população pediu providências às autoridades quando assistiu ao assassinato do estudante Horácio Barreto de Souza, 26, crime ocorrido numa quinta-feira, 16 de agosto deste ano, em frente ao Colégio Estadual Prof. João de Oliveira. Na semana anterior, ocorrera também um sequestro. Um morador de um povoado da cidade teria sido levado por assaltantes e largado em uma estrada porque o carro usado pelos marginais teria faltado gasolina. A comunidade resolveu agir. Os estudantes fizeram a Caminhada pela Paz, manifestação contra a violência realizada na sexta-feira, dia 24 de agosto. Moradores e profissionais de vários segmentos da sociedade aderiram à manifestação passando por várias ruas da cidade. Além disso, os moradores colheram assinaturas para um abaixo-assinado e solicitaram ao governador Marcelo Déda e ao Comando Geral da Polícia Militar para aumentar o efetivo policial no município e adotar medidas que pudessem minimizar os problemas que a população tem enfrentado em função do aumento da violência. O crime chocou a comunidade. O estudante foi morto na porta da escola onde estudava. Dois homens ocupantes de uma motocicleta se aproximaram da vítima e dispararam vários tiros. A vítima foi socorrida com vida e morreu no hospital local no mesmo dia.
 Justiceiros ou bandidos?
 Na manhã de uma quinta-feira, 15 de Novembro, o adolescente Jeferson Nascimento Santana, de 16 anos, foi baleado no pé no município de Poço Verde. Como não havia ambulância do Serviço Móvel de Urgência (Samu), disponível para fazer o transporte, foi acionada uma viatura do Samu de Simão Dias. O paciente estava sendo acompanhado pela tia e a ambulância foi abordada, no povoado São José, em Poço Verde, por quatro homens encapuzados que chegaram num veículo. Eles renderam o motorista, retiraram o paciente e o executaram com vários tiros. Informações dão conta de que a técnica de enfermagem correu juntamente com a tia do rapaz assassinado, mas um dos homens gritou “não precisam correr, porque já foi feito o que a gente queria”.
 No dia 31 de outubro, João Leno Santana, 23, foi encontrado crivado de balas, na tarde da quarta-feira, em uma estrada no município de Poço Verde. Populares encontraram o corpo por volta das 15h, estirado numa estrada que dá acesso à barragem do povoado São José. Foram disparados vários tiros que atingiram a vítima na cabeça e também no tórax, característica de um crime de execução. Os primeiros levantamentos realizados pela PM indicam que João Leno Santana tinha envolvimento com o crime na cidade e estaria chefiando uma suposta quadrilha articulada para praticar roubos e também com envolvimento com o tráfico de drogas. O seu nome está numa lista de pessoas que seriam eliminadas. Ele foi o segundo da lista marcado para morrer. O primeiro foi Jeferson Nascimento. João Leno residia numa comunidade conhecida como Chique-Chique, na cidade de Poço Verde, e já tinha passagem pela Delegacia de Polícia, acusado por prática de roubo. Da lista também foram mortos Elvis e Ney.
A lista negra da morte!
 Mais dois crimes estão associados aos justiceiros de Poço Verde. No assentamento Canaã, na divisa entre Tobias Barreto e Poço Verde, dois homens foram assassinados e um saiu ferido. Seus nomes não conferem com a lista publicada, mas as pessoas insistem em dizer que os justiceiros resolveram buscar os criminosos em seus esconderijos. Os mortos foram identificados como Denis Gonçalves Braz de Jesus Rocha, 16 anos, conhecido como “Denis Potana”, viciado em drogas, e Douglas Braz de Jesus, ex-presidiário, na época preso por trafico de drogas. Segundo informações da polícia, ambos aterrorizavam comunidades e tudo leva a crer que são os principais suspeitos das ondas de assaltos de motocicletas na região. Os autores dos crimes não foram identificados, só se sabe afirmar que os assassinos chegaram em um carro branco e efetuaram os disparos. Ainda não se sabe o paradeiro do homem que saiu ferido, informações dão conta que, após ser baleado, o mesmo conseguiu fugir.
 No povoado de João Grande, município de Heliópolis, no Estado da Bahia, um rapaz, identificado inicialmente pelo nome de Gerônimo, com 21 anos de idade, foi executado por 3 homens que usavam capacetes, no dia 24 de dezembro, véspera de Natal. O crime ocorreu por volta das 16 horas e, segundo alguns moradores, o jovem foi praticamente tirado dos braços da mãe, levado para o terreiro e executado. Gerônimo era de Poço Verde e estava passando um período na localidade. O nome dele, como foi informado pela Delegacia de Polícia de Heliópolis, não aparece na lista. Segundo as autoridades, ele poderia ser conhecido por algum apelido e sua morte está sim relacionada aos que estão marcados para morrer em Poço Verde.
   O último da lista que morreu foi Mário Barbosa do Nascimento, 23, faleceu após ser atingido por disparos de arma de fogo por volta das 18h da última quinta-feira, 27. Segundo informações do cabo Da Silva, plantonista na delegacia de Poço Verde,  “Algumas testemunhas disseram que o viram pouco antes do crime sendo levado para o local amarrado em uma moto. Dois suspeitos estavam fazendo o transporte”, afirma. Mario, que o nome não parece na lista, estava se escondendo na casa do avô na localidade de Tanquinho, também em Heliópolis. Ele foi sequestrado na Bahia e levado para morrer na Barragem.  
Diante de tantas execuções, Poço Verde está assombrada. Um professor do Colégio João de Oliveira disse que a cidade está em paz, mas uma paz ao custo da instituição da barbárie. Tomaram a Justiça nas próprias mãos e estão executando adolescentes e jovens. Alguns dizem que são irrecuperáveis, mas quem tentou recuperá-los? Qual a providência do estado para tentar trazer para o mundo social estes meninos? Se não houve uma ação efetiva, nada justifica tais arbitrariedades. Além disso, rasgaram a Constituição e qualquer outro livro ou lei do direito. Todos têm direito a uma segunda chance. Nenhuma sociedade pode pregar a paz ao custo do sangue sem o referendo do republicanismo. O argumento maior, entretanto, é inapelável: Poço Verde está em paz! Será mesmo?

