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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Uma análise parcial da reunião do dia 8 em Heliópolis



Na sexta-feira, dia 8 de fevereiro, no colégio José Dantas, em Heliópolis, a reunião do dia D deu água. Valdir do Bujão, Zé Guerra e Zé Mário não foram. O primeiro e o último tinham, digamos, atividades inadiáveis. O do meio correu e não é a primeira vez. Os outros partidos presentes PPS, PSB, PC do B, PV e PMDB não gostaram. O PT é justamente o problema. Ainda não definiu o candidato. E só se pode conversar com os outros partidos após definir o candidato da legenda. Pior, o prazo para realização das prévias está se esgotando. Os presentes estipularam o limite: dia 15 de fevereiro. Se o PT não sentar para discutir o melhor candidato, PPS, PV, PSB e PC do B podem formar uma coligação e lançar candidato a prefeito, com apoio de parte considerável do PT. Quem mais apresentou propostas foi o prof. Landisvalth. A primeira foi dizer que renunciava à sua candidatura, desde que Zélia e Zé Guerra também fizessem em apoio a Valdir do Bujão. A vereadora Zélia silenciou. A segunda proposta foi esquecer a briga do PT e lançar a chapa Mendonça (PC do B) e Ana Dalva (PPS). Todos silenciaram mais uma vez. A reunião foi mediada pelo Secretário do PT, Lázaro Ribeiro. No início perdeu-se um pouco, gerando certa insatisfação. Raimundo Lima (PPS) e Zé Milton (PV) chegaram a se retirar, mas depois o clima melhorou. No início, Antonio Jacson (PP) parecia irritado com o rumo que tomava a reunião. Agia claramente em defesa de Zé Guerra, embora sua esposa, Zélia, seja pré-candidata. Um vereador chegou a dizer baixinho que ele estava tentando ser o pai da desistência da candidatura de Zé Guerra, para “vendê-la” ao escolhido. O tiro está saindo pela culatra. Apesar de tudo, algumas coisas já estão mais ou menos postas. Vejamos:
1 – Gama não emplaca mais sua candidatura como da oposição. Ele agora terá que ser o candidato de Aleluia e Paulo Souto, se é que Toxó, Valtinho, Tonho de Belo e Senhor de Alfredo vão aceitar pegar na alça do caixão.
2 – Zé Guerra está só. Sua candidatura só decola no STRH e no meio familiar. É uma pena!
3 – Zélia está inconformada. O nome mais cotado é justamente daquele que menos se dedica ao trabalho político.
4 – Irandi não está brincando quando afirma que o PC do B tem candidato. Mendonça é um dos nomes.
5 – O PSB não apresentou candidato e parece que vai ficar por aí. Falta decisão partidária e individual.
6 – O PPS de Ana Dalva e o PV de Zé Milton falam a mesma língua. Estão dispostos a tudo, mas esperam uma reunião da esquerda para tomar um rumo.
7 – O vereador Renilson está arrependido de ter entrado no PT.
8 – O Prof. Landisvalth continua com o seu balde pronto. Ainda não chegou a hora!
A imagem acima é de Edvard Munch – O GRITO. Bem representativa do desespero de alguns que apostaram na estrela do PT, atualmente meio ofuscada pela ambição desenfreada de um companheiro picado pelo vírus do coronelismo.

Veja a entrevista completa de Landisvalth ao jornal FOLHA DA IMPRENSA

A entrevista foi publicada parcialmente. Aqui estão todas as perguntas e as respostas integrais
Jornal FOLHA DA IMPRENSA – 18.01.2008

Entrevistado
Prof. LANDISVALTH LIMA

Município: HELIÓPOLIS – Bahia

1) Qual sua análise geral da eleição de Heliópolis em 2004?