Morreu Dona Canô, mãe de Bethânia e Caetano Veloso


Da Redação de A TARDE
Dona Canô com Maria Bethânia
O corpo de Dona Canô está sendo velado, na noite desta terça-feira, 25, no Memorial Caetano Veloso, na cidade de Santo Amaro da Purificação, para onde seguiu em cortejo composto por amigos, familiares e conhecidos, no final da tarde. O caixão com a matriarca dos Veloso está sendo homenageado por populares em visitação que seguirá por toda a madrugada. Na manhã desta quarta-feira, 26, às 9h, acontece missa de corpo presente na Igreja da Purificação. O enterro está marcado para 10h no cemitério municipal.
Depois de cerca de nove horas de velório na casa da família, o caixão foi carregado por amigos e pelos filhos para o espaço que fica perto da residência onde Canô morou por boa parte da vida. Somente os filhos ilustres Caetano Veloso e Maria Bethânia permaneceram na casa da família e não acompanharam o cortejo.
Dona Canô passou a noite de Natal ao lado dos filhos, netos e bisnetos. Segundo informações iniciais, ela teria passado mal na madrugada desta terça. Logo depois, teria morrido cercada pela família.
Caetano Veloso e Dona Canô
"Ela deixa uma mensagem de amor ao próximo. Conduziu sua vida com muita lucidez, mas não só: tinha sempre sentimentos e olhares bons sobre os outros", disse Jota Velloso, neto de Dona Canô, ao Portal A TARDE.
A matriarca teve oito filhos, entre eles os cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em outubro de 2011, ela perdeu a filha adotiva Eunice Veloso, aos 83 anos, que morreu com insuficiência respiratória.
Internações - No último dia 15 de dezembro, ela foi internada na Unidade Cardiovascular Intensiva do Hospital São Rafael, em Salvador, depois de sofrer um ataque isquêmico cerebral. Ela foi levada à unidade pelo filho Rodrigo Velloso, com quem morava no município de Santo Amaro, a 80 quilômetros de Salvador.
Após seis dias de internação, Dona Canô recebeu alta hospitalar e passou a ser acompanhada em casa por uma equipe multidisciplinar de saúde formada por profissionais de diversas áreas. A decisão de alta foi tomada pelos filhos da matriarca, que atenderam ao pedido de Dona Canô.
Dois meses antes, Canô teve uma infecção respiratória e foi internada no mesmo hospital por quatro dias. Foi novamente Rodrigo Velloso quem a acompanhou. Não houve nada grave e ela se mostrou feliz com o retorno para casa. Nas redes sociais, mensagens de paz, de carinho e de saúde foram direcionadas e compartilhadas.
Em 7 de julho de 2011, a mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia também havia sido hospitalizada com dores na coluna, dores abdominais e falta de ar. Em abril deste ano, ela esteve no hospital para realizar alguns exames de rotina e um pequeno procedimento cirúrgico para a retirada de um sinal do rosto.
Aniversário - A matriarca da família Velloso fez 105 anos no dia 16 de setembro. O aniversário dela foi festejado com uma missa na Igreja da Purificação, seguida de uma festa na casa da família. Ela nasceu em Santo Amaro da Purificação, em 1907. Sobre a longevidade, ela disse: "Eu tô pouco me importando com idade. A minha vida é essa até o dia que Deus permitir. Se ele quiser que eu viva, eu vivo. Mas tem que ter alegria sempre", disse no dia do último aniversário.
A matriarca teve sua história de vida publicada no livro "Canô Velloso, lembranças do saber viver", escrito pelo historiador Antônio Guerreiro de Freitas e por Arthur Assis Gonçalves da Silva (que faleceu antes do término da obra). Dona Canô era viúva de José Teles Velloso, conhecido como Seu Zeca, funcionário público dos Correios que faleceu em dezembro de 1983, aos 82 anos.
Dona Canô era uma das personagens mais ilustres de Santo Amaro, onde tinha grande influência política. Teve uma forte amizade com o senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), assim como uma notória ligação com o ex-presidente Lula. Em novembro de 2009, uma declaração do filho Caetano gerou polêmica: o cantor chamou o ex-presidente de analfabeto em entrevista ao jornal "Estado de São Paulo". O fato fez Dona Canô pedir desculpas a Lula pela declaração do filho.
Mais Luto
Muitos foram se despedir de Nadinho Soldado
Em Feira de Santana faleceu no último domingo o sargento aposentado da PM Leonardo Teixeira da Silva, popularmente conhecido por Nadinho Soldado. Era natural de Serrinha e tinha 83 anos. Nadinho lutava contra um câncer já há algum tempo. Era viúvo e deixou numerosa prole. O sepultamento ocorreu às 17 horas da última segunda-feira, 24, no cemitério do Campo Limpo, em Feira. Leonardo era tio do professor Landisvalth Lima e de Raimundo. Eles estiveram no velório acompanhados da vereadora Ana Dalva.

Programa Saúde da Família encontra entraves e dificuldades


Nos últimos dois anos, número de equipes descredenciadas no país quase dobrou
MARCELLE RIBEIRO – de O GLOBO  
Cerca de 20 anos após a criação do Programa Saúde da Família, ainda há entraves para a ampliação da população atendida no país e dificuldades para atrair médicos, segundo associações de saúde. Casos de irregularidades envolvendo a gestão dos profissionais de saúde que atuam no programa não são raros, e a média de equipes descredenciadas por mês pelo Ministério da Saúde tem crescido.
Em 2010, o ministério descredenciou em média 342 equipes por mês no país. Em 2011, foram 444 e em 2012, 632. Em um modelo em que o médico deveria conhecer melhor as famílias atendidas, a rotatividade desses profissionais é maior do que o adequado e a população acaba prejudicada, dizem associações.
O ministério, que repassa recursos para prefeituras gerenciarem o programa, tem descredenciado cada vez mais equipes, devido a irregularidades encontradas. Isso acontece, por exemplo, quando um mesmo médico está inscrito no banco de dados federal como integrante da equipe de Saúde da Família em duas cidades, o que não é permitido caso a carga horária ultrapasse 40h semanais. Quando uma equipe é descredenciada, repasses financeiros para os municípios são suspensos temporariamente, até que o problema seja sanado.
— Enrijecemos as regras. Situações que passavam despercebidas antes agora não passam mais — diz o diretor de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Heider Pinto.
O trabalho de visitar as famílias não está sendo realizado satisfatoriamente.
As fiscalizações da Controladoria Geral da União (CGU) em municípios de todo o país também têm flagrado irregularidades na atuação das equipes de Saúde da Família. Das 57 cidades sorteadas para serem fiscalizadas na última vistoria da CGU, o órgão encontrou falhas médias e graves em 55. Entre as falhas, estão a desobediência da composição mínima da equipe de medicina familiar (o que ocorreu em 8% dos casos no último sorteio); a falta de materiais e equipamentos (situação constatada em 20% dos casos); e o descumprimento da carga horária de trabalho por enfermeiros (27%) e médicos (44%). Segundo a CGU, em outras cidades fiscalizadas anteriormente também foram detectados problemas como estes.
Equipes incompletas são uma realidade em Natal (RN), onde 55 dos 116 grupos de profissionais estão atuando sem médico. De acordo com o Ministério da Saúde, cada equipe tem de ter, no mínimo, um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de Saúde. A prefeitura de Natal admite a necessidade de realizar concurso para tentar preencher as vagas.
— Quando você fica sem médico, os demais profissionais da equipe trabalham fazendo o que podem, dentro de suas atribuições. Vai ter que ter concurso realmente — afirma a coordenadora da Estratégia de Saúde da Família da prefeitura de Natal, Ariane Rose de Macedo.
Segundo a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), em muitos casos, as prefeituras tentam contratar médicos para as equipes de Saúde da Família de forma precária, sem que eles tenham vínculos empregatícios, o que dificulta a atração dos profissionais.
De acordo com o coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Família do Conselho Federal de Medicina (CFM), Celso Murad, muitas vezes os médicos não querem trabalhar com medicina da família porque o tipo de contratação não é atraente e não há planos de carreira.
— A maior dificuldade que se tem é a manutenção das equipes de Saúde da Família nos municípios alvo. A atenção que os municípios dão ao programa muda de acordo com a ideologia política do local. Muitas vezes não há vínculo permanente entre a equipe e a comunidade que ela assiste — diz Murad.
Para a Associação Baiana de Medicina de Família e Comunidade (Abamefac), os contratos não atrativos explicam o fato de a capital baiana ser a capital com a pior cobertura do programa do país. Na cidade, a iniciativa só abrangia 13,32% da população da cidade em novembro de 2012. No país, a cobertura do programa chega a 54,84% dos brasileiros e está crescendo, segundo o Ministério da Saúde.
— O programa Saúde da Família em Salvador está estagnado. Profissionais do programa ficaram trabalhando sem vínculo empregatício por anos — diz Leandro Barretto, presidente da Abamefac.
A prefeitura de Salvador admite que a cobertura do programa na cidade não é adequada e diz que convocará médicos concursados.
Para tentar atrair mais médicos, o Ministério da Saúde flexibilizou, no fim de 2011, a carga horária dos profissionais, que agora podem trabalhar por 20h ou 30h semanais e não apenas por 40h. Muitos médicos que atuam no programa são recém-formados, mas é comum que eles deixem o cargo para fazer residência em uma especialidade médica.
— Vou tentar me especializar em oncologia clínica. Não pensava em fazer medicina da família no início da faculdade. Mas, antes de mergulhar numa especialidade, eu quis saber como funciona o SUS de perto — afirma o médico Victor Hugo Valois, que trabalha na região central de São Paulo como médico de Família da prefeitura.
Entidades médicas também reivindicam o aumento das verbas destinadas à atenção básica pelos governos federal, estaduais e municipais, e reclamam do número de pessoas sob responsabilidade de cada equipe do programa, que seria muito elevado.
Atendimento. Victor Hugo Valois, médico da Família
da prefeitura de São Paulo, com uma paciente
 