Prof. Landisvalth – Hoje é possível acreditar porque aconteceu e está registrado, mas 2004 representa o maior conjunto de equívocos políticos da história, acredito, da nossa região. Repare: um grupo fortíssimo no poder, mas com baixa densidade administrativa, um candidato de esquerda, quase sem apoio, e um candidato conservador e desgastado. Era de se imaginar que o povo escolheria o novo, a esquerda. Aí começa a sucessão de erros. Uma gravação coloca por terra todos os possíveis nomes da cúpula pardalesca. O caminho natural seria caminhar com a esquerda. Nada! Escolheram um candidato inexpressivo, porque o que ele tinha de voto estava dentro do próprio grupo. Pensaram que eu aceitaria ser vice. Erraram de novo! E mais, achavam que o atual prefeito estava morto. Para completar a história, o candidato dos pardais deveria polarizar comigo. A mim interessava o debate. Eu me fortaleceria. Poderia até perder a eleição, mas me consolidava como uma liderança política. Preferiu mirar em Zé do Sertão, dizer um bobo “já ganhei” e eu fiquei isolado. O pior de todos os erros ficou para o fim: não pagaram aos funcionários há exatos 3 dias antes da eleição. Resumindo, Eu não existi, Gama foi sem nunca ter sido e Zé do Sertão virou o herói pícaro.

2) O Senhor já trabalhou com o atual prefeito Zé do Sertão. Como o Sr. traduz esse período?

Prof. Landisvalth – Isso foi no início de Heliópolis, quando ele fazia parte da esquerda, do velho PMDB de Ulisses Guimarães. Era eu, ele, Gama, Valadares. Todos foram para ACM. Só eu fiquei. Ele foi o primeiro prefeito de Heliópolis e aquela administração tinha pontos interessantes: investimento em cultura, saúde, educação.... O Waldir Pires era, seguramente, um dos melhores colégios da região. Na área de saúde, ninguém procurava saber em quem se votou para ser socorrido. O lado ruim é que os salários eram baixíssimos. Somando tudo, acho que foi o melhor de todos os governos que tivemos, mesmo estando longe de ser o ideal.

3) Na sua visão, qual seria o histórico administrativo de Heliópolis?

Prof. Landisvalth – Para não ser injusto, vou falar de predominância. A história administrativa de Heliópolis se resume em aguardar as verbas que entram dias 10, 20, 25 e 30 de cada mês e depois ver a quem pagar ou em que gastar. Não há e nunca houve um planejamento administrativo para o município. Aqui não se vota naquele que tem competência, mas contra aquele que se odeia. Ouvi um certo professor dizer, veja bem – professor - , que votaria em “qualquer um” para derrubar o adversário. Isso dificulta a vida do município. Essa briga de passarinhos acaba influenciando na administração. Não há propostas, não há compromissos, não há planejamento. O importante é derrotar o inimigo!
4) O Sr. apoiou a sua esposa Ana Dalva em 2004. Ela foi candidata a vereadora e não foi eleita. Em que ponto vocês erraram, se que houve erro?

Prof. Landisvalth – O final da pergunta é inteligente! É isso! Não há erros. Por quê? Porque o projeto político ainda não acabou. Só poderemos fazer um levantamento após assumirmos a Prefeitura Municipal de Heliópolis ou voltarmos para casa. A diferença está em estabelecermos metas que encurtem este caminho. Veja bem, pode fazer qualquer pesquisa hoje. Ana Dalva é disparado o melhor nome para a Câmara Municipal. Continuamos trabalhando, o projeto continua. Se for preciso que ela saia candidata a prefeita sozinha, contra tudo e contra todos, sairá. Ela é um nome do grupo para qualquer eventualidade.

5) Aparentemente todos os grupos de oposição têm demonstrado grande embaraço na definição de seus candidatos a prefeito em 2008, como o Sr. vê isso?

Prof. Landisvalth – O problema é que, na definição dos nomes, o que menos importa é Heliópolis. Querem o poder pelo poder. Eu faço um desafio: convoquem a oposição para elaborar um plano estratégico de governo e discutir os problemas de Heliópolis. Sei que não faltarão cadeiras. O problema é que a política foi transformada em campo de resolução de problemas de grupos econômicos ou familiares. Política precisa ser o campo de resolução de problemas do povo, da comunidade. Tenho certeza de que se pensarem um pouquinho em Heliópolis as dificuldades serão poucas.