Foto: O Globo / Eliária Andrade 
— A maioria das equipes está sobrecarregada, principalmente nas áreas mais pobres. Os municípios mais organizados deixam as equipes com responsabilidade por menos pessoas, por 2.500, por exemplo. Mas há município que coloca quatro mil pessoas sob responsabilidade de cada equipe. Isso acarreta filas e as pessoas demoram para conseguir atendimento — diz Nulvio Lermen Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Mais de mil municípios com dificuldade
A falta de médicos e a dificuldade para atrair esses profissionais para municípios do interior do país e das periferias das grandes cidades não são um problema exclusivo da Estratégia de Saúde da Família. Como revelou reportagem do GLOBO em abril, 1.228 municípios pediram ajuda ao Ministério da Saúde para atrair profissionais recém-formados em 2011.
Mas somente 1.460 médicos demonstraram interesse nas 7.193 vagas disponíveis, o que corresponde a 20% da demanda, de acordo com números do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab).
O programa oferece bônus de 10% nas provas de ingresso em residências médicas a recém-formados que concordarem em trabalhar por um ano em determinadas cidades.
Porém, até abril de 2012, 233 municípios não conseguiram atrair nenhum médico. E somente 460 médicos já haviam começado a trabalhar até a primeira semana de abril.
Um estudo divulgado pelo Conselho Federal de Medicina em novembro de 2011 mostrou que o Brasil tinha uma taxa de 1,95 médico para cada mil habitantes. O governo quer que essa taxa médico/habitante seja elevada para uma relação que seja de 2,5 médicos para cada mil habitantes até 2020.
Para o Conselho Federal de Medicina, o número de médicos do país é adequado, e o problema está na maneira como eles estão distribuídos pelas regiões.
Em abril, o Ministério da Saúde identificou que 2.130 cidades tinham dificuldades para manter ou expandir o Programa Saúde da Família. A rotatividade era alta: em 1.190 cidades, mais de 75% das equipes de Saúde da Família trocam de médico pelo menos uma vez por ano. Em março de 2012, havia 26 cidades que não tinham médico de Família.
 EM TEMPO. Para complementar a excelente reportagem de O GLOBO, o Landisvalth Blog insiste na linha de que há uma preocupação de busca recursos do Governo Federal, mas não há a mesma preocupação em aplicá-los com a devida lisura. O município de Heliópolis foi penalizado com a suspensão de recursos do Ministério da Saúde por irregularidades diversas. Sanados os problemas, os recursos voltaram. Entretanto, desde a derrota do atual gestor, não há médicos em Heliópolis. Todas as equipes foram desfeitas e a população doente mendiga atendimento e socorro. A prioridade não é a saúde do povo, é o recurso federal que possa gerar algum tipo de benefício político ou econômico. E porque o governo federal ainda não desistiu deste modelo de Saúde da Família? Porque são os agentes políticos em cada rincão deste país que sustentam os agentes políticos de Brasília e de Salvador. E este modelo não é novo!

O cerrado é nova fronteira agrícola


TATIANA FREITAS – da Folha de São Paulo
O fazendeiro José Edgar de Castro Andrade, 69, proprietário da fazenda Brejinho, posa para foto em sua plantação de soja, no município de PedroAfonso, no norte do Tocantins.  (Foto: Apu Gomes/Folha)
A terra vermelha do cerrado está mais produtiva do que nunca. Após dobrar a área plantada com soja na última década, o Mapitoba -nome dado à área entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia- promoverá mais um aumento nesta safra, de 12%. Até o início da década passada irrelevante para o agronegócio, a região é hoje considerada a terceira fronteira agrícola brasileira -depois do Sul, onde não há mais espaço para expansão, e do Centro-Oeste, já consolidado. Com o avanço tecnológico e investimentos no solo, sementes e irrigação, o clima não é problema para a região. Na safra passada, o Mapitoba atingiu participação de 8% na produção nacional de grãos, com a colheita de 12,2 milhões de toneladas. Até 2021, ela deve chegar a 20 milhões de toneladas, uma alta de 64%, estima o Rabobank, banco especialista no setor. Além de ganhos de produtividade previstos com investimentos em novas variedades, fertilizantes e máquinas, a área também deve crescer. Dois milhões de hectares de terras de boa qualidade ainda estão disponíveis para o plantio -o equivalente a 70% da área cultivada com soja nesta safra-, segundo estimativas do mercado. "Abrir terras", expressão usada pelos produtores para se referir à derrubada da vegetação nativa e ao preparo do solo para o plantio, é uma constante na região. Com as chapadas praticamente tomadas por grandes investidores, os produtores agora buscam terras em áreas onde o preço é mais baixo. "Cada pedaço de terra é garimpado", diz o agricultor Valdir Zaltron, dono de 6.600 hectares entre o Tocantins e o Maranhão. No mês passado, ele comprou mais 350 hectares em Balsas (MA). Nessa cidade, Idone Grolli, dono da fazenda Cajueiro, de sementes e grãos, também tem plano de expansão. "Pretendemos aumentar a área em 20% na próxima safra."
TODOS "GAÚCHOS"
Atraídos pela terra barata, produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul - apelidados de gaúchos pelos locais - começaram a migrar para o Mapitoba nos anos 1980 e 1990. Esse processo teve início na Bahia, expandiu-se para o Maranhão e depois seguiu para o Piauí e para o Tocantins, o último Estado do grupo a se desenvolver na agricultura. "Um alqueirinho no Paraná valia 40 alqueirões aqui", diz o agricultor Moacir Catabriga, que em 1990 comprou a primeira terra no Tocantins. Além do valor da terra, há diferença na metragem. Um alqueire no Sul (2,4 hectares) é a metade de um alqueire negociado no Norte (4,8 hectares), o chamado "alqueirão". O crescimento mais significativo do Mapitoba ocorreu a partir de 2000. O boom dos preços das commodities incentivou grandes empresas e fundos de investimento a investir na região. A produção de soja foi multiplicada por quatro, estimulando a instalação de processadoras.Bunge, Cargill e Algar têm unidades no Mapitoba, que reúne 5% da capacidade total de esmagamento do país, segundo o Rabobank. O agronegócio já representa 30% do PIB dos Estados da região.