6) O seu partido já tem pré-candidato definido? Qual o nome?

Prof. Landisvalth – No PT há 4 candidaturas postas: a minha, ligada à Democracia Socialista, a de Zé Guerra, apoiada por Fátima Nunes, a da vereadora Zélia Maranduba e a do comerciante Valdir do Bujão. Se não sair um nome único, teremos as prévias do partido para definir.

7) Por que o Sr. pretende concorrer às eleições 2008?

Prof. Landisvalth – Porque acredito na transformação das coisas. Eu tenho um projeto para Heliópolis e quero aproveitar minha saúde para colocá-lo em prática. Quero provar que é possível administrar bem, sem roubar e sem deixar roubar. A meta tem que ser o povo sofrido. Eu gosto dos que tem fome, dos que morrem com vontade, dos secam de desejos, dos que ardem, como canta Adriana Calcanhoto.

8) Como o Sr. analisa a atual administração do município?

Prof. Landisvalth – Muito ruim, personalista, centralizadora. O prefeito sempre foi assim e não mudará fácil. Mas devo reconhecer que houve uma tomada de consciência nos últimos meses. O investimento em cultura parece que vai voltar, com uma ajuda do governo Wagner, claro. As ruas estão bem melhores. Mas duas coisas temos que destacar: o Plano de Carreira e a nomeação do professor Quelton para Secretário de Educação. É pena que foi um pouco tarde, mas acho que ainda dá para fazer alguma coisa. Sou sempre otimista porque quero o melhor para o município.

9) O Senhor,que é um renomado educador, qual nota daria à educação do município? Por quê?

Prof. Landisvalth – Já disse que sou otimista e vou dar 5. Razões: acredito em professores como Meire, Marizan, Josenaide, Gilvan, Zé Milton, Jairo, Bernadete, Chinho.... e tantos outros. A lista é enorme! Aqui há profissionais tão bons quanto Aracaju, feira de Santana ou Salvador. Acredito no trabalho do prof. Quelton, como acreditei nos outros que falharam. A diferença é que Quelton é humilde e parece que o prefeito está lhe dando certa autonomia. Isso é bom. Acredito no Plano de Carreira. Os efeitos virão em breve. Sei que o salário ainda é ruim, mas toda transformação é lenta, principalmente num meio político conservador como o nosso. Por fim, acredito que o estudante está ficando mais exigente. Professor que não ensina e dá nota graciosa caiu de moda. Se o alunado apertar, o trabalho dos bons professores vai aparecer. É hora de acordar! Estamos no fundo do poço!

10) De todos os pré-candidatos, poderia citar os três mais bem preparados para solucionar os problemas administrativos do município, uma vez eleito?

Prof. Landisvalth – O único dos pré-candidatos que tem uma proposta concreta para o município de Heliópolis sou eu! Ela foi apresentada numa reunião do Partido dos Trabalhadores na Casa Paroquial o ano passado. O então presidente do partido ficou zangado. O projeto era para ser debatido. Foi combatido. O presidente do meu partido e vários outros políticos passaram a bater forte contra mim. Virei ameaça para a oposição. Portanto, só posso analisar propostas concretas. Sei que ninguém governará bem sozinho. Ou forma uma equipe séria e eficiente ou vai cair nos erros de todos os anteriores, e quem perderá, mais uma vez, será o povo.

11) Para finalizar, o que Heliópolis representa para o senhor?

Prof. Landisvalth – Heliópolis representa uma moça de 23 anos que está sendo amada por alguém que ela ainda não percebeu. Ela ainda só vê o velho namorado carcomido pelo tempo, que a maltrata, que a despreza, que só quer tirar-lhe a beleza que tem. Eu sou esse alguém que ela um dia vai perceber. Sou apaixonado por ela porque sou Ana Dalva, minha esposa, porque sou minhas filhas e meu filho, porque sou meus alunos e alunas, porque sou meus amigos que acreditam em mim, porque sou cada doente, cada faminto, cada esperançoso, cada trabalhador, cada ente com a marca de futuro e da necessidade de transformação.