>>>Cheio de Arte: Capitães da Areia, o filme, é obra superior

>>>Cheio de Arte: Capitães da Areia, o filme, é obra superior: Capitães da Areia, o filme, estreou no dia 7 de outubro de 2011, dirigido por Cecília Amado, tem como tema principal a vida de meninos d...

Violência na Bahia: Policiais imploram para não morrer


Três policiais militares são baleados em tiroteio com bandidos em Cachoeira.Baleados, os policiais tiveram de pedir aos criminosos que não os matassem. A viatura ficou destruída. Os bandidos fugiram levando as armas dos policiais, os coletes à prova de balas, além da munição.
Da Redação do CORREIO
Três policiais militares ficaram feridos em uma troca de tiros com 12 bandidos na madrugada deste sábado (22) no município de Cachoeira, a 130 km de Salvador. Baleados, os policiais tiveram de pedir aos criminosos que não os matassem. Segundo informações da delegacia, os três PMs faziam uma ronda notura por volta das 2h quando foram fechados por um veículo com homens armados. Em seguida, outros dois veículos com criminosos cercaram os policiais. Houve uma intensa troca de tiros. Em menor número e com armas de menor poder de fogo do que os criminosos, os policiais ficaram no centro do tiroteio. A viatura ficou destruída. Os três acabaram sendo baleados: um no braço, outro na virilha e um terceiro foi atingido de raspão na cabeça. Feridos, os policiais se renderam enquanto os bandidos ameaçavam matá-los. Ainda de acordo com a Polícia Civil, os bandidos deixaram os PMs no local e fugiram levando as armas dos policiais, três pistolas e uma metralhadora, os coletes à prova de balas, além da munição. Os policiais pediram socorro a um veículo que passava no local do atentado e foram levados para um hospital no município de São Félix. Eles foram transferidos para o Hospital Emec em Feira de Santana. O estado de saúde de uma das vítimas é considerado mais grave.
Bahia é vice-líder em assassinato de policias
Um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo em outubro mostra que um policial é assassinado a cada 32 horas no Brasil. Na Bahia, 16 policiais já foram mortos este ano o que coloca o estado em segundo lugar no ranking brasileiro, ao lado do Pará, que também computou 16 PMs assassinados. O estado brasileiro campeão é São Paulo, que acumula quase a metade das ocorrências, com 98 policiais mortos, sendo 88 PMs. O Estado concentra 31% do efetivo de policiais civis e militares do país, mas responde por 43% das mortes desses profissionais em 2012. No total, ao menos 229 policiais civis e militares foram mortos no mesmo período no Brasil, a maioria deles, 183 (79%), estava de folga. Muitos dos policiais morrem em atividades paralelas à da corporação, no chamado “bico”. Em vários Estados, os policiais reclamam de falta de assistência.
Com informações complementares da Folha de São Paulo e do portal Fala Barreiras.

Ana Dalva News: Ana Dalva lamenta situação do município e anuncia ...

Ana Dalva News: Ana Dalva lamenta situação do município e anuncia ...: Ana Dalva: luta constante contra a corrupção A vereadora Ana Dalva (PPS) chama atenção para o que está ocorrendo em Salvador com o ...

FEMEM protesta em Bruxelas


     Seminuas, ativistas protestam contra presidente russo em Bruxelas. Militantes do grupo ucraniano Femen foram detidas pela polícia de choque. Elas protestavam contra visita de Vladimir Putin.
     Do G1, da Folha de São Paulo e de agências internacionais
     Ativistas do grupo feminista ucraniano Femen foram detidas nesta sexta-feira (21) pela polícia de choque em frente ao prédio da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica. Seminuas, elas protestavam contra a visita do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Inscrições nos corpos das ativistas diziam: 'Putin, vá para o inferno'.

Presidente do STF rejeita pedido de prisão de condenados do mensalão


FELIPE SELIGMAN – da Folha de São Paulo
Presidente do STF Joaquim Babrosa
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, negou nesta sexta-feira (21) o pedido de prisão dos condenados no mensalão feito quarta-feira pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Segundo Joaquim Barbosa, o plenário do STF já decidiu ser "incabível o início da execução penal antes do trânsito em julgado de condenação, ainda que exauridos o primeiro e o segundo grau de jurisdição". Ele também diz que, em tese, os recursos "embora atípicos e excepcionalíssimos" ao STF são possíveis de ocorrer e, se bem sucedidos, poderiam levar à mudança do resultado, "o que a rigor afasta a conclusão de que o acórdão condenatório proferido pelo Supremo Tribunal federal em única instância seria definitivo". Em sua decisão de 3 páginas, ele termina da seguinte forma: "Há que se destacar que, até agora, não há dados concretos que permitam apontar a necessidade de custódia cautelar dos réus, os quais, aliás, responderam ao processo em liberdade. A isso se soma o fato de que já foi determinada a proibição de os condenados se ausentarem do país, sem prévio conhecimento e autorização do Supremo Tribunal Federal, bem como a comunicação dessa determinação às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional.
Polícia Federal afirma que vai ao Congresso prender os condenados
Delegados da Polícia Federal (PF) afirmaram nesta quinta-feira (21) que, apesar da preocupação com a possibilidade não negada pelo presidente da Câmara dos deputados, Marco Maia (PT-RS), de abrigar réus condenados do mensalão dentro do Congresso, o setor operacional afirma que ordem judicial se cumpre e que, se houver determinação, terá que entrar na Casa. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira (21), mostra que equipes de agentes federais ficaram a postos para cumprir a ordem de prisão dos mensaleiros, diante da possibilidade de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, acatar o pedido da Procuradoria-Geral da República em executar a pena imediatamente, o que não ocorreu.

Ildinho, Gama e vereadores recebem diplomas

Ildinho e Gama esperando os diplomas


Dr. Antônio Fernando - Juiz Eleitoral
Nesta quarta-feira, 19 de Dezembro, debaixo de um verão de imprevisível fim, foram diplomados os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos municípios que compõem a 82ª Zona Eleitoral: Cícero Dantas, Antas, Fátima, Novo Triunfo e Heliópolis. Num primeiro momento, já passavam das dez horas da manhã quando o Dr. Antônio Fernando de Oliveira, Juiz Eleitoral que administrou todo o processo, inclusive como Presidente da 1ª Junta Eleitoral, abriu a solenidade dedicada à diplomação dos eleitos de Antas, Novo Triunfo e Heliópolis. Foi um belo discurso, mas chamaríamos de um providencial desabafo.
Vereadora Ana Dalva (PPS)

A solenidade foi concorrida
Dr. Antônio Fernando colocou o dedo na maior chaga que inferniza o nosso combalido processo democrático: a compra de mandatos. Foi claro quando disse que era hora de dar um basta nesta prática. De posse dos cargos, muitos acabam desviando recursos para pagar o que ficou devendo e isso estava matando a convivência democrática e sacrificando os municípios. Apelou ainda para a ética na política. Chegou a citar Heliópolis como um dos que mais trabalho deu à Justiça. Condenou ainda as práticas de muitos vereadores que, eleitos pela oposição, tem um comportamento combativo, mas, eleitos pela governança acabam agindo como verdadeiros carneirinhos. Foi um discurso acima da perfeição, como disse a vereadora Ana Dalva. Ela relatava todo o discurso do juiz com olhos lacrimejados e como se fosse ela que dissesse tudo aquilo. Coube a Zé do Sertão, ex-prefeito e ex-deputado, e agora 1º suplente de vereador, corroborar com as palavras do juiz e representar o município no evento.
Vereador Ronaldo (DEM) e esposa

Giomar Evangelista (PCdoB) e esposa
Depois foram feitas as entregas dos diplomas. Ildinho Fonseca (PSC) e Gama Neves (DEM), prefeito e vice de Heliópolis, além dos vereadores Ana Dalva (PPS), Ronaldo (DEM), Zeic Andrade (PTN), Clóvis Pereira (PSD), Valdelício (PSD), Doriedson (PCdoB), Giomar Evangelista (PCdoB) e Claudivan (PCdoB) estavam lá. O vereador José Mendonça não compareceu. Após a solenidade, Ildinho, Gama e os vereadores da coligação que elegeu o novo prefeito foram recebidos com festa no povoado Tijuco e seguiram em carreata até Heliópolis, passando pelas principais ruas da cidade. No meio da alegria havia um punhado de esperança neste novo começo. E é apenas um começo. A estrada é longa e o trajeto será feito com maior eficiência quando menores forem os erros. O novo prefeito e seus liderados não podem errar. Heliópolis não aguenta mais tantos erros.
É uma lixeira só!
Vereador Doriedson (PCdoB) e filha

Gama Neves (DEM) - Vice-prefeito - e esposa
Enquanto a carreta saudava o novo prefeito diplomado, muitos viram o abandono em que está a cidade de Heliópolis. O lixo está tomando conta do município. Os administradores derrotados estão deixando o barco antes de chegar ao porto. É de dar tristeza. A exceção de alguns abnegados funcionários públicos que cumprem o seu dever, quase a totalidade dos serviços públicos está parada. Muitos dos agentes públicos desapareceram da cidade. Apenas alguns vereadores estão dando assistência às pessoas que precisam de tratamento médico ininterrupto. Ildinho e Gama já estão trabalhando também mesmo antes da posse. Mas o lixo só não está acumulado porque o povo está fazendo vaquinha para contratar carroças e fazer o trabalho dos administradores públicos. Heliópolis passa pelo mais vergonhoso fim de mandato de sua história.
Comissão de Transição
O prefeito Ildinho (PSC) e parte da família
Começou a fase de visitas para verificação do patrimônio de várias escolas. Na última terça-feira, Beto Fonseca, Evanilson e o professor Landisvalth Lima visitaram as escolas Waldir Pires, Castro Alves e Rui Barbosa, além da Creche Municipal, Biblioteca e o Infocentro. Diretores e alguns funcionários das instituições fizeram o levantamento patrimonial e o pessoal da transição fazia a conferência. Percebeu-se que há muito patrimônio sem ser tombado e necessitando de reparos ou substituição. De um modo geral, as escolas da cidade estão carentes de reforma hidráulica, elétrica, pintura e revisão de cobertura para o início das aulas de 2013. Não houve nas visitas nada que desabonasse o desempenho dos profissionais envolvidos.
Secretariado ainda indefinido
O lixo toma conta de Heliópolis

Com o lixo virão várias doenças
O prefeito eleito Ildinho Fonseca parece que está enfrentando problemas para formar o seu secretariado. As contas não fecham e passam pela presidência da Câmara. Promessas anteriores de campanha começam a povoar o cenário e complicar a aritmética. Por exemplo, fala-se em 3 secretarias para o PT, 1 para o DEM, 2 para o PDT (incluindo a chefia de gabinete), 1 para o PSC e a presidência da Câmara para o PTN. Esqueceram, e tomara que seja só um esquecimento, o PPS. Como Ana Dalva é a mais cotada para assumir a presidência da Câmara, numa possível composição com Giomar, Doriedson e Ronaldo, PT, PSD, PSC e PTN, sem o aval do prefeito eleito, estão trabalhando nos bastidores para isolar a vereadora Ana Dalva. Chegaram até a propor a ela que, se ficasse com a presidência da Câmara, não poderia pleitear cargos no primeiro escalão. A vereadora foi taxativa ao dizer: “O cargo de presidente da Câmara é de escolha dos vereadores. Os secretários são escolha do prefeito eleito. Misturar as duas coisas é prática de política de coronel. Nós estamos aqui para evoluir e não para regredir.” Ana Dalva também deixou claro que só abre mão se, por acaso, Giomar e Doriedson não toparem formar a chapa. Falta a palavra do futuro prefeito.
O prestígio das ex-vices
Um político que não quis se identificar soltou uma expressão que parece representar muito bem o atual momento vivido pelo grupo que tomará posse dia primeiro de janeiro. E pediu para que colocasse exatamente assim: “A ex-vice do prefeito eleito tem mais prestígio político que a ex-vice do vice-prefeito eleito. Entre elas há uma diferença de 479 votos e um mandato!”. Como dizia compadre Esnóbio: “É o cabrunco!”.
Empréstimo na Caixa
Cuidado quem tomou empréstimo pela Caixa Econômica Federal. É bom dá uma verificada se o nome não está na lista negra do Serasa ou do Cadin. É que a prefeitura municipal de Heliópolis não repassou a parcela de empréstimo descontada nos salários de vários funcionários por vários meses e o nome que vai para a inadimplência não é o do município, mas do servidor. Heliópolis pode até estar momentaneamente adimplente, mas que muitos servidores estão com a vida complicada, ah! isso tá. Foi, decididamente, um governo inesquecível!!! 
Colaboraram: Jorge Sousa - do Jornal Impacto - Beto Moura e Pequeno (fotos).